Um olhar científico sobre Mozart
Em 'Relato sobre um extraordinário jovem músico' (1769), o filósofo Daines Barrington aponta as evidências que comprovam a genialidade do pequeno Wolfgang
TEXTO Lucas Colombo
05 de Outubro de 2022
Mozart (1756-1791) aos seis anos. Pintura de autor desconhecido
Imagem Reprodução
[conteúdo na íntegra | ed. 262 | outubro de 2022]
Ele ainda não havia criado a Pequena serenata noturna, nem a ária A Rainha da noite da ópera A flauta mágica, duas composições que, no século XX, se tornariam as mais famosas da música de concerto, ao serem utilizadas até em comerciais de TV. Nem Don Giovanni, nem a Lacrimosa, tampouco o arrebatador Concerto para clarinete em lá maior e a não menos mesmerizante suíte Gran partita, cujo adágio embevece e desespera Salieri numa cena conhecida do filme Amadeus (1985). No entanto, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), um dos raros artistas para os quais realmente cabe empregar o surrado adjetivo “genial”, ainda criança já demonstrava, como se sabe, um talento e uma habilidade incomuns para a música. Tão incomuns, que chegaram, naquele século XVIII, a levantar suspeitas em parte do público, dissolvidas por um cientista que não conseguiu se manter “frio” diante da música do garoto. Vamos à história.
Aos seis anos de idade, o pequeno Wolfgang, ao lado da irmã mais velha e do pai, também músicos, partiu da sua Salzburgo (distante cerca de 300 quilômetros de Viena) para uma “turnê” de três anos pela Europa, durante a qual se apresentou para cortes imperiais como as de Praga, Munique, Paris, Londres e a de Viena, seu país natal. Dessas plateias, a que se mostrou mais impressionada foi a londrina, e não sem razão: numa das apresentações daquele ano de 1764, desafiado pelo rei George III (1738-1820) a tocar de primeira várias partituras, o menino, então com oito anos de idade, não só cumpriu a tarefa como também acompanhou, ao cravo, a rainha, em uma ária de ópera igualmente executada à primeira vista.
O público, é claro, retribuiu com uma mistura de admiração e dúvidas: na cidade, pelas semanas e meses seguintes, surgiram boatos de que Mozart não tinha tão poucos anos de vida e não era tão competente como aparentava. Por causa disso, o mesmo rei George convocou um naturalista e filósofo Daines Barrington (1727-1780) para “estudá-lo” durante a estadia dele em Londres e, assim, elucidar de vez as dúvidas a respeito. Bem no espírito do Iluminismo daquele tempo, Barrington viu no caso uma oportunidade de fazer uma investigação científica sobre o talento do garoto, em relação ao qual, aliás, ele também se dizia cético. Programou então uma série de visitas à casa onde estava a família Mozart em Londres, a fim de poder observar e “testar” o pequeno – e, para todos os efeitos, ainda “suposto” – prodígio.
Ele ficou tão fascinado, e enfim convencido, com a habilidade musical de Mozart, que, anos depois, ao entrar para a prestigiada instituição científica Royal Society, redigiu um artigo entusiasmado (até o ponto em que um inglês pode sê-lo...) para contar a experiência. Em Account of a very remarkable young musician (1769), descreve os testes a que submeteu o menino (tocar de primeira uma partitura desconhecida, improvisar um tema de amor e um de “raiva”, completar lições de piano), com palavras e analogias simples para que os leitores “leigos” pudessem entender, e afirma que, deveras, o dom musical que presenciou era tão “deslumbrante e incrível quanto parece”. No texto, Barrington também lembra episódios graciosos, como o de Mozart só deixando o cravo de lado por um tempo para brincar com o gato de estimação.
