Curtas

24º Janeiro de Grandes Espetáculos

Festival oferece 18 dias para viver as artes cênicas no Recife entre os dias 10 e 28 de janeiro

TEXTO Erika Muniz

03 de Janeiro de 2018

'Espera o outono, Alice', do Amaré Grupo de Teatro, é uma das produções pernambucanas na programação

'Espera o outono, Alice', do Amaré Grupo de Teatro, é uma das produções pernambucanas na programação

FOTO Nataly Barreto

[conteúdo na íntegra (degustação) | ed. 205 | janeiro 2018] 

“O Janeiro de Grandes Espetáculos surgiu no momento oportuno, pois havia no ar o desejo coletivo dos artistas cênicos de reunir, em um mesmo espaço, as criações artísticas e, assim, superar a contramão em que se encontravam os espetáculos que até então não atraíam multidões”, explica o ator e diretor teatral Romildo Moreira, no livro Janeiro de Grandes Espetáculos – Origens e perspectivas. Na publicação, é apresentado um panorama das mudanças, ao longo dos mais de 20 anos deste festival, que é um dos responsáveis pela formação do público pernambucano, além de comentários sobre produções de teatro, dança e música que fizeram parte da programação ao longo dos anos. Em 2018, o evento chega à 24ª edição, entre os dias 10 e 28 de janeiro, e mais algumas modificações são incorporadas à história do JGE.

Uma delas é a saída das produtoras Carla Valença – responsável pela produção do Baile do Menino Deus – e Paula de Renor; assim, a organização fica a cargo somente de Paulo de Castro, presidente da Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe). “Elas são maravilhosas, continuamos todos amigos. Mas era o momento de cada um seguir seu caminho. Até porque o Janeiro é uma associação, está tudo em casa”, afirma o produtor, em entrevista à Continente.

Outro ponto é a música, que ganha mais espaço no evento. Por conta dessa alteração, passa a ser chamado Festival Internacional de Artes Cênicas e Música de Pernambuco. Serão 19 espetáculos musicais, alguns com estreia nacional nos palcos do JGE. Como destaques, Egberto Gismonti e João do Pife, com participação da Banda de Pífano Dois Irmãos, no Teatro de Santa Isabel, dia 27 de janeiro, às 20h.

A abertura também acontece no Teatro de Santa Isabel, com o espetáculo Dorinha, meu amor, com roteiro e direção de João Falcão e interpretação da atriz e cantora pernambucana Isadora Melo. A programação divide-se entre espaços cênicos no Recife, mas também traz apresentações em Paulista e Caruaru. Entre as estreias estão Pro(fé)ta (Coletivo Grão Comum/Gota Serena), Espera o outono, Alice (Amaré Grupo de Teatro) e O diário das frutas – este marca a estreia da Cais Cia. de Dança, dirigida pelo bailarino pernambucano Dielson Pessoa.

Todos os anos a curadoria reverencia alguma figura ligada às artes cênicas do estado – a exemplo de 2017, em que o artista radicado em Caruaru Sebá Alves foi escolhido, e participou da programação encenando o espetáculo Olha pro céu meu amor, escrito por Vital Santos. Desta vez, é o casal Vanda e Renato Phaelante, com mais de 40 anos de trajetória e pesquisa no teatro, que recebe as homenagens.

“O desafio é sempre conseguir arrecadar dinheiro, todo ano é como se fosse o primeiro. Esse projeto é calculado a mais de um milhão e meio, mas, este ano, a gente vai fazer com 600 mil reais”, afirma Castro. O evento tem incentivo do Funcultura e patrocínios da Prefeitura do Recife e Fundação Joaquim Nabuco. Apesar das dificuldades no orçamento, o produtor faz questão de pontuar o quanto é importante promover o acesso do público às produções culturais para os que fazem o festival: “Subir no palco, produzir algo, ver alguém emocionado ou alguém rir durante o Janeiro é, sem dúvida, absolutamente fantástico”. 

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