Curtas

Uma menina que ficou invisível

Sobre a garota que se chamava Sofia, ou Bisnaguinha, e quis se tornar invisível. Eis uma pista do livro escrito por Sofia Nestrovski e publicado pela Fósforo

TEXTO Adriana Dória Matos

26 de Setembro de 2022

Imagem Danilo Zamboni/Reprodução

[conteúdo exclusivo Continente Online]

Dia 27 de setembro
é o dia dos Erezinhos (ou, como chamam, Cosme e Damião) e você sabe como são as crianças: cheias de imaginação e sonho. Tudo, mas tudo mesmo pode inventar uma criança, cada coisa linda. Para lembrar à nossa criança que ela está livre para acordar e passear por aí, vai uma dica de leitura para a data: A história invisível, de Sofia Nestrovski (Fósforo, 2022). Essa menina, que podia ser duas e se chamava Sofia, ou Bisnaguinha, quis se tornar invisível; este foi o presente dela para ela mesma no seu aniversário de sete anos. Assim ela podia ser órfã e livre, e andar por aí. 

Ser invisível é mesmo uma forma certeira de encontrar a liberdade. E as descobertas que a menina vai fazendo sobre essa experiência incrível apontam também para o fato de que nem sempre estar livre significa alegria, pode ser também encarar o escuro úmido e sombrio do oco de uma árvore. Pode ser você se encontrar à beira de um penhasco, um penhasco encantador, com mar e céu azul, mas, ainda assim, um penhasco. 


Imagem: Danilo Zamboni/Reprodução

As andanças da Sofia invisível, livre das rotinas entediantes (ou talvez tudo não passe de um delírio febril?…), são de busca, de inquietação, de perguntação. Quando a gente lê esse livrinho, não tem como não lembrar de Alice no País das Maravilhas, outra menina inquieta que a literatura nos deu, e de suas peripécias pelo mundo dos sonhos, atrás do Tempo, esse Coelho Branco. A sensação de leitura dos dois livros se parece um tanto: brincalhona, mirabolante e um tiquinho triste e angustiante, às vezes. Igualzinho à vida, que, quando fica adulta, ainda pode ganhar peso e seriedade.

Junto a esse enredo filosofante, A história invisível traz duas coisas saborosas: um texto que gosta de experimentar a linguagem, as imagens, os personagens, e os desenhos elegantes de Danilo Zamboni. Uma joia pequenina, uma menina cheia de caraminholas na cabeça convidando a gente a fazer o mesmo, can-ta-ro-lan-do.

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