Potências Ixtranhas faz sua estreia em Natal
Projeto com ciclo formativo abrange saúde, empreendedorismo e moda dissidente na ballroom potiguar, contando com acessibilidade em Libras e vagas reservadas para pessoas negras, pessoas com deficiência e população indígena
06 de Outubro de 2025
Oficina Arms Control
Foto Divulgação
O projeto Potências Ixtranhas fez sua estreia na capital potiguar, no sábado (4), com um ciclo de formações gratuitas para mergulhar nas práticas e debates do movimento Ballroom. A iniciativa é do coletivo Casixtranha e reúne nomes de referência na comunidade para oficinas e rodas de conversa voltadas à população LGBTQIAPN+, abordando temas como cuidados com o corpo em performance, empreendedorismo na moda dissidente e perspectivas de cura da AIDS. A programação segue nos dias 11 e 12 de outubro e 1º de novembro nos bairros Ponta Negra, Ribeira e Alecrim.
Imperatriz Marxine Ixtranha, liderança da Casixtranha no RN e organizadora da capacitação, destaca que é essencial fundamentar o diálogo sobre as questões que circundam a cultura Ballroom. “Para além do que é popularmente conhecido — os salões de baile e as performances de voguing — precisamos entender que o movimento se fundamenta em outras estruturas, que são as reivindicações de espaços e a construção de outros imaginários para corpos marginalizados” De acordo com ela, Potências Ixtranhas cria um ambiente seguro para compartilhar práticas e debates políticos, identitários e comunitários da cultura de bailes preservando seu meio tradicional de transmissão: a oralidade.
As inscrições são gratuitas e devem ser feitas através do formulário Google. O projeto é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc do Rio Grande do Norte e conta com ações afirmativas para inclusão e acessibilidade. Das 20 vagas disponíveis por encontro, 10 são reservadas para pessoas pretas, pardas e indígenas e 4 para pessoas com deficiência, contando com intérpretes de Libras em todos os encontros. O projeto também estará arrecadando alimentos não-perecíveis, que serão distribuídos para organizações de apoio a pessoas LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade social.
PROGRAMAÇÃO
Abrindo as atividades em 4 de outubro, Potências Ixtranhas leva o tema “Vitalidades do corpo” ao Espaço Viramundo, no Alecrim, convidando o pesquisador, psicólogo clínico e produtor cultural Lírio 007 para pensar o corpo em comunidade no contexto do HIV/AIDS. Coroando a tarde, a poetisa, produtora cultural e drag queen Star Founding Mother Lince de Neith comanda a oficina “Sex Siren” explorando sensualidade, sexualidade e liberdade corporal nas práticas performáticas.
Partindo para o eixo “Relações de moda”, nos dias 11 e 12 de outubro o Espaço Duas (Estipe), em Ponta Negra, recebe os artistas Caio Katu e Cajjuinna Ixtranha — referências na moda e na costura em Natal — para debater o empreendedorismo de moda dissidente no contexto da Ballroom. Em seguida, Cajjuinna Ixtranha assume a oficina “Costura de bolsa fashion” para incentivar a prática da costura autônoma e soltar a criatividade dos participantes.
Em 1º de novembro, a temática “Performance e cuidado” ocupa o Espaço Cultural Giradança, na Ribeira, com o artista visual D Bali 007 e uma das fundadoras do movimento Ballroom RN, OA Imperatriz Yo Ixtranha, instruindo sobre os cuidados com o corpo em performance. A programação encerra com toda expertise de OA Imperatriz Yo Ixtranha na condução da oficina “Arms control” — ou “controle de braços” — que ensina um dos movimentos mais emblemáticos do Vogue New Way e da cultura de bailes.
BALLROOM
Ballroom é um movimento artístico e político que encontra nas práticas performativas uma celebração da diversidade sexual, de gênero e racial na comunidade LGBTQUIAPN+. A cultura nasce nos subúrbios novaiorquinos por volta de 1970 como forma de resistência sociopolítica, identitária e artística, tendo a comunidade trans afro-latina na linha de frente. A cultura é centrada nos bailes (balls), onde ocorrem práticas competitivas para os participantes mostrarem domínio em técnicas de dança, música, moda, teatro e artes visuais, apresentando um repertório único para avaliação. A comunidade é organizada em torno de “casas" (houses), formadas para acolher e preparar os integrantes para os bailes, funcionando como um núcleo familiar escolhido.
CASIXTRANHA
A Casixtranha é um coletivo multiartístico e kiki house que tem a cultura Ballroom como sua principal forma de expressão, em suas múltiplas linguagens. O coletivo surge em contexto de acolhimento à estranheza e à dissidência, acreditando no poder desses ‘desvios’ enquanto transformadores sociais. Concebida em Araraquara (SP), em 2017, a Casixtranha conta atualmente com três “capítulos”, dois deles em capitais nordestinas: Salvador (BA) e Natal (RN).
SERVIÇO
Potências Ixtranhas: ciclo de oficinas e diálogos
04/10 - Eixo I: Vitalidades do Corpo
Espaço Viramundo - Travessa Ocidental de Baixo, 298 - Alecrim
14h - 16h Debate: “Corpo em comunidade: perspectivas de cura da AIDS"
Lírio 007
16h - 18h Oficina: Sex Siren
Star Mother Lince de Neith
11/10 - Eixo II: Relações de moda
Espaço Duas (Estúdio Estipe) - Rua Praia Diogo Lopes, 2197 - Ponta Negra
14h - 17h Debate: “Empreendedorismo de moda dissidente e Ballroom”
Cajjuinna Ixtranha e Caio Katu
12/10 - Eixo II: Relações de moda
14h - 17h Oficina: Costura de bolsa fashion
Cajjuinna Ixtranha
01/11 - Eixo III: Performance e cuidado
Espaço Cultural Giradança - Rua Frei Miguelinho, 100 - Ribeira
15h -16h30 - Debate: "Cuidados com o corpo em performance"
D’Balli 007 e OA Imperatriz Yo Ixtranha
16h30 - 18h30 Oficina: “Arms Control”
A Imperatriz Yo Ixtranha