Desde que nasceu, a estrela de Ivanildo Marques da Silva nunca mais parou de brilhar. Na primeira vez em que seu avô o viu, ficou doidinho. O menino parecia um rei. Um rei? Não. Nem um príncipe. Como no Recife havia uma Avenida Conde da Boa Vista, foi ela quem definiu a alcunha pela qual ele seria chamado por todos, desde os amigos de infância no bairro da Mustardinha, onde morou durante quase toda sua vida, até cantar para 70 mil pessoas na noite do brega da 30ª edição do Festival de Inverno de Garanhuns.
Seja no Sertão, no Agreste, na Zona da Mata ou na RMR, na Praça Cultural Mestre Dominguinhos, na Mustardinha ou na Avenida Conde da Boa Vista, se você é pernambucano, é muito difícil que você nunca tenha se deparado com alguma das canções do Conde Só Brega. Seus fãs, espalhados por todo o Brasil, incluem até mesmo o astro pop do piseiro João Gomes, que não escondeu a emoção quando teve o privilégio de contar com a presença do mestre em seu show, na festa da virada de 2021 para 2022, no Terminal Marítimo do Recife. A visibilidade trazida como o enorme público do jovem artista casou com a reorganização de sua carreira que, a partir de 2020, ficou a cargo da On Produções. De lá pra cá, o homem está mais estourado do que nunca.
Em mais de 50 anos de carreira, dos quais 20 são dedicados ao brega, ele é a voz inconfundível que ficou famosa por cantar versos como “Se quiser fumar eu fumo/ Se quiser beber eu bebo/ Minha liberdade tá aí” e “Faço de mim o que quero/ Faço o que quero em mim/ Faço às vezes uma boa / Mas também faço algumas ruins/ Porque, meu bem/ Ninguém é perfeito e a vida é assim”. Essa atitude, que ele traz da época em que era roqueiro e ouvia Jimi Hendrix, Kiss, Led Zeppelin e Carlos Santana, está presente não apenas em suas composições, mas constrói também suas performances no palco.
O que ele gosta mesmo, porém, é de colocar as pessoas para dançar. E é isso que ele espera fazer durante o Carnaval. A agenda cheia inclui apresentações na Praça do Carmo, em Olinda e no Marco Zero, no Recife, e a apresentação que fecha a primeira noite do festival Rec-Beat 2023.
A conversa a seguir aconteceu em dois momentos: o primeiro no Marco Zero, como parte da reportagem de capa da Continente publicada em julho de 2022; e o segundo, em meio aos ensaios da semana pré-carnavalesca. Com a simpatia e o bom humor que lhe são característicos, o Conde Só Brega nos contou um pouco da sua história, seu processo criativo, sua inspiração para alguns de seus sucessos que fazem parte da vida de muita gente e do amor pelo forró (e pelo rock). Além disso, adiantou algumas das surpresas que preparou para suas apresentações no Carnaval.
CONTINENTE Conde, como foi que o brega entrou na sua vida?
CONDE SÓ BREGA Foi por necessidade e casualidade. Eu tinha uma banda de forró. Vim de banda de baile. Eu era roqueiro, depois fui pra banda de baile. Comecei em 1974 como músico profissional, tocando em banda, aquele negócio todo. Mas em 1968, 1969, já tocava nas boates. Tinha uma boate aqui, no Recife Antigo, chamada Capitólio. A gente tocava lá em cima, então, quando a luz acendia, porque chegava o juizado de menores, me levavam pro quarto para me esconder. Eu era de menor, na época. Depois comecei a tocar na banda de meu pai e, junto com meus irmãos, fizemos uma banda chamada Águia 6. Depois que meu pai faleceu, chamei meus dois irmãos para fazer uma banda de forró. Começamos bem, tinha umas casas de show que nós fazíamos, era Farofa com Charque, o nome. Aí chegaram aquelas bandas estilizadas de Fortaleza, na época, e deu uma quedazinha. Nós ficamos fazendo só restaurantes, bares, clubezinhos fechados, aquele negócio todo. Tocávamos nas Águas do Rio, no Feitiço Tropical, na [Avenida] Abdias de Carvalho. E foi quando estourou o movimento brega. Aí, chamei meus irmãos e disse: “Rapaz, o que tá dando dinheiro é isso aí, então vamos simbora!”. Isso foi em 1999, quando lancei a Banda Só Brega. De 2000 até 2005, estivemos muito bem. Depois as bandas foram se acabando, o movimento foi enfraquecendo. E tem muitas bandas que até hoje tenho os CDs em casa e fico olhando assim: “Caramba, tanta gente boa que se foram e desistiram”. E eu fiquei porque, enquanto outras bandas pararam tudinho, fiquei tocando num canto noutro e a gente foi sobrevivendo. Até hoje, estou na luta. Graças a Deus.
