Curtas

Coquetel Molotov: Mulheres são maioria no line up

Festival divulga sua programação que promete uma maratona de mais de 12 horas de shows no dia 21 de outubro

TEXTO Revista Continente

13 de Setembro de 2023

Brisa Flow trabalha com linguagens musicais misturando seu rap com cantos ancestrais, jazz, eletrônico e neo/soul

Brisa Flow trabalha com linguagens musicais misturando seu rap com cantos ancestrais, jazz, eletrônico e neo/soul

Foto Divulgação

O ambiente predominantemente masculino e machista da música vive plena mutação. Prova disso é o line up da 20ª edição do Festival No Ar Coquetel Molotov, com 60% de presença feminina. Dirigido por uma mulher, Ana Garcia, evento e público comemoram a diversidade sonora bem à brasileira e a cara do festival, com atrações entre veteranos, novatos e ímãs de público.

No dia 21 de outubro, a maratona de shows acontece no Campus da UFPE, às 15h, em três palcos distintos, mais de 12 horas de música e 35 artistas de vários estados brasileiros (ingressos já estão à venda no Sympla). Os já anunciados Luedji Luna (BA), FBC (MG), Tuyo (PR) e Irmãs de Pau (SP) se juntam às atrações reveladas nesta terça-feira, 12, na coletiva de imprensa do evento: Marcelo D2 (RJ) – que nunca tocou no Molotov – , Àttoxá (BA), Afroito (PE), Badsista (SP) e Boogarins Toca Clube da Esquina (GO). N.I.N.A. (RJ) e MC Luanna (SP) completam a lista de novidades.

Àttoxá e FBC farão shows especiais para o festival, convidando artistas como Ciel (PE) e Anna Suav (AM) com os baianos, e Uana (PE) junto ao rapper mineiro. Misturando dance music a rimas sobre amor, FBC lança o novo O amor, o perdão e a tecnologia irão nos levar para outro planeta. Já o grupo baiano vem com sua mistura de pagodão e ritmo urbano originário do samba, e sons periféricos de várias partes do Brasil e do mundo com o que há de mais contemporâneo na produção do "bass culture" mundial, do sound system à música eletrônica. Com o lançamento do seu novo álbum, "Groove" (2023), a banda inicia uma nova incursão musical, na qual faz intersecções do groove com o pagodão, a black music e o balanço do Brasil, amplificando a pluralidade da sua produção.

Os gêneros musicais predominantes são música eletrônica, samba, MPB, jazz, experimental, rap, hip hop e seus subgêneros drill, trap e grime. Segundo Ana, o hip-hop sempre foi o gênero musical que mais inova. “É uma programação que procurou escutar bem o que o público vem pedindo durante o ano", defende.  Da gringa, a curadoria trouxe ao Brasil, através do edital Cultura Circular do British Council, o produtor e MC londrino Gaika, que  apresenta seu último disco "Drift". Em seu recente trabalho, o músico convida a uma viagem em alta velocidade, onde amor, dor, brutalidade e beleza colidem em uma mesma obra musical, vívida e provocante. Em sua apresentação, Gaika vem se somar aos ritmos afrobrasileiros do Afoxé Oyá Alaxé, do bairro recifense de Dois Unidos. 

Direto dos anos 1990, Marcelo D2 faz show do seu novo disco, IBORU, traduzido livremente do yorubá, o título significa "que sejam ouvidas as nossas súplicas", sendo este o nome da turnê e manifesto da renovação do compromisso de Marcelo D2 com a cultura popular. "Marcelo D2 é um grande nome que vem ao festival com um show que traz a energia do samba e dialoga muito com o que está por vir no próximo ano, com o samba e o pagode participando ainda mais do line up de outros festivais de música", destaca a diretora do festival.

Luedji Luana dá voz a pautas raciais e feministas e já virou referência
da MPB contemporânea. Foto: Henrique Falci/Divulgação

A pedido do público, Luedji Luana está de volta ao Molotov com o recente Bom mesmo é estar debaixo d’água - Deluxe.  Voz ativa nas pautas raciais e feministas, a cantora se tornou referência da música popular brasileira contemporânea. Nome ascendente da cena grime e drill brasileira, N.I.N.A. fez parte da décima terceira edição do Poesia Acústica ao lado de nomes como MC Cabelinho, Xamã e L7nnon. A cantora conquista seu próprio público e vira sensação na cena carioca com seus versos cheios de rima e potência, caminhando como atração principal em grandes eventos.

Afroito (PE) vai apresentar o show do seu disco de estreia Menga
Foto: Divulgação 

Revelação pernambucana, Afroito é considerado a nova aposta da música contemporânea e popular. Em seu disco de estreia, Menga, o artista reverencia o coco e a ancestralidade na música. Morador da periferia de Olinda e adepto ao culto dos orixás, o músico traz em suas canções a influência de mestres do gênero, como Selma do Coco, Mestre Ana Lúcia, Aurinha do Coco e Mestre Galo Preto. 

Bixarte traz à tona a necessidade de dividir espaço com as travetis e pessoas trans. Foto: Divulgação

A paulista Bixarte vem com o show Traviarcado, apostando em ritmos latinos, etnopop, trap, batidas do dos terreiros de Kettu e influências de R&B. Com participações marcantes de artistas trans na produção das faixas, o disco traz à tona a necessidade básica das pessoas enxergarem as travestis e pessoas trans como iguais. 

Artista transdisciplinar, Brisa Flow trabalha com linguagens musicais misturando seu rap com cantos ancestrais, jazz, eletrônico e neo/soul. MC da cultura hip-hop e filha de artesãos araucanos, pesquisa e defende a música indígena contemporânea, a arte dos povos originários e o rap como ferramentas necessárias para combater o epistemicídio.


 

 

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