ILUSTRAÇÕES KARINA FREITAS
03 de Dezembro de 2019
Ilustração Karina Freitas
[conteúdo na íntegra (PARTE 2) | ed. 228 | dezembro de 2019]
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Não por acaso, em qualquer discussão sobre negação da História, o tema da escravidão é premente. Aliás, em qualquer discussão sobre o Brasil. Por quê? Porque ele é vital para se compreender o racismo vivido a cada dia. Numa noite de segunda-feira, em novembro, o programa Conversa com Bial, ancorado pelo jornalista Pedro Bial, na Rede Globo, recebia dois escritores, Eliana Alves Cruz e Laurentino Gomes – ela negra, ele branco. Autora de Água de barrela (Malê, 2018), Eliana foi contundente ao comentar a necessidade crucial de ampliar o debate sobre o racismo: “O racismo, nos moldes em que vivemos, é uma invenção dos brancos e é um assunto de todos, porque ele é a argamassa da nossa formação. Ele está na raiz em todas as questões sociais brasileiras”.
Em agosto, Laurentino Gomes lançou Escravidão (Globo Livros, 2019), o primeiro volume de uma trilogia dedicada ao tema. Jornalista de formação, Gomes tem pendor para publicações de herança histórica – vide os exitosos e premiados 1808 (2008), 1822 (2010) e 1889 (2013). Os números são superlativos, como informa ele, em entrevista por e-mail à Continente: seis anos de pesquisa, 200 livros lidos, visitas a 12 países em três continentes, seis meses morando em Portugal e uma tiragem inicial de 200 mil exemplares. “Fiz uma gigantesca reportagem jornalística”, diz.
Gomes detalha: “Estive em Cartagena, na Colômbia, o principal porto negreiro do antigo império colonial espanhol. Depois percorri o sul dos EUA, cenário da Guerra da Secessão, em que mais de 750 mil pessoas morreram para que a escravidão fosse abolida pelo presidente Abraham Lincoln. Antes de iniciar as pesquisas, conhecia muito pouco o continente africano. Tinha feito apenas uma viagem breve à África do Sul. Dessa vez, decidi fazer um mergulho na história e na realidade desse belíssimo continente. Foram cinco viagens a oito países no período de um ano: Cabo Verde, Senegal, Marrocos, Angola, Gana, Benim, Moçambique e África do Sul. Também estive em Londres e Liverpool, na Inglaterra, que foram grandes centros de construção e financiamento de navios negreiros até o final do século XVIII. Além disso, percorri o Brasil, visitando, entre outros lugares, quilombos no estado da Paraíba, usinas e engenhos de cana-de-açúcar, em Pernambuco e na Bahia, a Serra da Barriga, em Alagoas, onde morreu Zumbi dos Palmares, o Vale do Paraíba, em São Paulo, as antigas minas de ouro e diamantes, em Minas Gerais, e o Cais do Valongo, o maior porto negreiro das Américas no século XIX”.
Pergunto a Laurentino como ele avalia a tese que defende que os negros vieram para cá por vontade própria – sem serem tirados de suas terras, de seus clãs, apenas movidos pelo espírito “empreendedor” de dar certo em outro país. “A participação dos africanos no tráfico de escravos se tornou um tema politicamente explosivo no Brasil e em Portugal. Durante a campanha eleitoral de 2018, discutiu-se muito se os portugueses entravam na África para capturar escravos ou se africanos escravizavam africanos. Obviamente, os portugueses entravam, sim, na África. Ocuparam e colonizaram Angola, um território enorme, para abastecer o tráfico negreiro. Mas essa discussão pode ter consequências políticas muito ruins. Muita gente afirma que, se os africanos participaram e lucraram com a escravidão, não haveria razão para manter no Brasil, por exemplo, um sistema de cotas de inclusão dos afrodescendentes em escolas ou postos da administração pública. A chamada ‘dívida social’ brasileira em relação aos descendentes de escravos estaria anulada pelo fato de os africanos serem corresponsáveis pelo regime escravista. Desse modo, não haveria porque indenizá-los ou compensá-los pelos prejuízos sociais e históricos decorrentes disso”, responde.