CONTINENTE Conde, a matéria-prima da sua música é o amor. Toda vez que eu e todo mundo de Pernambuco, do Brasil e do mundo escuta a sua música, a gente se conecta com esse sentimento. Seja na sofrência, seja numa bonita declaração para alguém especial. Quando você vai fazer suas músicas, você fala de situações de amor que você viveu ou é na hora de fazer a poesia que a história vem?
CONDE Acho que uma coisa se relaciona com a outra. Eu já compus músicas de amores com quem eu convivi, dos chifres que eu levei, mas também sou muito crítico. Gosto de fazer música de acordo com o momento e, às vezes, eu também faço muita crítica política. Por exemplo, tenho a música Sangue nordestino. E também tem Espelho do poder, que saiu quase como um caminho para os políticos verem a situação das pessoas e também tem o lado que fala das pessoas que gostam de criar pássaros. Eu mesmo nunca gostei, porque tudo que a natureza faz é para ser de acordo com as raízes da natureza. Acho que todo mundo que cria pássaros deveria passar pelo menos três meses preso. E o maltrato não é só com os pássaros, é com os outros animais também. Infelizmente, a vida é assim.
CONTINENTE Quando você vai fazer uma música primeiro vem a letra ou a melodia?
CONDE Eu faço as duas coisas juntas. Junto o útil ao agradável. Porque se eu fizer uma letra, não sei como vou fazer pra botar a música depois. Então, faço as duas coisas, mas é mais fácil fazer primeiro a melodia e depois a letra do que botar a melodia numa letra.
CONTINENTE Já que estamos falando de composições, me conta como foi o processo de compor A vida é assim e Estrela. Qual é a história dessas músicas?
CONDE A música A vida é assim, fiz na época em que eu tocava rock. Eu era muito doidão. Quando dava vontade, fazia o que queria. Às vezes, pintava o cabelo de vermelho, de azul, de amarelo; às vezes, eu ia num cara e mandava fazer uma bota até o joelho. Eu gostava de andar como queria mesmo, como gostava. As pessoas ficavam olhando “assim”, falavam de mim e eu não estava nem aí, pegava e andava. Não devo nada a ninguém mesmo. A minha vida é livre, eu faço o que quero dela. E aí, fiz essa música. Já a Estrela, fiz porque tinha uma garota que era fã da banda Carina. E a banda tinha um fã-clube e, nesse fã-clube, tinha uma gatinha, uma garota, que era morena dos olhos verdes. Então, começamos a namorar e fiz essa música pra ela.
CONTINENTE Durante a pandemia, você gravou uma live na qual cantou uma versão reggae de Estrela. Como é que foi essa história, de mudar o arranjo? Foi ideia sua?
CONDE Foi! A gente pensou: "Vamos mudar", e deu certo, a gente fez lá e ficou de boa. Porque as minhas músicas, as músicas que você imaginar, eu pego qualquer uma delas e faço um reggae, faço um rock, faço um frevo. Faço um bocado de “danação”, de coisas que você imaginar. E eu tenho músicos também de primeira linha que facilitam o processo.
CONTINENTE E quando você era roqueiro, você ouvia o quê? Quais eram as suas referências?
