Reportagem

Os manos do interior

Formada por jovens homens, cena rap ecoa no Agreste, Sertão e Zona da Mata de Pernambuco, assumindo outras narrativas e estratégias para superar barreiras de quem vive à margem da margem

TEXTO Camila Estephania

27 de Outubro de 2017

Zord, rapper e articulador da cena de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco

Zord, rapper e articulador da cena de Arcoverde, no Sertão de Pernambuco

Foto Tailla Gandra/Divulgação

Nascido sob a proposta de resistência e contestação, como reflexo de realidades excludentes, o rap também encontra um cenário expressivo nas cidades do Agreste e Sertão de Pernambuco, chegando ainda à Zona da Mata. Cerca de 40 anos após a criação do gênero, as regiões fora do eixo Recife assistem ao fervilhamento de uma jovem cena, que surpreende pelas rimas, letras e apuração técnica, funcionando como alternativa de ocupação e criação de jovens sem acesso à vida cultural mais ativa dos grandes centros urbanos. Artistas como PRK, Luiz Lins, Jurandex, Paulista Gus e o projeto coletivo Cordel de Vagabundo assumem o sotaque, e estão dispostos a superar a sobreposição das barreiras de quem vive à margem da margem e permitir que o estilo assuma novas narrativas. Isso faz com que ocupem paisagens distintas de maneira tão legítima quanto nos subúrbios norte-americanos, onde o rap encontrou sua maior repercussão e se cristalizou.

Marcados pela desigualdade social, cultural, política e econômica em relação à capital, os municípios do interior remontam ao cenário de origem do rap na Jamaica dos anos 1960, quando o serviço gratuito dos sound systems, que levava a música às ruas, se popularizou como o principal veículo de encontro e catarse dos segmentos mais pobres da cidade. Como anfitrião dessas festas abertas, o Toaster falava rimando em conjunto com algumas músicas sobre violência, preconceito, sexo e política, a fim de conscientizar o povo e reivindicar direitos. É com premissa semelhante que os agrestinos e sertanejos têm se reunido atualmente nas praças de suas cidades, para dar voz à realidade brasileira do ponto de vista do interior nordestino, no caso o pernambucano.

“A periferia de uma grande cidade é, basicamente, uma pequena cidade. Os problemas são basicamente os mesmos, porém, os roubos e excessos que acontecem por aqui, ninguém sabe. Os políticos daqui são mais poluídos por conta de uma cultura ao longo das gerações em que só é dar um saco de cimento para o povo que ele fica feliz. Alguém tem que representar essas pessoas”, defende o rapper Zord, de Arcoverde, que vê o rap como o melhor veículo para essa função.

Influenciado por artistas da terra, como Lira (Lirinha) e Cordel do Fogo Encantado, Zord – também à frente do Cordel de Vagabundo (veja abaixo) – sempre busca imprimir referências a Arcoverde e ao Sertão através da lírica, mas prefere deixar 7z (DJ maranhense) livre para criar as batidas como quer. “Não gosto de pedir para usar sons daqui, porque não gosto de influenciar na arte dele. Se para mim estiver bom, eu só vou lá e faço os versos. As coisas que eu gosto daqui me influenciam em ser nordestino, em ser de Arcoverde, em não esconder o sotaque nas letras. É interessante usar isso no som também, mas não me obrigo a fazer dessa forma”, explica Zord, de 19 anos.



Apesar de as letras dessa nova cena demonstrarem a preocupação de promover a diversidade da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão do estado, a base das músicas ainda é bastante inspirada nas tendências gringas. A preferência é por batidas mais agressivas, próximas do trap hop, que vêm se enraizando no Brasil, principalmente após a aderência dessa vertente mais dançante pelos Racionais MC’s, em seu disco mais recente Cores e valores (2014). Porém, os rappers do interior (todos homens, aliás) não negam o interesse em flertar com gêneros locais, por isso estão sempre atentos ao mercado de beatmakers para estabelecer encontros com batidas mais particulares, embora esta ainda seja uma dificuldade.

