"Comecei bem cedinho, aos 12 anos, era um menino mesmo, mas já me via fazendo aquilo, que era tocar ao lado de outras pessoas", responde Gilú. O material de divulgação de Gilú Amaral & convidados – 25 anos de percussão informa que ele recebeu seu primeiro cachê "em apresentações com o Maracatu Camaleão". Gilson cresceu, virou Gilsinho e assim fundou a Orquestra Contemporânea de Olinda e Academia da Berlinda, bandas que fazem parte da sonoridade pop e do imaginário da juventudade pernambucana dessas primeiras duas décadas do século XXI. Tempos depois, assumiu um outro nome artístico, o Gilú que hoje enverga, e firmou parcerias com ícones como Naná Vasconcelos, Banda de Pau e Corda e Ave Sangria.
Uma outra faceta da sua atividade com música aflorou sem demora ou delongas. Produtor e curador (foi sua a curadoria do circuito Aurora Instrumental, que em março teve sua edição online), ele entendeu que os bastidores, e tudo necessário para que uma música fosse apresentada no palco, eram tão importante quanto a criação em si. “Com esse show, acho que quis mostrar a importância do processo criativo e de pensar no espetáculo com uma narrativa e uma sonoridade, trazendo o repertório dos meus anos como percussionista com esse cuidado para trazer uma produção primorosa”, comenta Gilú.
Para as gravações no recém-reinaugurado Teatro do Parque, transcorridas sob os protocolos de segurança e higiene que devem reger as interações humanas na vida sob a pandemia, Gilú convocou a Solare Produções e a Aurora Musical para cuidar da arquitetura e da estética da imagem - havia oito câmeras registrando em simultaneidade - e convidou artistas com quem já havia compartilhado momentos da sua história. Cláudio Rabeca, Lucas dos Prazeres, Juliano Holanda, Hugo Linns, Henrique Albino, Gabi Carvalho, Clécio Rimas, Alex Santana, Rogê Victor, Chris Nolasco, Aline Souza, Laís de Assis e Renata Rosa dividem o palco com ele nessas duas lives.
Gilú Amaral em foto de Costa Netto.
“Quis trazer toda a minha versatilidade nesse show comemorativo, por isso convidei grandes amigos, artistas de alta qualidade com quem pude compartilhar parte da minha história. O público vai ouvir um show com diversidade sonora, projeção de artes visuais e muito amor envolvido. Como me considero um artista camaleão, que adora descobrir várias linguagens e estilos musicais, sou versátil na alma e quero ganhar o mundo com minha arte", pontua o instrumentista.
Do repertório, constarão faixas de Percursos, seu primeiro show solo, de 2015, e também de Peji, o álbum pioneiro da sua carreira também solo - do qual pode-se pinçar várias candidatas a hit, como A nave e Africando. Para além dessas músicas lançadas em 2018, Gilú Amaral & convidados – 25 anos de percussão vai trazer vislumbres dos caminhos que o artista está a trilhar agora - um flerte com a música eletrônica, que rendeu o single La civilización, que saiu em julho de 2020 em parceria com o produtor e DJ Rimas.Inc, e o novo projeto O sopro e a percussão, em que ele aposta no diálogo entre duas grandes escolas e duas grandes paixões suas: a força melódia dos metais e a potência rítmica dos instrumentos percussivos. "Eu estou comemorando 25 anos de carreira mas também já pensando no que posso fazer depois, no que vem por aí. Estamos vivendo um momento de incerteza, mas é importante deixar os registros e também seguir na criatividade. Acho que a arte é, sem dúvida, um dos caminhos que podem nos salvar, então temos que seguir com ela", arremata Gilú Amaral.
Que assim seja. Por ora, prosseguimos com a arte sob o signo da virtualidade, como na celebração via YouTube. E quando a vacina chegar para todos (defendamos a ciência e o SUS!), voltaremos ao impacto incontornável de uma apresentação ao vivo.
SERVIÇO
Gilú Amaral & convidados – 25 anos de percussão
Quando: 24 e 25 de abril, às 16h
Onde: Canal do YouTube - https://www.youtube.com/channel/UCtUoNZX4bo-nPOv3JQUFyJw
LUCIANA VERAS, repórter especial da Continente.