CONDE Eu curtia muito Jimi Hendrix. Era só banda da pesada mesmo. Curtia muito Kiss, Led Zeppelin, Santana. Eu tenho muita coisa de Santana. Parei [no sentido de ser referência] em Santana, por causa dos solos dele. O distorcedor dele era uma coisa que era agressiva e limpa, aí eu parei naquilo ali.
CONTINENTE Ainda tem muito disso na sua música, não é? A vida é assim tem aquela guitarra. Essas ideias são suas?
CONDE Tem, tem. É tudo eu que crio. Todas as minhas músicas, sou eu que crio. Às vezes, a gente está no estúdio, vamos gravar e eu mexo no arranjo e quando a gente acha que tá bom, seguimos.
CONTINENTE Quando você foi partir pro brega, você sentiu que as pessoas tinham preconceito com o gênero?
CONDE Nunca liguei pra isso, se o cara é bregueiro. Para mim o importante é fazer o trabalho e levar o pão para minha casa, para os meus filhos. Encher a minha barriga do meu trabalho, a minha barriga e a dos meus filhos. Viver da forma que a gente gosta. Pelo meu gosto, se pudesse mesmo, eu fazia o forró. Mas eu pensava assim: “Caramba, se fosse cantar o forró, só vivia uma vez por ano”. Só tem um espaço uma vez por ano e, ainda assim, a turma ainda procura tomar esse espaço deles. Eu acho que não tem nada a ver, na época junina, você tirar Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, esse pessoal todinho que é bom de forró mesmo e aí você atola Titãs, aquele negócio todo. Caramba, fico olhando e pensando: “Meu Deus, quanta revolta Santana, o cantador, não tem? E Luiz Gonzaga, lá por cima, se virando? É terrível!”. Pelo menos, dê primeiramente suporte àquilo que você tem, àqueles seus talentos, àqueles seus artistas. As suas riquezas, da sua terra. Hoje em dia, nós somos considerados a Capital do Brega, mas isso foi porque bateram muito em cima. Se não fosse isso, a gente não tinha saído para canto nenhum, não.
CONTINENTE No seu DVD Livre pra voar, você cantou com Petrúcio Amorim. Como foi essa história?
CONDE Eu fui para a On Produções. Eu estava à deriva, como diz o marinheiro. Então, o vereador Hélio da Guabiraba chamou seu filho Joaquim Hélio, que é o diretor da On Produções. “Rapaz, traz Conde para cá!”. Hélio é um visionário, ele tem uma visão muito grande justamente para negócios de música, meio artístico e de rádio. De rádio, ele é um danado, já teve muita rádio. Ele me chamou e fizemos uma parceria, me deram um suporte e, até hoje, estou aí com a On Produções. O Joaquim, junto com a sua equipe, com Ramon, que também faz parte da produção de lá, fizeram uma seleção musical e disseram: “Conde, a gente vai gravar um DVD. A gente escolheu essas músicas, o que é que tu acha?”. Eu disse: “Rapaz, bacana”. Eu não sabia, mas eles tinham chamado duas cantoras da empresa, da On, que é a Dayanne Henrique e Francyne Roper, para cantar comigo.
E os artistas de fora, os convidados também, foram Sheldon e Petrúcio Amorim. Fiquei surpreso com Petrúcio. “Rapaz, você tá fazendo o que aqui no meu disco? Você é um poeta, cara bom demais. E eu sou fraquinho, rapaz, não sou nada, diante do seu talento de compor e cantar.” Ele fez: “Não, a gente tá aqui tudo para ajudar um ao outro”. A participação dele foi mais por conta de dar uma ajuda, com certeza, no meu trabalho, fazer somar ao meu trabalho e também, ao mesmo tempo, nós pensamos em Augusto Cesar. A música que eu canto com ele, a letra é dele e de Jorge Sr. de Recife. Dois forrozeiros que não têm nada a ver com o brega, mas fizeram a música e deu certo. Augusto Cesar, onde chegava, cantava essa música e foi um dos grandes sucessos dele. Como posso te esquecer. E ficou bacana, foi bacana demais.