HISTÓRIAS, GEOGRAFIAS
O rap, como o conhecemos hoje, é o resultado do intenso movimento de imigração que levou muitos jamaicanos para as periferias dos Estados Unidos, ao fugirem da crise na ilha em busca de melhores condições de vida. Diante da exclusão não só social, mas também cultural, semelhante à da Jamaica, os Toasters passaram a adaptar o sound system em festas dentro dos seus novos lares, e assim foram recebendo referências percussivas de outros grupos negros que já viviam nessas comunidades. Logo essa nova expressão passou a ser usada também como forma de amenizar a rivalidade entre gangues, buscando reduzir a violência através das batalhas saudáveis do break. Esse modelo foi difundido e apropriado pelo mundo afora, até transformar a faceta musical do movimento hip hop no gênero mais ouvido do planeta, como reforçam os dados de redes de streaming, a exemplo do Spotify.

A globalização e a popularização da internet ajudaram a difundir o movimento, atraindo jovens de diferentes realidades geográficas. No Agreste de Pernambuco, um dos principais nomes da cena rap é PRK. Natural de Belo Jardim, ele faz parte de um grupo de artistas que vem alimentando a região com uma produção intensa, dedicada não só às músicas, mas ainda ao auxílio de outros jovens locais que começam a investir no gênero e o veem como alternativa profissional.

Com apenas 22 anos, PRK é um dos mais velhos nessa nova safra do interior e lembra das poucas opções que a região oferecia, uma década atrás, para se inserir no universo do rap. “Tinha que ir às batalhas em Caruaru para conhecer outros MCs, porque eram poucos pelo Agreste. Nessas batalhas, passei a conhecer o trabalho de outros nomes nordestinos, como RAPadura, Chave Mestra e Sem Peneira Pra Suco Sujo. Foi quando comecei a levar mais a sério, porque vi que Pernambuco tinha rap”, diz PRK, que começou a rimar despretensiosamente aos 12 anos, com intuito de competir nas batalhas de rap que aconteciam no recreio da escola. Ainda criança, identificou-se com bandas como Pavilhão 9 e Racionais MC’s, que ainda hoje transparecessem em seu estilo denunciador de fazer rap, evidente entre os mais de 30 vídeos que compõem o seu canal do YouTube.



A quantidade e a qualidade de sua produção, realizada no homestudio Naz’Intoca, revela uma extensa rede de colaborações entre rappers de cidades próximas, que se unem pelo objetivo comum de fazer o interior ter voz e ser notado dentro do segmento. Trabalhos que versam sobre desigualdade social, racismo e violência, temas que atravessam todo o Brasil, mas também sobre questões locais, como o preconceito com o “matuto” e as adversidades específicas da região.

“No começo, eu gravava no estúdio Mão Negra, em Caruaru, e ficava prestando atenção nos processos para aprender. Comecei a investir em equipamento, como microfone, computador, mesa de som. A gente viu que gravar em casa não era esse bicho de sete cabeças e foram surgindo mais rappers, de São Caetano, Surubim, Arcoverde. Aí, a galera foi se conectando através das batalhas que surgiram nessas cidades todas”, conta PRK, que além de gravar as próprias músicas e dos MCs que o procuram, costuma fazer participações em faixas e shows de amigos, assim como também conta geralmente com algum convidado nas suas apresentações.


PRK, rapper de Belo Jardim, no Agreste. Foto: Divulgação

Dentre os jovens que levaram seus materiais para gravar com PRK no Naz’Intoca, está o conterrâneo Jurandex, de 20 anos. “Aqui em Belo Jardim, temos cerca de seis grupos de rap, só que apenas três são mais ativos. Eu, por exemplo, componho e ainda vou juntar dinheiro para gravar, por isso demora mais, mas a nossa articulação é boa. Percebemos que se todo mundo se juntar, conseguimos abrir a porta, de uma vez, para que também percebam a gente”, comenta ele, mais conhecido na cidade pela fundação da Banda Contemporânea de Pífanos. Ele estreou com o rap há dois anos, na festa da Tabacaria do Mago, realizada em Belo Jardim e considerada um dos eventos fora da capital com potencial de vitrine para o rap local, ao lado dos campeonatos de skate e do Arcoffit, encontro de grafite realizado em Arcoverde.

