A solidão é o motor para a criação e também contexto para várias narrativas (O grande Gatsby, O apanhador no campo de centeio, Dom Casmurro…), músicas (Dança da solidão, Paulinho da Viola; Solidão, Alceu Valença…), filmes (Cidadão Kane, Táxi driver, A liberdade é azul…).
Mas ela vem sendo apontada como o mal deste século, tão prejudicial à saúde quanto a obesidade. Vários estudos indicam que mais de uma em cada três pessoas sente-se frequentemente sozinha. Isso apenas nos países ocidentais.
Além de algo intrínseco ao ser humano, essa espécie de epidemia tem tudo a ver com a dinâmica do mundo contemporâneo moldado pelo capitalismo: longas jornadas de trabalho, engarrafamentos, isolamento em apartamentos, ausência de áreas de convivência urbana, falta de contato frequente com familiares e amigos, uso da tecnologia como mediadora das relações sociais e incentivo ao consumismo como escapismo.
Em janeiro, o Reino Unido, considerado o país mais solitário da Europa, resolveu lidar com a solidão não como um problema de ordem pessoal, mas como questão de saúde pública. O governo instituiu o primeiro Ministério da Solidão, para realizar ações socializadoras, com o intuito de diminuir, dessa forma, os gastos para tratar os efeitos negativos da solidão: diversas doenças, a depressão e o suicídio.
Neste mês, a nossa reportagem de capa aborda o tema, ouvindo pessoas que, por motivos variados, foram acometidas pela solidão, como também, profissionais que analisam as implicações do estado/sentimento de estar só, mesmo num mundo hiperconectado. Leia