Quem visita o espaço encontra, logo na entrada, a memória: centenas de retratos antigos com rostos vazados, dispostos em painéis de vidro. São as boas-vindas dadas por Marcelo Silveira, cuja obra foi a única feita especialmente para a exposição. O artista encontrou as imagens em caixas de retratos, para onde iam as fotografias que costumavam ficar de fora dos álbuns de família.
Para Marcelo, trata-se de um trabalho que reflete o desamor e o amor: “O desamor de alguém descarta um álbum de fotografias. O amor de alguém que pega, trata, recorta e abre espaços, pois ao tirar o rosto da pessoa, tiro o que identifica e personaliza. As fotos entraram no meu trabalho numa observação das caixas de retrato, coletadas em brechós, feiras. São álbums muito bonitos e me despertou sobre quem era o herdeiro que descartou essas imagens". O artista convidado explica seu processo: "Recortei os rostos diretamente do material original. Quando se está diante de um material, você deve perder um pouco do respeito por ele. Entender o seu papel diante daquilo, entender quando ele deixa de falar enquanto material e passa a ser obra". Marcelo Silveira ainda expõe na galeria a obra Pele – Dois corpos, uma escultura flutuante em madeira.
Na mostra, destacam-se também as fotografias de Priscila Buhr. Impressa em versões pequenas, ao lado de versos inspirados em Hilda Hilst, a obra da fotógrafa nos convida à proximidade para que observemos as frases expostas em tamanho micro.Também foram convidados Fefa Lins, com o quadro Voyeristas, sobre a relação diante da exposição das redes, e André Nóbrega com seus Gansos canadenses. Estão presentes ainda na exposição Christina Machado, Valéria Rey Soto, Alcione Ferreira, José Barbosa, Luciano Pinheiro, Rinaldo, o coletivo Vacilante e Antônio Mendes.
“São apenas interpretações sobre esses trabalhos desses artistas. Eles não fizeram essas obras com essa intenção, é apenas algo que contextualizamos quando montamos a exposição. É uma exposição construída de maneira muito intuitiva, não muito acadêmica, pois é algo mais do coração que da razão”, sintetiza Cavani.
A coletiva fica em cartaz até o dia 14 de fevereiro. Mais informações aqui.