FESTA DO INTERIOR
“O que me sustenta são os pífanos, porque o rap ainda não me dá retorno, mas é com ele que me identifico mais”, revela Jurandex, ao evidenciar um dilema artístico comum a quem busca viver do gênero no interior, onde a demanda dos produtores geralmente estão mais voltadas para as expressões regionais populares. O músico acredita que para um rapper da região passar a ser respeitado pelo público local, é preciso, paradoxalmente, que seja reconhecido primeiro na capital. O que reforça esse ponto de vista é a experiência do próprio PRK, que viu seu número de ouvintes crescer após sua participação, no ano passado, nas etapas de Belo Jardim e Recife do festival No Ar Coquetel Molotov.


Jurandex, rapper de Belo Jardim. Foto: Diego Ferreira/Divulgação

“Essas apresentações renderam bastante aqui no interior. Eu nem acreditava que poderia ser escalado pro Molotov, me inscrevi de última hora, levei até um susto quando vi que alguém levava meu trabalho a sério e isso foi bem legal. O número de shows subiu, consegui me apresentar em várias cidades do interior, isso não acontecia antes”, compara PRK, que, desde então, também vem conquistando público no Recife, onde se apresenta ocasionalmente em espaços mais alternativos, como o Arvoredo.

Desde a segunda edição da etapa de Belo Jardim, o Molotov convoca artistas do Agreste para se inscrever na seletiva de onde origina grande parte da programação, que, até agora, sempre tem contado com representantes do rap. Neste ano, a iniciativa ainda se estendeu para Zona da Mata e Sertão. “É uma realidade diferente, mas bem frutífera. Já faz um tempo que estamos de olho em artistas de outros lugares e é meio que uma tendência de festivais e eventos de música no Brasil olhar também para as cidades do interior e outras regiões. É uma forma de estimular o público a ir atrás desses novos nomes que, apesar de morarem longe das capitais, também vivenciam e são influenciados por ritmos urbanos ousados e contemporâneos”, avalia Jarmeson Lima, um dos produtores do festival. E complementa: “É interessante notar como o hip hop se desenvolve e se apropria dos costumes e da identidade cultural de cada lugar. Falta agora os ciclos festivos do Estado e os gestores entenderem que o rap também é parte desta cultura nordestina e que ele mesmo ajuda a preservar e difundir a nossa variedade de ritmos”.



Como exemplo das particularidades do rap produzido no interior, o produtor cita o nome de Luiz Lins, de Nazaré da Mata, que está entre os selecionados desta edição 2017 [veja programação do Molotov em Belo Jardim]. Com mais de seis milhões de visualizações no vídeo de A música mais triste do ano (veja abaixo), Luiz Lins chama a atenção para uma vertente mais romântica e melodiosa do rap, que também vem sendo produzida nas pequenas cidades. A narrativa mais próxima do brega recifense não esconde o interesse do artista em trabalhar com outros gêneros. “Aprendi a tocar violão vendo meu avô tocar Nelson Gonçalves que, até hoje, é uma das minhas maiores influências. Em termos de sonoridades, bebo muito mais em fontes de fora do rap do que de dentro dele. A cantora Maysa, por exemplo, é uma grande inspiração para mim. Eu tento colocar isso no meu som e aliar com a letra que converse com a minha realidade”, explica o jovem de 22 anos, que trabalha com o estilo há cerca de um ano, embora prefira não se definir como rapper.

Luiz Lins
Luiz Lins, de Nazaré da Mata. Foto: Rostand Costa/Divulgação

“Independente da linguagem, a mensagem passada pelo brega e pelo funk são de ações reais, não tem como ser mais verdadeiro do que isso. É uma galera que vem da rua falando pra ela mesma, é a sua expressão original, não tem como não respeitar”, defende Luiz. Embora faça parte dos seus planos futuros investir mais profundamente nos demais estilos musicais que aprecia, as múltiplas referências já fazem parte do que apresenta hoje e talvez seja este um dos elementos que contribuam para o sucesso que o músico tem alcançado no estado e fora dele.

