Curtas

Animage 2018

Festival acontece de 12 a 21 de outubro em diversos locais do Recife

TEXTO Samanta Lira

01 de Outubro de 2018

'A cidade dos piratas', longa de abertura do festival, une ficção e realidade para retratar vida e obra da cartunista trans Laerte Coutinho

'A cidade dos piratas', longa de abertura do festival, une ficção e realidade para retratar vida e obra da cartunista trans Laerte Coutinho

Imagem Reprodução

[conteúdo na íntegra (degustação) | ed. 214 | outubro de 2018]

A caneta esferográfica para o desenho, tinta acrílica, têmpera, aquarela e óleo para a pintura do cenário integrado por três bichos caricaturados. Dessa mistura de técnicas, nasceu a identidade visual da 9ª edição do Animage Festival Internacional de Animação de Pernambuco, assinada pelo artista goiano Wesley Rodrigues – que já participou anteriormente exibindo seus curtas. Neste ano, o evento acontece de 12 a 21 de outubro, consagrando-se como o festival de cinema de animação do país com maior quantidade de longas-metragens. Mais do que um indicativo de seu crescimento, é uma opção por valorizar obras amadurecidas, produzidas ao longo de muitos anos por artistas que mergulharam num profundo processo de criação.

Seguindo o formato das edições anteriores, o Animage oferecerá a tradicional mostra competitiva, composta por 92 curtas de 32 países, com duração máxima de 30 minutos – muitos dos quais misturam a animação com o cinema documental –, selecionados nas categorias de melhor curta-metragem, melhor curta infantil, melhor curta brasileiro, prêmio do público, além de melhor direção, roteiro, direção de arte, técnica e som. Também fazem parte da programação, sessões e mostras especiais, atividades que visam à formação do público num intercâmbio de conhecimento e experiência, como palestras, debates, oficinas, masterclasses, e iniciativas sociais e ambientais, também refletidas na própria curadoria dos filmes.

Entre as atrações internacionais estão Edith Piaf (Said it better than me), de Joseph Wallace, e Elektrika Diena, de Vladimir Leschiov. Imagens: Reprodução

“A proposta é cada vez mais expandir e descentralizar o festival, que conta também com exibições em bairros de periferias e cidades do interior, antes, durante e depois de sua realização”, explica o curador do festival, Júlio Cavani, em entrevista à Continente. Esse tipo de linguagem cinematográfica, principalmente voltada para adultos, enfrenta muitas dificuldades de distribuição. É raro até mesmo as obras infantis entrarem em cartaz no circuito comercial, quando não são produções americanas. “O Animage tem um papel muito importante de preencher essa lacuna, de mostrar ao público o que há de novo no cinema de animação nacional e mundial, para todas as faixas etárias”, ressalta Júlio.

A abertura da programação de longas, no Cinema São Luiz, será com A cidade dos piratas, dirigido por Otto Guerra, no qual ficção e realidade se mesclam para retratar a vida e a obra da cartunista trans Laerte Coutinho, a partir da recriação de Piratas do Tietê, sua clássica série de quadrinhos. Uma produção lapidada ao longo de 20 anos como essa sincroniza-se ao espírito do Animage, de busca por um tipo de cinema de entrega, autoral e compromissado com a arte da animação.

A escolha por abrir as exibições de longas com um filme que contempla Laerte simboliza ainda uma preocupação em dar visibilidade à questão da transexualidade. Esse olhar cuidadoso se repete em outros pontos do festival, como na realização de sessões com audiodescrição para cegos, incluindo catálogo em braille, sessões ao ar livre em comunidades e hospitais públicos, além da distribuição de sementes de árvores da Mata Atlântica, ação que cativa os frequentadores do evento desde os anos anteriores. O Animage acontecerá na Caixa Cultural Recife, no Cinema São Luiz, no Cinema da Fundação (Derby e Museu), na Praça da Várzea (Pinto Dâmaso), no Parque Santos Dumont e no Parque da Macaxeira. Confira a programação completa aqui.

SAMANTA LIRA é estudante de jornalismo da Unicap e estagiária da Continente

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