Barrington cumpriu o que se espera(va) de um cientista: movimentou-se a partir de uma dúvida, não de uma certeza ou crença, e soube reconhecer evidências que se apresentaram diante dele. Lido neste 2022, tempo de valorização do papel da ciência, o relato reforça a noção de que as ferramentas que ela oferece podem nos ajudar, inclusive, a apreciar a beleza e a arte. A seguir, a íntegra do artigo.
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Relato sobre um extraordinário jovem músico
Recebido em Novembro de 1769
Em carta do Ilmo. Sr. Daines Barrington, para Matthew Maty, M.D., Secretário da Royal Society
Lido em Fevereiro de 1770 e publicado na revista Philosofical Transactions em 1771
Prezados Senhores,
Se eu vos enviasse um relato bem fundamentado sobre um menino que media dois metros de altura quando não tinha mais de oito anos de idade, o texto talvez fosse considerado indigno da atenção da Royal Society.
O caso que agora trago à apreciação deste ilustre comitê, de um emprego tão precoce dos talentos musicais mais extraordinários, talvez pareça igualmente implorar por vosso interesse.
Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart nasceu em Salzburgo, na Bavária, no dia 17 de janeiro de 1756. Fui informado, por um músico e compositor de maior experiência, que ele o via amiúde na cidade de Viena, quando este contava pouco mais de quatro anos. Já naquele período, ele não só era capaz de executar lições ao seu instrumento preferido, o cravo, como também compunha algumas, sob estilo acessível e sofisticado, as quais foram bastante admiradas.
Retrato de Mozart e Thomas Linley (violino) com família Gavard des Pivets, em Florença. Autor desconhecido. Imagem: Reprodução
Esse talento musical extraordinário logo chegou ao conhecimento da atual imperatriz viúva, que costumava acomodar o menino sobre os seus joelhos enquanto ele tocava o cravo.
Tal notícia a respeito dele, vinda de personagem tão insigne, ao lado de um reconhecimento crescente de suas habilidades singulares, encorajou sobremaneira o pequeno músico. Indo, por consequência disso, no ano seguinte, a uma das cortes germânicas, ocasião na qual o príncipe o incentivou, ao dizer que ele nada deveria temer da sua augusta presença, o pequeno Mozart imediatamente sentou-se, com notável segurança, ao cravo, informando à Sua Alteza que ele tocara antes da imperatriz.
Aos sete anos de idade, o seu pai levou-o a Paris, onde ele se distinguiu tanto por suas composições, que foi retratado em gravura.
O pai e a irmã, apresentados nesse registro em gravura, são exatamente como na imagem, assim como o pequeno Mozart, que ali recebe o epíteto “Compositor e mestre da música, na idade de sete anos”.
Após o nome do gravurista, segue-se a data, a qual é de 1764; Mozart, portanto, estava naquele tempo no oitavo ano de vida.
Ao deixar Paris, veio à Inglaterra, onde permaneceu por mais de um ano. Por ter, durante esse período, podido testemunhar as suas mais incomuns habilidades como musicista, tanto em concertos públicos quanto em ocasiões em que pude estar sozinho com ele, na casa do pai, por tempo considerável, envio a vocês o relato a seguir, tão deslumbrante e incrível quanto parece.
Levei-lhe a partitura de um dueto, composta por um cavalheiro inglês para a Ópera de Demofoonte, de Metastasio. A solfa continha cinco partes, a saber: acompanhamentos para primeiro e segundo violinos, as duas partes vocais e a parte do baixo.
Devo aqui igualmente mencionar que as partes para a primeira e a segunda voz foram escritas no que os italianos chamam de Clave de Contralto; o motivo de se tomar nota deste particular aparecerá logo adiante.
Minha intenção, ao levar comigo tal partitura, foi obter uma comprovação irrefutável da competência do pequeno, ali no ato, sob o pressuposto de que era absolutamente impossível ele ter tido conhecimento anterior dessa composição.
Mal a partitura foi colocada na sua estante, ele começou a executar a introdução do modo mais magistral que se pode conceber, bem como no tempo e no estilo fielmente correspondentes à intenção do compositor.