Apesar de não ser expert na função, Luiz gosta de esboçar os próprios beats em casa primeiro e enviar para o produtor Mazili, de Olinda, que finaliza a base. “Por isso, fico tão grato com a repercussão, porque acho que faço um trabalho simples”, diz ele, cujas bases já exploraram até o jazz. “Essas expressões das periferias são todas muito permeadas por outros ritmos. O rap pode fazer, inclusive, o mesmo movimento do brega com o funk, que é se aproximar das expressões mais hegemônicas para ter a chave de entrar em certos circuitos que consomem mais outros estilos”, sugere o jornalista e pesquisador em cultura pop Thiago Soares, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE.



IDENTIDADES E DISPUTAS
O pesquisador de música Jeder Janotti avalia que o brega já pode ocupar um espaço almejado pelo rap. “O reconhecimento e algum tipo de autonomia de um gênero depende da existência de um mercado que dê sustentação a essa produção. Então, a cena pode sofrer com problemas não só de afirmação ou falta de reconhecimento, mas também por ter dificuldade de ser assimilada pelo público pernambucano, muito porque localmente já existem gêneros que provocam essa identificação com a periferia, como o brega recifense”, pondera ele, também professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPE. Porém, Jeder leva ainda em consideração o conservadorismo das políticas públicas ao avaliar determinados estilos como uma expressão local: “Os gêneros com matriz globalizada sofrem preconceito, mas a música feita por quem vive nas fronteiras de Pernambuco também é música pernambucana. É preciso buscar abertura nos sistemas de curadoria locais para haver esse tipo de reconhecimento”.

Apesar de existirem no Recife circuitos e espaços específicos de difusão do rap da capital, incluindo eventos organizados pelo poder público, como o Carnaval e o São João, a reflexão de Jeder refere-se à ausência dos rappers do interior nessas programações e na maior parte dos festivais realizados em suas cidades natais e proximidades. Expressões da cultura popular, como coco, maracatu e banda de pífano, como ficou claro na fala de Jurandex, costumam ser usadas como a única representação artística de comunidades e cidades menores, negligenciando-se, muitas vezes, a construção de uma identidade contemporânea nessas regiões. “Arte é influência, a gente tem que beber de fontes. A black music pode não ser algo nato daqui, mas se eu estou fazendo, necessariamente também representa o meu povo. O veículo não precisa ser original, basta que o artista seja original”, defende Luiz Lins.

“Para não dizer que a prefeitura daqui nunca chamou para nenhum dos eventos da cidade, já tocamos uma vez no Festival de Jazz e duas no Festival de Inverno, mas a gente sempre está inscrevendo projeto e sendo recusado. Querendo ou não, rola preconceito com o rap do interior e você percebe quando é tratado diferente já na passagem de som, no camarim. Até água já recusaram quando a gente pediu”, relembra Paulista Gus, 22 anos, que, ao lado de outros rappers como Tripa e MC Lilás, afirma seu pioneirismo do gênero em Garanhuns. Ao iniciar sua carreira aos 12 anos no grupo de break Street Boys e assumir o microfone mais tarde como integrante do grupo Loucos Nordestinos, chegando à sua atual carreira solo, o artista pôde constatar boas e más experiências através da trajetória diversificada.


Paulista Gus, rapper de Garanhuns. Foto: /Divulgação

“Há vários manos da capital que fecham com a gente e há também outros que diminuem o nosso trabalho, mas acho que eles perceberam que a gente não se importa com a aprovação deles, estamos correndo atrás para fazer o nosso. Se fala muito que o pessoal de São Paulo não reconhece o rap do Nordeste, mas quem está nas capitais também não reconhece o que vem do interior. Ainda assim, acredito ser possível virar o jogo sem sair daqui. Os MCs do interior têm muito potencial, pois quanto mais a galera esnoba, mais a gente trabalha”, insiste Paulista Gus.