O DVD deu frutos bons porque foi gravado também com uma equipe de áudio e vídeo de primeira qualidade. Isso aí chamou a atenção das pessoas lá fora, inclusive acredito que até para o João Gomes, olhou, observou e, para me ajudar mais ainda, ele cantava algumas músicas minhas e, no final do ano [de 2021], ele cantou Espelho do poder. E, graças a Deus – primeiramente Deus e depois a ele –, hoje sou conhecido no Brasil de cabo a rabo.
CONTINENTE E como é ver uma galera jovem, como Sheldon e João Gomes, admirando o seu trabalho?
CONDE Eu fico pasmo, não tem explicação. São coisas de Deus mesmo. Mas acho que também é o produto, a qualidade do nosso trabalho, que a gente procura levar. E também a parte da humildade, da simplicidade. Se você não tiver humildade e simplicidade, você não chega a canto nenhum. Essa é a realidade, penso dessa forma.
CONTINENTE Como é a sua relação com seus fãs? E, mais ainda, com as suas fãs? Chamam muito para tirar foto?
CONDE Fico até a última hora, até as últimas pessoas tirarem foto. Quando a gente está muito avexado para fazer o show, a gente vai adiantando de dois em dois, de três em três, de quatro em quatro, faz a fila e a gente organiza. Porque se não organizar, vira bagunça.
CONTINENTE Conde, porque você acha que o brega faz tanto sucesso aqui em Pernambuco?
CONDE É questão de cultura. O pessoal adora isso aqui. Antigamente, era Belém do Pará e ali tinha bregueiro e ainda tem. Mas só que Recife cresceu, por conta dos acessos no YouTube, dos acessos aos clubes. Nos anos 2000, quando tinha a noite do brega, a casa ficava cheia. Inclusive, tem vários artistas, coitados, que estão esquecidos. Quero ver se eu resgato tudinho fazendo um show ao ar livre. Se pudesse fazer isso no Recife Antigo, para que eles voltem a se sentir bem. Porque a pior coisa para o artista é quando ele teve uma fase de sucesso e, de repente, se vê esquecido, tanto pela imprensa escrita, falada, por tudo. É uma coisa boa a gente fazer isso.
CONTINENTE Para fazer com os artistas da velha guarda…
CONDE Isso. Tem muitos cantores aí, coitados, que ficaram esquecidos da mídia e estão esquecidos até das mulheres em casa mesmo. “Não, minha filha, eu ainda to aqui!” [risos]. Bichinho, coitado! [risos]. Se puder trazer esse povo todinho para a gente trazer num show aberto, para o povo voltar a prestigiar esses velhos artistas, como Leo Boni, Eliel Barbosa. Esse é um projeto que estamos para fazer aí.
CONTINENTE E o que você acha que falta da parte do Governo do Estado e das prefeituras para os artistas da velha guarda?
CONDE Acho que falta incentivo. Uma ajuda financeira, sei lá. Ou apoiar essa ideia mesmo que eu falei. Se tivesse uma pessoa das rádios, um comunicador de rádio, que fizessem um projeto assim, ajudava. Antigamente, tinha o projeto Rádio do Povo, pela Rádio Jornal, com Ednaldo Santos. Era às sextas-feiras, em cada bairro, era gente pra caramba, um projeto bacana. Tinha algumas empresas que bancavam, de sabão em pó, água sanitária, margarina, as marcas de refrigerante e acho que tinha ajuda até do governo. Mas, não sei porque, não aconteceu mais. Toda vez que vejo Ednaldo Santos, eu me esqueço de perguntar, mas parece que foi porque ficou muito caro pra fazer e não tinha verba.
CONTINENTE Da última vez que a gente conversou, você falou que seria importante, já que o Recife é a Capital do Brega, que tivesse um show de brega ao ar livre, no Recife Antigo. Esse ano, no Carnaval, vai ter brega – e Conde Só Brega – no Marco Zero, no Rec-Beat e no palco principal do Carnaval de Olinda. Como você está se sentindo vendo isso acontecer com você e o brega? Como é, para você, esse reconhecimento?