Faço questão de mencionar tal circunstância, pois mesmo os maiores mestres frequentemente falham nessas particularidades, à primeira tentativa.
Encerrada a introdução, ele então se apoderou da voz mais aguda do dueto, deixando a grave para o pai.
O seu timbre era frágil, como convém a uma criança, mas nada que sobrepujasse o majestoso modo com que ele cantava.
Seu pai, que se responsabilizara pela voz grave do dueto, desafinou uma ou duas vezes, embora as passagens não fossem mais difíceis do que as da voz aguda; nessas ocasiões, o filho olhou para o pai com certa irritação, apontando-lhe com o dedo os deslizes e corrigindo-o.
Ele, porém, não somente fez completa justiça ao dueto, ao cantar a parte que lhe coube com verdadeira galhardia e absoluta precisão: também se lançou aos acompanhamentos, com dois violinos, sempre que esses se faziam mais necessários, e alcançou com isso os melhores efeitos.
É sobejamente sabido que ninguém, a não ser um músico elevado, é capaz de executar um acompanhamento num estilo superior como ele o fez.
Já que muitos dos que estarão presentes no momento em que esta carta receber a honra de ser lida perante a sociedade podem não estar familiarizados com a dificuldade representada pela execução de uma partitura musical nessas condições, esforçar-me-ei para explicá-la por meio da comparação mais pertinente que eu puder conceber.
Devo, ao mesmo tempo, presumir que a ilustração falhará em um particular, pois o intérprete que lê a solfa não consegue apreender mais do que o conteúdo de uma única linha. Preciso considerar, todavia, que o olho desse que lê, por hábito e rapidez, pode assimilar as outras linhas, embora a voz não possa articulá-las, como o músico que acompanha a letra de uma ária com seu o cravo.
Imagine-se, portanto, que uma criança de oito anos fosse orientada a ler cinco linhas de uma só vez, em quatro das quais as letras do alfabeto deveriam ter atribuições diferentes.
Por exemplo, na primeira linha A, ter suas atribuições comuns. Na segunda, a de B. Na terceira, de C. Na quarta, de D.
Que se imagine também que as linhas assim compostas de caracteres com diferentes atribuições não sejam ordenadas de modo a serem lidas sempre uma exatamente sob a outra, mas muitas vezes de maneira desconexa.
Imagine-se ainda um texto primoroso de Shakespeare nunca antes visto; nesse caso, lido por uma criança de oito anos com um vigor comovente digno de um David Garrick.
Imagine-se igualmente que a mesma criança está lendo, de relance, três comentários explicativos diferentes sobre tal texto; e um comentário está escrito em grego, o segundo em hebraico e o terceiro em caracteres etruscos.
Suponha-se também que, por diferentes sinais, ele pudesse indicar qual comentário é mais relevante para cada palavra, e por vezes talvez os três fossem assim, por vezes apenas dois.
Quando tudo isso for imaginado, poder-se-á ter ideia do que esse menino foi capaz: cantar tal dueto de forma magistral à primeira vista da partitura, lançando-se ao mesmo tempo a executar todos os devidos acompanhamentos.
No momento em que ele terminou o dueto, demonstrou satisfação ao irromper em júbilo e perguntar-me com avidez se eu lhe trouxera outra música nos mesmos moldes.
Tendo, contudo, sido informado de que ele era muitas vezes visitado por ideias musicais a que, mesmo em plena madrugada, dava vida em seu cravo, eu disse ao pai que me aprazaria poder ouvir alguns dos improvisos do menino.
O pai, então, balançou a cabeça, salientando que isso dependeria de quão musicalmente inspirada sentia-se a criança, mas que eu poderia perguntar-lhe se estava no espírito adequado a esse tipo de criação.
Sabendo que o pequeno Mozart fora objeto de muitos comentários de Manzoli, o famoso cantor que veio à Inglaterra em 1764, observei-lhe que ficaria grato se ouvisse um Tema de Amor improvisado, do tipo que o seu amigo Manzoli poderia escolher para uma ópera.
