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A saga de Severina Xique-Xique

Um dos maiores sucessos do forró, música de João Gonçalves foi rejeitada por vários cantores, até que Genival Lacerda aceitou gravar, desde que ganhasse a parceria

TEXTO José Teles

25 de Setembro de 2025

Ilustração Greg

Xique-Xique é um pequeno município do sertão baiano, banhado pelo Rio São Francisco, a 587 km de Salvador. No início dos anos 1970,  o cantor e compositor paraibano João Gonçalves esteve na cidade, encetou um xamego com uma moça chamada Adelice, e resolveu fazer uma música para ela. Para não ter que dar explicações à esposa, optou pelo nome de Severina, e acabou colocando também o nome da cidade como sobrenome. Assim surgiu o xote “Severina Xique-Xique”.

A composição de João Gonçalves, lançada por Genival Lacerda, foi um dos maiores sucessos do país há 50 anos. Como era então praxe, quando uma música estourava, imediatamente pipocavam regravações. No site do Instituto Memória Musical Brasileira (Immub) há 43 versões de “Severina Xique-Xique”, porém é uma lista incompleta. O xote frequentou as paradas por nove meses, e teve mais regravações do que a que contabiliza o Immub.

Como aconteceu com “Mamãe eu quero” (Jararaca/Vicente de Paiva) ou “Carinhoso” (Braguinha/Pixinguinha), “Severina Xique-Xique” foi oferecida e recusada por diversos intérpretes. Entre os quais Marinês e Messias Holanda. Foi este último quem sugeriu que João Gonçalves mostrasse o xote a Genival Lacerda.

Genival disse que gravaria a música, desde que João Gonçalves lhe cedesse a parceria. João concordou, mas impôs uma condição: que ele gravasse mais três composições suas. Genival acedeu e lançou também “Vamos brincar de roda”, “A filha de Mané Bento” e “O culpado foi o boi”. Mas a saga de “Severina Xique-Xique” para chegar às lojas apenas começava. Oséas Lopes, produtor da Copacabana (também cantor, com o pseudônimo Carlos André), enfrentou resistência da direção da gravadora paulistana. Ressaltando-se que, até então, Genival Lacerda era mais conhecido no Sudeste como humorista de TV, do que como forrozeiro.

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