Para ele, por essa ótica, é como se as próprias pessoas escravizadas fossem culpados pela escravidão. “O fato de chefes africanos terem participado do tráfico nada tem a ver com a enorme dívida social e real que o Brasil tem com os seus afrodescendentes. Basta ver as estatísticas, onde a nossa população negra aparece como a parcela da sociedade com menos oportunidades e a que mais sofre com a desigualdade social crônica brasileira. Precisamos corrigir isso urgentemente. E não podemos nos esconder atrás de falsas e incorretas discussões a respeito de fatos históricos. Há um enorme equívoco de natureza conceitual nesse tipo de raciocínio. Dizer hoje que africanos escravizavam africanos é o que os historiadores chamam de anacronismo, ou seja, o uso indevido de valores e referências de uma época para julgar ou avaliar personagens ou acontecimentos de outra. A noção de uma identidade pan-africana, que unisse os habitantes de todo o continente, ainda não existia na época do tráfico de pessoas escravizadas. Ninguém se reconhecia como africano. A África sempre foi um território de grande diversidade e riqueza culturais, habitado por uma miríade de povos, etnias, linhagens e reinos, frequentemente envolvidos em guerras e disputas territoriais. Aceitar, portanto, a ideia de uma identidade continental seria o equivalente a imaginar que, antes da chegada de Cabral à Bahia, um índio guarani do sul do Brasil identificasse um irmão pan-americano num índio navajo, dos Estados Unidos, ou num asteca, do México”, complementa.
Cumpre lembrar, já que memória é matéria de que é feita a vida, que o atual presidente da República, quando ainda era candidato pelo PSL, em julho de 2018, assim vaticinou ao ser indagado sobre o tema no programa Roda Viva, da TV Cultura: “O português nem pisava na África. Foram os próprios negros que entregavam os escravos”. Em vídeo postado no YouTube, ainda em 2010, o filósofo Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, já dizia que os negros escravizavam brancos na África e “que os portugueses simplesmente deram o troco”. De um jeito ou de outro, alegações estapafúrdias como essas, cada vez mais disseminadas pela rede, merecem ser rechaçadas, segundo Laurentino Gomes.
“Essa hipótese é absolutamente ridícula, só possível numa época marcada pela desinformação, pela ausência de racionalidade e pelas teorias conspiratórias disseminadas e estimuladas por poderosos interesses políticos, com o propósito de manipular a opinião pública. O Brasil foi o maior território escravista da América. Sozinho, recebeu quase cinco milhões de africanos escravizados, cerca de 40% do total embarcado nos navios negreiros rumo ao continente americano ao longo de quase quatro séculos. Foi também o país que mais tempo demorou para acabar com tráfico de gente, pela Lei Eusébio de Queirós, de 1850, e o último a abolir a própria escravidão, pela Lei Áurea de 1888. Até o final do século XIX, tudo no Brasil foi construído e mantido por escravidão. Por essa razão, eu considero esse o tema mais importante da história do Brasil. Negá-lo significa ignorar a própria jornada que nos trouxe até aqui”, declara o escritor.
No dia em que conversou com a Continente, a professora Isabelle França daria uma aula sobre a escravidão para o sétimo ano do Colégio da Polícia Militar do Recife – que, embora vinculado à PM, segue conteúdo e calendário estabelecidos pela Secretaria Estadual de Educação. “Meus alunos vão apresentar um trabalho sobre os reinos africanos do período colonial para eles compreenderem que, durante o processo escravocrata, havia uma vida na África, havia reinos enormes que participavam de relações comerciais com a Europa. Essa categoria de raça na escravidão surge aqui, na relação Europa e América. A diferença é que a mão de obra indígena é apresentada como passível de recuperação, através do processo de catequização. Quando vamos para os documentos históricos, descobrimos que os indígenas foram sendo substituídos pela mão de obra escravizada africana, inclusive para diminuir os conflitos entre nativos e colonos. Muitos indígenas, por exemplo, se aliaram aos franceses para se defender dos portugueses. Essa troca de mão de obra tem lastro no discurso da Igreja Católica Apostólica Romana, que passou a considerar as pessoas do continente africano como não humanas. E quando você nega a categoria de humanidade para essas pessoas negras, constrói um discurso civilizatório fundado no homem branco, absolutista e europeu”, indica.