CONDE Primeiramente, tenho que agradecer muito a Deus e às pessoas que me ajudaram e estão me ajudando até hoje. Eu tenho uma produtora, a On Produções, que contribui muito com isso. Tive, no começo do ano de 2022, a honra e a satisfação de começar o ano novo gravando um clipe com João Gomes e, aí, através do público dele, fui me infiltrando e o pessoal foi se acostumando com minha cara, com minha música, com minha voz. Hoje, agradeço a Deus, à On Produções e a todos os amigos que estiveram junto. Você fala reconhecimento, mas é trabalho. É aquele tipo de coisa: a gente só colhe o que planta. Graças a Deus, hoje estou colhendo o merecimento disso tudo. Estar nos grandes palcos, procurando fazer o meu trabalho da melhor forma possível. Você vê, eu sou um dos poucos cantores que cantam a noite todinha, quase não falo. Só as vezes, quando o produtor fica pegando no meu pé. Mas eu não paro o show, fica continuando. Sempre fui assim, sempre gostei de botar o povo pra dançar.
CONTINENTE E como é essa coisa de cantar música romântica? O que você acha que a música romântica tem que o povo gosta tanto?
CONDE Tudo que você faz que vem de dentro da sua alma, livre e espontaneamente, chama a atenção das pessoas. Porque elas estão vendo que é diferenciado. Eu acho que vem mais pelo talento da própria pessoa, pelo que a pessoa é, pelo jeito, pela forma. Tem artista que, quando começa a tocar a música dele na rádio, ele parece já não quer mais passar na rua que mora, quer passar escondido, bota uma coisa na cara e vai embora e não quer que ninguém veja ele, porque ele mora naquele cantinho humilde, aquela ruazinha ali que é humilde e simples. E tem outros que não, outros que nem ligam, como o Conde mesmo. Eu não ligo, ando pela Mustardinha, por San Martin, Bongi, na minha terra, na minha área. Sou da Mustardinha, nascido e criado com muito orgulho. E ainda moro lá, em San Martin, por trás da cavalaria. Que antigamente era Mustardinha, agora passou pra ser San Martin. Quando eu passo, o pessoal chama: “Conde, tudo beleza?”. E eu respondo de boa. Quando chegam para cumprimentar, cumprimento. Saio caminhando aquilo ali tudinho, não tem esse negócio comigo, não.
CONTINENTE Depois de todos esses anos enquanto artista, tem algo que você ainda queira fazer? Um sonho?
CONDE Rapaz… eu só queria morrer tranquilo mesmo, só isso. Morrer com a paz, sem precisar de seu ninguém. Não precisar de ninguém para estar me auxiliando nem nada. Que quando a morte vier, que ela venha numa boa, eu dormindo, sem me acordar mais e acabou-se. Peço a Deus para nunca precisar de ninguém, amanhã ou depois. Nem de filho, nem de parente, nem de amigo. Porque a pior coisa do mundo é você precisar e depender dos outros.
CONTINENTE O carnaval do Recife é conhecido, há anos, por ser multicultural, por ter a mistura de vários ritmos diferentes. Você canta brega, mas canta forró, canta rock, pega músicas e transforma em reggae. Como é que você faz essa mistura de ritmos? Podemos esperar alguma novidade para os shows do Carnaval?
CONDE Eu misturo mesmo, mas acho que tudo é dentro do mesmo contexto. O que você tocar, o povo curte. Às vezes, penso que queria cantar que nem os MCs. Esses caras cantam e as mulheres entram em frenesi, é uma loucura total, desmaiam, aquela coisa toda! Mas, no Carnaval, a gente vai tentar fazer um estilo misturando caboclinho, frevo. Tocar o nosso frevo autêntico, porque o Recife é a capital mundial do frevo, a gente tem que valorizar essa cultura. O Carnaval é uma festa popular onde se reúne um número de gente muito grande, especialmente no Galo. Para a gente, isso é motivo de orgulho porque, no mundo, só tem aqui mesmo, o frevo. No resto do Brasil, nos outros países, podem até fazer parecido, mas igual não.
ANTONIO LIRA, jornalista, músico, pesquisador, mestre em Comunicação e doutorando do PPGCOM/UFPE.