“Com este livro, o meu propósito foi recontar alguns desses mesmos mitos para crianças e jovens, adotando, para isso, um formato de aventura ficcional. Afinal, os mitos, de origens e épocas diversas, povoam nossa imaginação em livros, revistas, filmes e outros meios de entretenimento. Mas os mitos apresentados neste livro já não são simples histórias de um povo que vivia do outro lado do oceano, são histórias africanas e também brasileiras”, disse Reginaldo Prandi, em texto divulgado pela editora Pallas.
Ao conhecer algumas narrativas dos odus, conhecemos ou reencontramos histórias de orixás africanos que, como diz o autor, são histórias brasileiras também. Na Décima quinta reunião, por exemplo, Oturá e Ejiocô contam uma passagem conhecida pelo povo de terreiro sobre o orixá Omolu, o “filho feio de Nanã” se transformou num famoso médico, “capaz de curar todas as pestes e todas as pragas”. Nessa narrativa, Omolu está bem tímido numa festa, escondido sob suas palhas, quando é abordado por Iansã, aquela que é capaz de “pôr fogo pela boca e de provocar o vento”. Ela lhe descobre as vestes com uma ventania, transformando em flores as chagas que lhe cobrem o corpo. É por isso que, nas festas para o orixá, se promove uma chuva de pipoca sobre os presentes, como símbolo de cura e prosperidade, pois, com saúde e as bênçãos de Omolu, podemos tudo. Na Quinta reunião, é contada a história de como Oxum, mãe das águas doces, transforma uma princesa em uma abundante cachoeira. São fábulas e mitos de origem africana importantes de serem conhecidos pelas crianças e jovens de todas as origens.
Como lembra a editora, Os príncipes do destino havia sido primeiramente lançado em 2001, pela extinta CosacNaify. Nesta nova edição, o livro inclui o texto Os iorubás e suas histórias, em que Prandi explica a origem dessa tradição, oferecendo também um breve glossário com as características de cada um dos orixás mencionados na publicação.
ADRIANA DÓRIA MATOS, jornalista, professora universitária, editora da Continente.