Pausa: cursei o ginásio em uma escola progressista do Recife, que muito me marcou e me ensinou a ser cidadã. Porém, não me recordo de ter estudado os territórios africanos de onde os negros eram arrancados à força para serem vendidos como escravos. Essa informação só me chegou quando ouvi pela primeira vez Tábua de esmeralda, disco que Jorge Ben lançou em 1974 e que aprendi a apreciar na companhia das amigas Joana e Maria Chaves, Júlia Morim e Débora Nascimento (repórter mais do que especial desta Continente). A aula se dá na oitava faixa, que assim começa: “Angola, Congo, Benguela, Monjolo, Cabinda, Mina, Quiloa, Rebolo”. Agora, sim, o nome dos reinos, agora, sim, a procedência de negros que não eram criaturas nascidas em navios abarrotados e imundos, mas gente. Quem me mostrou isso foi o cantor e compositor, um gênio de pele preta, que, em 1971, já havia determinado: “Negro é lindo”. E assim segue a letra de Zumbi:
Aqui onde estão os homens
Há um grande leilão
Dizem que nele há
Uma princesa à venda
Que veio junto com seus súditos
Acorrentados em carros de boi
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
Quando Zumbi chegar
Angola, Congo, Benguela
Monjolo, Cabinda, Mina
Quiloa, Rebolo
Aqui onde estão os homens
Dum lado cana-de-açúcar
Do outro lado o cafezal
Ao centro senhores sentados
Vendo a colheita do algodão tão branco
Sendo colhidos por mãos negras
Quando Zumbi chegar
O que vai acontecer
Zumbi é senhor das guerras
É senhor das demandas
Quando Zumbi chega é Zumbi
É quem manda
Eu quero ver
Eu quero ver
Eu quero ver
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A professora Juliana de Andrade é presidente da seção Pernambuco da Associação Nacional de História – Anpuh e foi uma das coordenadoras do simpósio alicerçado no tema História e o Futuro da Educação no Brasil. Quando a encontro, meses depois, ela revela que tem 44 alunos do 8º período do curso de História, na UFRPE, em estágio. “Falta um semestre para eles se formarem e estão dando aula em 24 escolas da Região Metropolitana do Recife. O que me trazem? ‘Professora, a sala de aula está muito hostil. Os alunos não acreditam na gente, é como se não tivéssemos legitimidade para falar sobre alguns fatos históricos’. Os estudantes acham que o conteúdo visto na escola não tem relação com o conteúdo deles. Temos que mudar a estratégia. Talvez a música do Rappa, ‘todo camburão tem um pouco de navio negreiro’, convença mais. Essa pauta da escravidão só se torna sensível quando a criança e o adolescente fazem essa operação de entender que há uma permanência entre o que aconteceu séculos atrás e a realidade de hoje”, sinaliza.
Acontece que a sociedade é “uma fábrica de fake news”, prossegue a mestre e doutora em História pela UFPE, e assim vivemos “não apenas a negação do fato em si, mas a possibilidade do fato ter existido”. “A partir das narrativas propagadas nas redes sociais, cria-se uma pós-verdade, criam-se provas para operar em cima de uma memória para demonstrar que não houve. A negação da História tem construído uma geração desacreditada no futuro. Voltamos à Idade Média, na verdade, não saímos do Brasil colonial. O fardo violento da escravidão nos deixou como marca a nossa forma de olhar, o nosso cotidiano e um risco enorme a um grupo de jovens condenados a um presente determinado pelo natural. A negação da História rouba o horizonte de expectativa dessa pessoa. Isso é anticiência”, reflete.
Como um aluno negro de uma escola de ensino médio no Recife ou em São Paulo vai fazer essa relação entre a escravidão e o autoritarismo no Brasil? Como se posicionará ante o cotidiano racista, se não consegue tecer os elos entre passado, presente e futuro turvos? “A negação do passado é um projeto político. Quando disputamos esse passado, vamos aniquilar o horizonte de expectativa. A base dessa negação são o racismo, a intolerância, os preconceitos. Isso em relação a qualquer fato histórico em disputa – o genocídio indígena, a história das lutas LGBTQ+, o Holocausto, a ditadura e a escravidão. O efeito imediato? A apatia, pois você nega a possibilidade de construção de uma outra história, individual e coletiva. Qual é o jovem que quer ser visto numa narrativa só como pobre coitado? Só como o escravizado?”, questiona-se Juliana.
Entre 2014 e 2016, a UFRPE fez uma pesquisa com adolescentes do ensino médio de Pernambuco. “Perguntamos a eles o que entendiam por políticas de cota racial. Pasmem: 43% dos jovens disseram que não havia necessidade de uma política reparatória. Eles não conseguem fazer a relação dos processos de escravidão dos africanos do Brasil e o racismo. O que eles veem na escola não os permite ter o tema da escravidão como sensível. No Brasil, o lembrar não foi ensinado. Lembrar fatos como a ditadura militar e a escravidão é lançar luz numa ferida. A irracionalidade é um projeto político. O lembrar no Brasil não foi até agora um instrumento pedagógico”, lamenta a professora do Departamento de Educação da UFRPE.
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No mesmo julho em que a Anpuh discutia a negação da História, o jornalista e escritor norte-americano Larry Rohter, correspondente do The New York Times e da revista Newsweek para a América Latina durante décadas, voltava ao Brasil. Autor de Rondon – Uma biografia (Objetiva, 2019), sobre o marechal Cândido Rondon, ele se debruça agora sobre um projeto ficcional com raízes históricas. Tal como Philip Roth fez em Complô contra a América (2004) ou mesmo Philip K. Dick, em O homem do castelo alto (1962), obras distópicas (e assustadoras) que redesenham o mundo a partir de uma vitória do nazismo na II Guerra Mundial, Rohter se prepara para ficcionalizar uma antológica narrativa pernambucana a partir da seguinte interrogação: e se os holandeses houvessem vencido a Batalha dos Guararapes no século XVII?
