A pluralidade de vozes no Coquetel Molotov 2025
Em 2025, o evento comemorou sua 22ª edição no sábado (6) com apresentações de Gaby Amarantos, Duquesa, Don L, Shevchenko e diversas atrações
TEXTO Laura Machado
09 de Dezembro de 2025
O festival aconteceu no campus da UFPE
Foto Hannah Carvalho/Divulgação
Os portões de entrada para a 22ª edição do festival No Ar Coquetel Molotov foram abertos às 15h do sábado (6) e os primeiros frequentadores do evento já pareciam preparados para aproveitar a maratona de mais de 12 horas de música ao vivo. Com shows divididos entre os palcos Coquetel Molotov, Concha Acústica e Kamikaze, artistas já consagrados como Urias, Don L e Gaby Amarantos se juntaram a nomes em ascensão nacional e internacional, como é o caso da francesa Zaho de Sagazan.
Em 2025, o festival alcançou o título de Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco reafirmando o seu papel como fomentador da cena de música independente que sempre manteve para si. Surgido, em 2004, como um festival que reunia artistas do indie rock, a curadoria veio, ao longo dos anos, celebrando a diversidade de vozes pernambucanas, nacionais e internacionais, consolidando-se como um evento catalisador de descobertas musicais.
Na edição deste ano, não foi diferente e artistas de Pernambuco dividiram a grade de programação com bandas, cantores e cantoras de diversos estados brasileiros, além dos nomes internacionais da França e Colômbia, conquistando a plateia. “A energia foi de celebração e a gente sempre fica impressionado como o público realmente está aqui pela música", afirmou Ana Garcia, diretora do festival.

PLURALIDADE
A abertura musical do festival ficou a cargo da paulistana Pelados, que subiu ao palco da Concha Acústica pouco depois da entrada do público. Ainda não tão conhecida pelos pernambucanos, a banda se caracteriza pelo “pop desleixado” e conseguiu atrair um grupo de molotovers empolgados pertinho do palco.
Quem iniciou a programação do palco principal do festival, batizado de Coquetel Molotov, foi o Maracatu Feminino Baque Solto Coração Nazareno, que abriu mão do grande palco para se apresentar pertinho de quem acompanhava a tradição pernambucana. Logo depois foi a vez de mais uma mulher brilhar: a baiana Duquesa. Com músicas repletas de rimas de empoderamento feminino e alfinetadas espertas, a cantora e compositora mostrou toda sua presença no palco, atraindo o público a dançar e se divertir junto.
De volta ao Molotov depois de seis anos, a banda Terno Rei trouxe o indie para o palco da Concha Acústica. Formada pelos integrantes Ale Sater (voz e baixo), Bruno Paschoal (guitarra), Greg Maya (guitarra) e Luis Cardoso (bateria), a banda lançou o seu mais recente álbum, Nenhuma Estrela, em maio deste ano e apresentou as canções no Recife pela primeira vez. Antes de tocar “Relógio”, composta em parceria com Lô Borges e faixa do novo lançamento, Sater aproveitou para homenagear o artista, que faleceu no último 2 de novembro.
Feliz de estar de volta ao Recife, o vocalista contou à Continente sobre as composições do novo disco: “Nenhuma Estrela foi um álbum em que nós pudemos nos divertir muito no processo e sermos muito o que somos. É uma síntese da banda. É um álbum bem a nossa cara e feito com bastante magia, representa um momento de tranquilidade da gente fazer o que gosta”.

Também na Concha Acústica, os Guerreiros do Passo e Orquestra Popular do Recife transformaram o ambiente em festa de Carnaval. Descendo as escadas com a clássica apresentação de frevo que ganhou o Recife e os levou ao Festival de Cinema de Cannes com O agente secreto de Kleber Mendonça Filho, o público do festival foi à loucura com a grande festa.
Do outro lado do festival, o palco Coquetel Molotov recebia a atração colombiana Maiguai e, logo depois, a cantora francesa Zaho de Sagazan. Ainda que muitos não a conheçam por nome, Zaho foi a artista que cantou no encerramento das Olimpíadas de Paris e ficou mundialmente conhecida pelo cover de “Modern Love”, de David Bowie, que, inclusive, fez parte da trilha sonora do remake da novela Vale Tudo. Com sua voz dramática, ela cativou a plateia e arriscou falar várias frases em portugues para se conectar com a plateia
Urias já subiu ao palco completamente aclamada pelos gritos e salva de palmas da multidão que a esperava, inclusive murmurando várias vezes que “Urias é a Beyoncé do Brasil”. Trazendo o verdadeiro espetáculo de Carranca, seu último disco, o show contou com a participação do compositor Giovani Cidreira e de Don L, o ato seguinte. Com faixas famosas e performances discretas, o público cantou em volume alto com o rapper. O rapper pernambucano Shevchenko também se destacou na programação, animando o público com o brega funk tipicamente recifense.
Foi Gaby Amarantos quem finalizou a grande festa no No Ar Coquetel Molotov. Com o repertório do álbum Rock doido, ela entrou no palco quando o dia já estava amanhecendo, mas a energia seguia alta. O tecnobrega paraense agitou todos e, como forma de entrelaçar Recife e Belém, Gaby chamou Nega do Babado ao palco, afirmando que a capital do brega é tanto a capital pernambucana quanto a capital paraense.
No palco Kamikaze, a música eletrônica foi celebrada a noite toda. Nomes como DJ Marky, MC Thammy e CIA La Mafia, Mamba Negra, as DJs Cashu, Kontronatura e a recifense Metalluna estiveram por lá. Com originalidade, o som do palco misturou ritmos e instigou a dança.
