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Kátia Mesel é homenageada no Janela

XV Janela Internacional de Cinema do Recife, que acontece entre os dias 1 e 8 de novembro, nos cinemas São Luiz e da Fundação Joaquim Nabuco, exibirá coletânea de obras da cineasta pernambucana

TEXTO Laura Machado

25 de Outubro de 2024

Kátia Mesel nos bastidores do filme

Kátia Mesel nos bastidores do filme "Recife de Dentro para Fora", de 1997

Foto Acervo de Kátia Mesel

Primeira mulher cineasta de Pernambuco, Kátia Mesel será a grande homenageada no XV Janela Internacional de Cinema do Recife, que acontece entre os dias 1 e 8 de novembro nos cinemas São Luiz e Fundação Joaquim Nabuco (Sala do Museu). Os filmes de Kátia passaram por um processo de restauração pela Cine Limite e, durante o festival, parte desse extenso material será exibido ao público em uma mostra exclusiva.

Mesel recebeu a notícia da homenagem enquanto fazia parte do júri no primeiro Festival de Cinema do Nordeste Brasileiro e à Continente descreveu sua felicidade: “Eu fiquei emocionadíssima! Não tinha como ligar para alguém, como extravasar, mas quando cheguei sozinha na pousada e li, fiquei muito contente”.

Para além da celebração, a felicidade de Kátia é também por saber que agora materiais importantes e inéditos de sua filmografia estão restaurados e serão exibidos ao grande público. De gravações em Super 8 da década de 1970 a curtas-metragens documentais exibidos no programa Pernambucanos da Gema, que comandava na TV Pernambuco durante os anos 1990, uma ampla coleção de filmes poderá ser revisitada.

Muito conhecida por Recife de Dentro Para Fora (1997), Kátia é pioneira entre as mulheres na arte de fazer cinema e a restauração de seu trabalho segue sendo realizada. Cerca de 100 obras já passaram pelos processos de limpeza e revitalização e mais 100 ainda serão restauradas no Centro Técnico Audiovisual do Rio de Janeiro. Na mostra do Janela, parte dos projetos serão expostos pela primeira vez e outros, reexibidos nas telas de cinema depois de muitos anos.

“[O Janela] abre para debates, abre para discussões e também para o nosso umbigo com os filmes pernambucanos”, ressalta Kátia, atestando a importância de eventos como esse para o fomento da cultura cinematográfica.

Sempre na vanguarda, a atuação de Mesel como cineasta também representa uma vitória para as mulheres. Quando começou a filmar, em 1968, Kátia era a única mulher do Nordeste dentro do cinema. “A mulher estava sempre na frente das câmeras de cinema, era sempre a estrela e objeto de desejo”, reflete, antes de completar: “Paulatinamente começaram com a montagem, continuidade, figurino… foi, foi e, agora, em todos os segmentos, existem mulheres competentes e caprichosas nas suas funções. Então, é um momento muito bom para mim, com esse reconhecimento e homenagem que também engrandecem todas as mulheres. Todas as mulheres estão sendo premiadas.”

Em sua 15ª edição, o Janela Internacional de Cinema vai exibir mais de 100 filmes entre curtas e longas-metragens nacionais e internacionais. Entre o vasto catálogo, clássicos como Carrie, a Estranha, de Brian de Palma, Depois de Horas, de Martin Scorsese, e Golden Eighties, de Chantal Akerman, ganham a tela, além de brasileiros, como Iracema: Uma Transa Amazônica, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna, e O Homem da Mata, de Antonio Luiz Carrilho. O evento também inclui lançamentos de filmes nacionais e internacionais e o retorno da premiação de curtas-metragens nacionais. 

LAURA MACHADO, jornalista.

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