A ideia de dar continuidade a Ressentimentos, sete anos depois, resulta da demanda dos fãs, que gostavam do modo visceral, cru e direto como o rapper cantava à época. “Eu quis fazer para homenagear meus fãs, que estavam na carência disso, mas depois eu tive cuidado com o que falar, você pode ver que eu não tenho papas na língua pra usar expressões mais duras. Eu coloquei o II para ser mais visceral, desprendido, o II é pessoal e não comercial”, comenta o rapper.
Não somente o rap é encontrado em abrangência no álbum, mas outros gêneros musicais relacionados à cultura negra, como o blues, jazz e o soul. Faixas como Nem tudo é só dor e Memórias póstumas de um liricista são exemplos disso. A produção do disco, no meio dessas influências, ficou sob a responsabilidade do DJ Caique. “Queria que soasse um disco antigo, um clássico”, explica Diomedes.
Ressentimento é quando temos uma mágoa, um rancor. Por diversas vezes, é dessa maneira que Diomedes Chinaski se porta: o modo como escreve e faz seu rap nos conduz a uma suposição de que ele estivesse verdadeiramente guardando tudo aquilo – memórias, afeições, experiências do cotidiano, decepções e afins – por muito tempo e, finalmente, as despejasse em forma de música. Na faixa Introdução de seu primeiro disco, ele diz: “porque é pelo ressentimento que a gente fixa a sensibilidade e fixa o pensamento no discurso”.
Para compor suas letras, Diomedes Chinaski conta que sempre leu autores que escreviam em primeira pessoa, citando Charles Bukowski como exemplo. É por isso que, inspirado e movido por essas referências, suas composições seguem também em primeira pessoa, até porque toda a temática de seus trabalhos, não só no seu novo álbum, é a sua vida em seus aspectos. “Faço música como um autotratamento psicológico, pra poder não enlouquecer. Faço para as pessoas em geral, mas existem pessoas que se identificam mais, existe um direcionamento para a periferia também. Me inspiro na relação de um jovem, pobre, com milhares de questionamentos internos, como ele se relaciona com o universo. Vem do desconforto. Não sei o que faria se não colocasse isso num local.”