Guerreiros do Sol: o cangaço e suas relações
Protagonizada Thomas Aquino e Isadora Cruz, novela da Globoplay fez sua estreia no dia 11 de junho, com cinco episódios, e disponibilização de novos às quartas-feiras
TEXTO Laura Machado
17 de Junho de 2025
Na novela, a personagem Rosa é interpretada por Isadora Cruz
Foto Estevam Avellar/Globo/Divulgação
No dia 11 de junho, os cinco primeiros capítulos da novela Guerreiros do Sol ficaram disponíveis oficialmente na plataforma de streaming da Rede Globo, a Globoplay. Com um total de 45 episódios, novos blocos de capítulos serão lançados todas às quarta-feiras, até a disponibilização total da produção e, no canal Globoplay Novelas, os episódios serão exibidos de segunda a sexta-feira, às 22h40.
A trama de Guerreiros do Sol é livremente inspirada na história de cangaceiros ilustres como Lampião e Maria Bonita, porém, a novela escolhe não se apegar à realidade atrelada a tais figuras históricas, para criar uma narrativa única. Assim sendo, os acontecimentos se passam na fictícia cidade de Santa Cruz e acompanham a jornada de Josué (Thomas Aquino) e Rosa (Isadora Cruz), um casal apaixonado, mas que não pode estar junto devido às relações de poder e políticas do local. Sem Rosa e envolto em uma tragédia, Josué e os irmãos acabam por entrar no cangaço em busca de vingança.
A partir dessa premissa, a novela convida os espectadores a acompanhar a vida dos cangaceiros, suas peregrinações, lutas e comunidade. Também abre espaço para linhas narrativas de personagens fora do cangaço, mas envoltos na mesma rede. A personagem Rosa, por exemplo, não começa sua história como integrante do bando e seu enredo perpassa características da vida feminina nas décadas de 1920 e 1930.
Na tarde da última sexta-feira (13), a revista Continente foi convidada para o evento de lançamento de Guerreiros do Sol, que aconteceu nos estúdios da Globo Recife, no bairro de Santo Amaro. Com a presença do escritor da novela, George Moura, do diretor Rogério Gomes e da produtora Juliana Castro, além dos atores Isadora Cruz, Vitor Sampaio e Italo Martins, o evento apresentou a narrativa e o trabalho por trás das telas.
Pernambucano, o autor de Guerreiros do Sol estava emocionado em voltar ao Recife para apresentar uma obra com tanta ligação com o povo pernambucano e nordestino. Em coletiva de imprensa, ele confidenciou: “Para mim esse dia tem um significado muito especial porque eu comecei a trabalhar na TV Globo há 33 anos, aqui no Recife. É muito especial voltar aqui para vermos juntos o que fizemos”.
Sobre a produção, o autor explicou que a decisão de sair da “âncora da realidade e abraçar as asas da imaginação” foi tomada a partir da intenção de produzir uma história de 45 capítulos a partir da realidade cangaceira. Antes de ser o nome da novela, Guerreiros do Sol – Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil é o nome do livro publicado por Frederico Pernambucano de Mello, publicado pela Cepe Editora. O escritor emprestou o nome de sua obra para as telas da Globoplay e atuou como consultor durante todo o processo, ajudando com possíveis dúvidas e indagações sobre o universo que envolve o cangaço.
Das vestimentas aos utensílios domésticos, muita pesquisa envolveu toda a produção e efetiva gravação dos episódios, tudo para que a fidelidade com o período histórico em que a narrativa se passa fosse verossímil. Para além do cuidado com os detalhes, Guerreiros do Sol busca trazer uma perspectiva feminina do cangaço através da personagem da atriz Isadora Cruz, a Rosa.
“Quando a gente passa a tocar em um tema do passado, carregamos todas as questões do presente, então a questão do feminino e da sororidade, que é muito forte na novela, vem a partir dessa reflexão. Eu digo que fazer Guerreiros do Sol é voltar ao passado para compreender as contradições do presente”, afirmou George Moura.
Sem reduzir a complexidade do que foi a cena histórica do cangaço, o diretor Rogério Gomes acrescenta que “nunca se falou sobre o cangaço em uma minutagem tão grande, são 45 episódios com 50 minutos e vários personagens, então a novela é muito focada em relações. É a grande diferença de Guerreiros”.
Entre os personagens que compõem a trama, Rosa é um dos grandes destaques. Mulher forte e independente, ela é uma representação que honra não apenas as lendas por trás de Maria Bonita, mas também as demais mulheres que participaram do movimento, como Dadá, esposa do cangaceiro Corisco, que além de portar armas, aprendeu a ler e a escrever.
De acordo com a atriz paraibana que interpreta a personagem, Rosa é uma mulher forte e revolucionária para sua época. “Rosa conhece seu grande amor e se apaixona perdidamente, mas vê que não vai ter futuro fugir com um cangaceiro, viver correndo da polícia e com medo. Então, escolhe a sua descoberta como mulher acima de tudo, sua trajetória de descobrimento de todas as possibilidades que ela tem indo casar com o Coronel mais rico da região, porque ela sabe que indo para aquela fazenda, um novo universo de possibilidades se abre”, contou Isadora.
Para ela, a visão de Rosa representa uma forma moderna de enxergar a vida e diante de todo o decorrer da série, busca interpretar uma personagem que sirva de inspiração por sua forma de vontade e perseverança. Ainda que trazendo a história majoritariamente masculina do cangaço, Guerreiros do Sol busca se apropriar da imaginação para criar uma novela capaz de dialogar com a contemporaneidade.