“A semente inicial remete aos anos 1980, quando eu estava fazendo uma matéria no Recife, andando por uma rua esburacada com um motorista de táxi reclamando bastante”, recorda Larry, já de volta aos Estados Unidos após dois meses de pesquisas no Instituto Ricardo Brennand. “O taxista então começou a reclamar, claro, e me perguntou se eu sabia quem havia sido o melhor prefeito da história do Recife. Quem foi?, perguntei, e ele me respondeu: Maurício de Nassau. Achei muito interessante o comentário dele e vi uma linha direta entre o Brasil holandês e o Brasil daquela época, nos últimos anos da ditadura militar. Na cabeça do taxista, Nassau não era holandês, era, em certo sentido, brasileiro. Isso me impressionou”, completa o jornalista e escritor.
Essa saudade do período holandês o intrigou. “Como correspondente, viajava pela América Latina, do México à Patagônia, e nunca encontrei, em nenhum outro lugar, o povo nostálgico de uma experiência colonial”, observa. Seu livro, ainda sem título mas já em processo de escrita, encaixa-se no que se convencionou chamar de “história alternativa”. “Sob guarda-chuva de ficção, pois o gênero exige isso, estou trabalhando à base de fatos”, acrescenta Larry, que entende a relevância de se manter fiel à verdade, ainda que para desviá-la sob o viés da ficção, nos tempos atuais. “Basta apenas dizer que o atual presidente do meu país nega a história todo dia. O tempo inteiro. Ele disse que viu milhares de muçulmanos festejando no dia 11 de setembro, na data do aniversário da queda das Torres Gêmeas, mas isso é mentira. Porque não aconteceu. Ele inventa uma versão distorcida, deturpada, da história. O Washington Post fez uma contagem e publicou: Donald Trump já mentiu mais de 14 mil vezes desde que assumiu a Casa Branca”.
Neste dezembro, constará da programação do Festival do Rio um curta-metragem chamado Codinome Breno. Com roteiro e direção de Manoel Batista, essa produção da Casu Filmes é um exercício de investigação familiar e, também, uma inquirição sobre os sombrios tempos ditatoriais. Aos 8 anos, Manoel perdeu os pais, Jorge e Ana, e o irmão em um acidente de carro. Foi morar com a família no Rio Grande do Norte, onde cursou Radialismo. Seu projeto de conclusão de curso deu origem ao documentário, que hoje já circulou por dezenas de festivais. Em pouco mais de 19 minutos, o realizador opera um resgate pessoal – Breno era o nome do seu irmão, escolhido pelo pai para homenagear um amigo com quem militou nas organizações contra a ditadura militar – e também contribui para “o dever de não esquecer”.
Uma das amigas de Jorge a aparecer no curta é a ex-presidenta Dilma Rousseff. Em determinado momento, ao falar do passado, parece também se referir ao que lhe aconteceu há três anos: “No dia 13 de dezembro de 1969 há o AI-5 e o fechamento, o golpe no golpe. No Brasil, eles têm muito essa mania de fazer um processo, não um golpe, um processo golpista”. Ela e Manoel sabem a necessidade de lembrar.
“A minha família teve a sua vida modificada pela ditadura. Meu pai foi preso e torturado em Minas Gerais, veio para o Nordeste e, quando o filho nasceu, quis pontuar essa volta à resistência homenageando um amigo. Eu sembre soube disso. Mas, em 2012, ao ser convidado para o lançamento do livro Seu amigo esteve aqui, de Cristina Chacel, pude conhecer mais sobre a vida de Carlos Alberto Soares de Freitas. Em Belo Horizonte, em conversas com as pessoas envolvidas, obtive a informação que esse militante usou, na clandestinidade, o codinome Breno e influenciou muitos jovens, dentre eles, meu pai. Diante desse retrocesso e do conservadorismo, que fica tentando a releitura da nossa História, fiz o filme para nunca esquecer”, situa Manoel.
Ditadura, escravidão, Holocausto, genocídios, presidentes a mentir no Twitter, pós-verdade: estar no mundo em 2019 é lidar com a perspectiva de que tudo está em disputa, em especial a História. É possível isentar-se e ausentar-se? Não. Arnaldo Antunes lança o clipe de O real resiste e exorta: “É só pesadelo depois passa na fumaça de um rojão”. E já em 1940, o filósofo alemão Walter Benjamin asseverava: “O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E o inimigo não tem cessado de vencer”.
Lembrar é resistir.
LUCIANA VERAS, repórter especial da Continente.
KARINA FREITAS, designer, ilustradora e especialista em Projetos Digitais pelo Istituto Europeo di Design – IED-RIO.