Nisso, o menino (que permanecia sentado ao cravo) lançou-nos um olhar travesso e prontamente começou cinco ou seis frases em forma de recitativo apropriadas à introdução de um tema de amor.
Ele, em seguida, deu-se a tocar um prelúdio que deveria aliar-se a uma melodia composta a partir da palavra Afeto.
Essa continha uma primeira e uma segunda partes, as quais, unidas às introduções, desenvolveram-se na duração em que árias de ópera geralmente se desenvolvem; se tal composição improvisada não se mostrou de incontestável qualidade maiúscula, ainda assim manteve-se, deveras, acima de um patamar de mediocridade, e revelou uma presteza de criação realmente extraordinária.
Ao perceber eu que ele estava disposto e inspirado, solicitei que compusesse um tema de Fúria de modo que pudesse ser incluído em qualquer grande ópera.
A criança, uma vez mais, lançou-nos um olhar traquinas e começou cinco ou seis frases em recitativo apropriadas para anteceder um tema de Fúria.
Esse igualmente apresentou-se com duração aproximada à do Tema de Amor, e o pequeno, na metade da execução, empolgou-se de tal modo que batia nas teclas do cravo feito um possuído, por vezes até levantando-se da cadeira.
A palavra que ele escolheu como mote para o segundo improviso foi Pérfido.
Depois desse, ele executou uma difícil composição a qual finalizara dois ou três dias antes: a execução foi deslumbrante, considerando-se que os seus dedinhos mal conseguiam abranger cinco teclas.
Sua impressionante presteza, entretanto, não advinha unicamente de uma prática intensa; ele tinha conhecimento aprofundado dos princípios fundamentais da composição musical – por exemplo, ao criar uma melodia para soprano ele imediatamente compôs também uma linha de baixo para essa melodia, a qual, quando executada, provocou ótimo efeito.
Ele ainda demonstrou dominar o recurso da modulação, dado que as transições que fazia de um tom a outro foram extremamente naturais e sagazes; o menino cumpriu exercícios de mudança de tonalidade, durante tempo significativo, com um lenço sobre as teclas do cravo.
Fui testemunha ocular dos fatos que estou a mencionar aqui; a esses eu devo acrescentar, conforme me foi informado por dois ou três músicos competentes, que quando (John Christian) Bach, o renomado compositor, começara a escrever uma fuga e abruptamente a abandonou, o pequeno Mozart de pronto a assumiu e a concluiu da maneira mais brilhante possível.
Testemunha que fui de grande parte desses fatos incríveis, devo reconhecer que não pude deixar de suspeitar que o pai tivesse disfarçado a verdadeira idade do filho, embora o menino apresentasse não somente o perfeito aspecto de uma criança como também o comportamento de quem está em tal fase da vida.
Por exemplo, num determinado momento em que ele estava tocando para mim, entrou no recinto um gato que vem a ser o seu favorito, diante do que o infante prontamente desocupou-se do cravo, e nada do que nós, por tempo significativo, tentamos fazer para que ele voltasse obteve êxito.
Ele também, de quando em quando, corria pelo salão com um sarrafo entre as pernas, à guisa de cavalo.
Do mesmo modo, vim a saber que a maior parte dos músicos londrinos compartilhava a opinião no que diz respeito à idade de Mozart, não acreditando ser possível que uma criança de tão poucos anos fosse capaz de vencer a maioria das lições exigidas por essa arte.
Dediquei, portanto, tempo considerável a fazer a melhor averiguação que eu pude, em meio a músicos alemães residentes em Londres; porém em nenhum momento recebi alguma informação que não fosse apenas a de que ele nasceu perto de Salzburgo, até eu ter tido a sorte de obter um excerto dos registros daquele lugar, por meio de Sua Excelência o conde Hasling.
