Ser invisível é mesmo uma forma certeira de encontrar a liberdade. E as descobertas que a menina vai fazendo sobre essa experiência incrível apontam também para o fato de que nem sempre estar livre significa alegria, pode ser também encarar o escuro úmido e sombrio do oco de uma árvore. Pode ser você se encontrar à beira de um penhasco, um penhasco encantador, com mar e céu azul, mas, ainda assim, um penhasco.
Imagem: Danilo Zamboni/Reprodução
As andanças da Sofia invisível, livre das rotinas entediantes (ou talvez tudo não passe de um delírio febril?…), são de busca, de inquietação, de perguntação. Quando a gente lê esse livrinho, não tem como não lembrar de Alice no País das Maravilhas, outra menina inquieta que a literatura nos deu, e de suas peripécias pelo mundo dos sonhos, atrás do Tempo, esse Coelho Branco. A sensação de leitura dos dois livros se parece um tanto: brincalhona, mirabolante e um tiquinho triste e angustiante, às vezes. Igualzinho à vida, que, quando fica adulta, ainda pode ganhar peso e seriedade.
Junto a esse enredo filosofante, A história invisível traz duas coisas saborosas: um texto que gosta de experimentar a linguagem, as imagens, os personagens, e os desenhos elegantes de Danilo Zamboni. Uma joia pequenina, uma menina cheia de caraminholas na cabeça convidando a gente a fazer o mesmo, can-ta-ro-lan-do.