De pintura marcada por pinceladas impressionistas, de contornos soltos e várias camadas de tinta, o nome Durval Pereira acabou desaparecendo do meio artístico depois de sua morte, em 1984. Com preferência pelo figurativo, diferente da tendência abstrata da época, Durval se interessava por paisagens, casarios, marinas, e tinha uma relação especial com a cidade de Ouro Preto (MG), constantemente retratada em suas pinturas.
A história do artista é um tanto curiosa: de origem simples, enriqueceu pintando quadros, recebeu prêmios no Brasil e no exterior, e foi até professor do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, mas não há registro oficial de sua atuação acadêmica. Segundo seus parentes, foi opção do artista nunca ter sido representado por alguma galeria ou marchand – lidava com clientes em sua própria casa – e este foi um dos motivos pelos quais o artista acabou entrando no esquecimento, pois, até agora, ninguém da família havia tido o trabalho de promover e cuidar de sua obra.
Paisagem marinha (óleo sobre tela, 40 x 50 cm), 1981. Imagem: Reprodução
“Como muitas informações sobre Durval não foram confirmadas oficialmente, montei uma narrativa que é sobre um viajante e suas impressões sobre o Brasil. A mostra é um panorama da obra de Durval Pereira, mas é a também a narrativa desse viajante”, conta o curador e arquiteto Lut Cerqueira. A iniciativa de realizar a exposição partiu do colecionador pernambucano Ebron Oliveira, dono de todos os 240 quadros da mostra e fundador do Instituto Origami, que, junto ao patrocínio do Sesi, realizam a exposição, que conta ainda com tecnologia 3D para apreciação das pinturas e outros dispositivos de acessibilidade.
“Meu avô tinha um quadro de Durval Pereira na casa dele, que eu achava muito bonito. Um dia, em 2012, eu estava numa loja e uma pintura de Durval estava lá. A compra foi muito impulsionada por essa memória afetiva do meu avô. Depois de comprar o primeiro, encontrei à venda na internet muitas pinturas do artista. Foi então quando tive a ideia de começar a colecioná-lo”, diz Hebron, que adquiriu cerca de 300 obras ao longo de seis anos. O curioso é que, apesar de desconhecida no campo artístico brasileiro, a pintura de Durval Pereira foi bastante copiada, segundo o colecionador, que teve de destruir 80 obras falsas que havia adquirido pela internet. Supõe-se que tenha sido os alunos dele.