Entende-se desse excerto que o pai de Mozart não procurou enganar-nos quanto à idade do filho quando ele esteve na Inglaterra, pois foi em junho de 1765 que eu pude testemunhar o que relatei acima, período em que o menino contava apenas oito anos e cinco meses de idade.
Eu fiz diversas pesquisas e consultas relativas a esse mui extraordinário gênio desde que ele deixou a Inglaterra, e fui informado, no último verão, que estava ele então em Salzburgo, onde compôs várias oratórias, todas recebidas com admiração pelo público.
Fui informado, também, que o príncipe de Salzburgo, descrente de que tais composições magníficas fossem realmente da autoria de um infante, confinou-o em um quarto por uma semana, durante a qual não lhe foi permitido falar com ninguém e a única coisa de que ele dispunha eram pautas musicais em branco e as palavras de uma oratória.
Nesse breve período, o menino compôs uma oratória de alta qualidade, a qual foi calorosamente aprovada quando executada.
A partir daqui, encerrada a exposição, feita acima, das provas da genialidade de Mozart, percebida estando ele em tão pouca idade, não me parece inapropriado, talvez, compará-las com características bem atestadas vindas de outros exemplos da mesma estirpe.
Dentre esses, John Barratier foi quem se distinguiu mais singularmente, por ter, segundo relatos, aprendido latim com apenas quatro anos de idade, hebraico aos seis, e outras três línguas aos nove.
Esse mesmo prodígio de filologia ainda traduziu as narrativas de viagem do rabino Benjamin (de Tudela, viajante medieval) aos 11 anos de idade, fazendo acompanhar a sua versão de notas e textos explicativos. Pouco antes da sua morte, ocorrida aos 20 anos incompletos, Barratier impressionou a Alemanha com a dimensão assombrosa do seu conhecimento; nem se faz necessário dizer que o progresso dessa erudição, a cada ano, mostrava-se sempre formidável.
Mozart, no entanto, não possui nesta data mais do que 13 anos de idade, e por isso não preciso levar mais longe a minha comparação.
O Reverendo Senhor Manwaring, em suas “memórias” sobre Händel, dá-nos um exemplo bastante mais adequado, por originar-se também do campo musical.
Händel, esse grande músico, começou a tocar o cravo quando não tinha mais do que sete anos de idade; aos nove passou a compor música sacra e, com 14 apenas, escreveu a ópera Alméria.
O senhor Manwaring igualmente menciona que Händel, na juventude, era muitas vezes invadido por ideias musicais durante o repouso e, assim como Mozart, de imediato levantava-se da cama e ia verificar como a ideia se saía, em uma espineta instalada no próprio quarto de dormir.
Agrada-me sobremodo fazer essa breve comparação entre os dois prodígios musicais precoces, pois tal nos faz esperar que o pequeno Mozart possa viver por tantos anos quanto Händel viveu e, assim, contrariar certa percepção vulgar segundo a qual talentos prematuros, geralmente, vivem pouco.
Creio poder afirmar, sem prejuízo à memória desse imenso compositor, que a balança claramente pende para o lado de Mozart nessa comparação, tendo em vista que, conforme eu mesmo relatei, ele já compunha música quando na tenra idade de quatro anos.
Também os seus improvisos musicais, dos quais fui testemunha, provam que os seus talento e capacidade criadora são dos mais fascinantes; mas, a fim de não me tornar um panegirista ardente, permitam-me, senhores, parar por aqui.
Sempre ao vosso dispôr,
Vosso criado,
Daines Barrington
LUCAS COLOMBO, jornalista, ensaísta, tradutor literário e professor. Colabora com revistas e cadernos de cultura. Organizou os livros Os melhores textos do Mínimo Múltiplo (Bartlebee, 2014) e Políticos, pernósticos & lunáticos: Textos de um dos maiores humoristas americanos de todos os tempos, Will Rogers (Gryphus, 2021).