Para Thiago Soares, o fato de o rap tradicionalmente acionar questões políticas contribui para que haja uma noção maior de subalternidade entre os sujeitos que trabalham com o gênero: “O rap do interior está dentro de duas margens, a da metrópole e a daquele próprio local geográfico, o que o coloca em um sistema poético mais complexo. O Estado de Pernambuco define o que é popular através de gestores ligados a movimentos culturais como o Armorial e o Manguebeat, que têm a ver com a nossa tradição colonial de resistir em relação ao que vem de fora. O Estado chancela essa resistência às coisas globais, porém anula, muitas vezes, outras noções de cultura popular. Eu entendo que não é fácil você incluir todas essas expressões dentro do orçamento de um evento, e até acho que o rap é mais facilmente reconhecido pelas curadorias, por conta do seu discurso político, do que os periféricos midiáticos, como o brega, o funk e o kuduro. Mas, no caso do rap do interior, há um paradoxo proporcionado por uma dupla disputa: a de reconhecimento dos curadores como uma expressão do interior e a do [reconhecimento do] público”.

CONQUISTAS
Experiências de artistas como a do rapper Zord, de Arcoverde, demonstra que esse quadro pode estar mudando. O jovem tem movimentado a cidade com eventos independentes, como a Batalha dos Bruxos, e vem chamando a atenção dos gestores. “Eu vinha trocando ideias com o diretor executivo de Cultura da cidade até que, quando chegou o São João, propus um espaço para o rap e ele acatou, mas disse que não podia ter mais gastos. Arrumamos o som emprestado e levamos rap, break, batalha e grafite para dentro da programação”, conta Zord, sobre a primeira edição do polo REP (Ritmo, Esperança e Poesia) na grade oficial do São João de Arcoverde deste ano, espaço que reuniu os nomes de PRK, Jurandex e Felipe Leal, por exemplo.


Batalha de rap em Arcoverde. Foto: Divulgação

De acordo com Vinícius Carvalho, o diretor executivo de Cultura de Arcoverde, os resultados positivos do polo – que chegou a contar com mais plateia do que os palcos próximos mais tradicionais – é mais uma motivação para a prefeitura ampliar sua política cultural. “O que tem que acontecer é o desenvolvimento da política, que está sendo iniciada, para investir nos processos de formação e difusão, como foi a experiência do São João, além de apoiar a produção independente através de editais e dar visibilidade ao segmento nas programações oficiais”, explica o gestor, ainda sem poder adiantar o que virá nesse sentido. Apesar de prenunciar tempos melhores, também frisa como é importante os veículos de comunicação locais abrirem espaço para o movimento, em paralelo às ações municipais.

Buscando contornar essa baixa adesão das mídias tradicionais à cena de rap do interior, os artistas, como sabemos, investem pesado na internet, alimentando seus canais em sites gratuitos, como o YouTube, não só com áudios das músicas, mas com uma rica produção de videoclipes. Embora nenhum dos rappers da região tenha qualquer formação em direção ou edição de imagens, o resultado não fica devendo e tem sido aperfeiçoado vídeo após vídeo. Dentre os que mais se destacam nessa área, está Paulista Gus, cujo canal no YouTube soma mais de 260 vídeos.



“Sou um dos criadores do selo Sem Diploma Records e, com ele, a gente faz de tudo: vídeo, disco, foto, camisa, boné. Este ano, a gente tem tido retorno até de fora do estado com esses materiais. Um dos canais mais conceituados do país, o Rap Box, tem falado comigo pra gente fechar parcerias”, adianta o artista.

O crescimento do rap no interior de Pernambuco se insere dentro de um contexto nacional de emergência das cenas periféricas que têm dado protagonismo às camadas mais excluídas do Brasil. Seu reconhecimento, portanto, se revela urgente em uma sociedade segregadora como a nossa.

CAMILA ESTEPHANIA, é natural de Serra Talhada e vive no Recife, onde escreve sobre música.

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