“A trajetória artística de José Cláudio demonstra que a vida não deve ser medida por hierarquias de valor, pois os ambientes mais humildes das periferias do mundo são tão importantes para a formação do ser humano quanto os espaços institucionais mais consagrados ou intelectualizados. Sempre muito originais, poéticas e plasticamente sublimes, suas obras de arte transmitem um olhar sensível sobre a vida”, escreveu o jornalista e curador Júlio Cavani na orelha do perfil biográfico Aventuras à mão livre (Cepe Editora, 2019). A obra, segundo Cavani, narra um romance de aventuras baseado nas memórias do pintor, reveladas em diversas entrevistas. “Funciona mais como um romance de aventuras, do tipo que José Cláudio sempre gostou de ler desde criança, do que como uma pesquisa detalhista, jornalística ou teórica”.
Para Bruno Albertim, José Cláudio foi uma espécie de Picasso pernambucano. “Homem brilhante, cronista genial de múltiplas facetas, de um humor infantil até o fim da vida. [Francisco] Brennand (1927-2019), que era muito amigo dele, me disse que ninguém capturou tão bem a gente, as cores, as festas, enfim, o povo do Recife, Olinda, Pernambuco, como José Cláudio. Ninguém capturou a luz do Recife como ele. Sorte nossa ter vivido no tempo de Zé Cláudio”, declara o jornalista, ressaltando o figurativismo do gênio da pintura pernambucana. “Uma pintura que não se curvou à ditadura do abstracionismo, da escola concreta. Foi discípulo de mestres como Di Cavalcanti (1897-1976) e se igualou a ele. Sua visão permanente de cronista do mundo fará muita falta”, sintetiza Albertim.