Só na equipe de filmagem de Te sigo, eram quatro profissionais de áreas diferentes, todos com formação em Cuba: Cecília Araújo (diretora), Adelina Pontual (continuísta), João Malaquias (diretor de fotografia) e Moab Filho (técnico de som).
Uma das precursoras desse intercâmbio é a diretora e continuísta Adelina Pontual, de 49 anos. No final de 1987, formada em Comunicação Social, tinha trabalhado no primeiro curta do cineasta Cláudio Assis, o doc-ficção Henrique.
Sem muita opção no mercado local, resolveu tentar um mestrado em um dos únicos cursos de Cinema que o Brasil oferecia na época, na Universidade de Brasília. Pediu a um amigo dessa cidade para ver se tinham aberto o processo de seleção, mas a notícia que ele lhe deu foi surpreendente – a Escola Internacional de Cinema e TV de Cuba estava oferecendo sua segunda turma, e as inscrições estavam abertas no Brasil. O amigo a inscreveu.
Adelina conta que foi com a cara e a coragem. Provas de conhecimentos gerais, sobre cinema e, se passasse, uma entrevista final. Foi a única pernambucana aprovada para o curso regular, que dura três anos, junto a outros dois brasileiros.
Na volta da seleção, a difícil missão de avisar ao pai, um “direita juramentado”, que iria para Cuba. “Vai para a Ilha de Fidel? Cuidado”, foi a resposta dele.
Em janeiro de 1988, ela chegou à instituição, em San Antonio de Los Banõs, onde passaria seis meses de experiência, “para ver se dava para a coisa”. Logo descobriu sua ignorância sobre a América Latina, sua cultura, literatura. Mas deu sorte. Na formação, fez um seminário com toda a obra do diretor Tomás Gutiérrez Aléa – com ele presente.
Ficou três anos e meio, voltando ao Brasil uma vez por ano, para as férias. Especializou-se em montagem, mas sempre teve fascínio pelo trabalho de continuísta. “Isso foi graças à Escola”, diz, fazendo referência à professora da cátedra de Edição, uma francesa, que tinha uma máxima – “quem vai montar tem que ir para o set, fazer continuidade, para aprender o que deve e não deve ser feito”.
Desde que voltou ao Brasil, trabalhou em 25 filmes como continuísta, dirigiu outros 12 e fez sete séries para TV. Em 2005 e 2006 voltou à instituição cubana, então como professora das disciplinas Assistente de Direção e Continuidade e Assessoria de Exercícios Práticos.
Vários outros profissionais seguiram para estudos na Escola Internacional de Cinema e TV, já se constituindo aí uma “escola cubana” de Pernambuco. Entre os diretores, Andréa Ferraz, Tuca Siqueira, Camilo Cavalcante, além de diretores de fotografia, como Jane Malaquias e profissionais de várias áreas do cinema, como Moabe Filho, Catarina Apolônio e Rafa Travassos (som).
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