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Baile do Menino Deus aprofunda relação com a música pernambucana

Baile do Menino Deus

18 de Dezembro de 2024

Espetáculo vai ser realizado nos dias 23, 24 e 25, no Marco Zero

Espetáculo vai ser realizado nos dias 23, 24 e 25, no Marco Zero

Foto Hans Manteuffel/Divulgação

Neste 2024, o “Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal” completa 20 anos que passou a ser encenado no Marco Zero, na área central da capital pernambucana, onde leva milhares de espectadores para assistir ao já tradicional auto de Natal pernambucano. Criado, em 1983, por Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima, o espetáculo conquistou, neste ano, o título de Patrimônio Cultural Imaterial do Recife e vem se renovando, ao longo dessas quatro décadas, e acrescentando, a cada montagem, novidades. Esta edição, realizada nos dias 23, 24 e 25 de dezembro, às 20h, contará com a presença da cantora Lia de Itamaracá, dos maestros Spok e Forró e do músico Lucas Dan, que vai interpretar um José sanfoneiro, recitando, também, Manuel Bandeira.

A história do Baile do Menino Deus surgiu quatro décadas atrás, quando Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima idealizaram um auto de Natal sem a estética natalina preponderante no mundo (Papai Noel, árvores de Natal, trenós, neve, cores verde e vermelho) e, juntamente ao compositor Antonio "Zoca" Madureira, mesclaram cantigas, danças, brincadeiras, costumes, rezas, figuras folclóricas e outras linguagens da cultura brasileira. Dirigido pelo premiado escritor Ronaldo Correia de Brito, o espetáculo foi levado ao Teatro Waldemar de Oliveira como uma celebração da identidade nacional baseada na representatividade dos povos formadores - negros, indígenas, ibéricos - e na absorção de aspectos da contemporaneidade.

As canções foram somadas a três clássicos do reisado (“Jaraguá”, “Burrinha” e “Boi”) e materializadas em um disco gravado na extinta Rozenblit e lançado pelo selo Eldorado em 1983. Foram oito anos no Valdemar de Oliveira. E também encenado em escolas, ruas, pátios, teatros, terreiros, ONGs, assentamentos, quilombos, comunidades indígenas. A primeira edição no Marco Zero aconteceu em 2004 e se tornou um evento esperado dentro do calendário oficial daquele espaço público. Apenas nos anos anos da pandemia, 2020 e 2021, foram realizadas duas produções audiovisuais, no lugar da apresentação para o grande público ao ar livre.

O espetáculo vem buscando sempre inovar-se ao misturar a trama original com novas expressões contemporâneas, como o hip hop do grupo PE Original Style, e ao propor reflexões derivadas de dilemas históricos ou atuais, a exemplo da destruição ambiental. Pastoris, presépios, lapinhas, cantigas e danças tradicionais se encontram com passos de frevo, maracatu, cavalo marinho, boi para bordar uma versão extremamente brasileira da história universal. A ediçao deste ano concede fala - inédita em 41 anos - ao personagem José, interpretado, em 2024, pelo pesquisador, poeta, brincante e sanfoneiro paraibano Lucas Dan. O artista vai declamar um poema adaptado do pernambucano Manuel Bandeira. O músico contracena com a cantora, compositora, atriz e bailarina pernambucana Laís Senna, no papel de Maria pela segunda vez após a estreia em 2023. 

Lucas Dan vai interpretar José no Baile do Menino Deus
Foto: Divulgação

A edição de 2024 também conta, no elenco, com a presença de Lia de Itamaracá, a Rainha da Ciranda. A artista cantará nos palcos a música da burrinha Zabilin, como fez no segundo filme produzido sobre o espetáculo (disponíveis no YouTube). “Chamam Lia de Itamaracá deusa e rainha. Ela merece os títulos. Da vida quieta em sua ilha, cantando e dançando cirandas, Lia ganhou os palcos do Brasil e do mundo. Neste ano de 2024, a deusa e rainha da ciranda, nossa amada Lia de Itamaracá, estará girando conosco na roda do nosso Baile”, comemora Ronaldo Correia de Brito.

Lia de Itamaracá participou de filmagem em 2021 e, em 2024, sobe ao palco do Marco Zero. Foto: Morgana Narjara/Divulgação

A encenação ainda vai promover o encontro de dois dos principais maestros do frevo na atualidade: Spok e Forró. O primeiro conduz, há 20 anos, o tradicional arrastão do encerramento do carnaval recifense e têm em suas trajetórias apresentações com artistas renomados do Brasil e do mundo. “Sempre ouvi falar e nunca pude participar. O destino me colocava sempre em situações de desejar estar aqui. Até que, neste ano, vou realizar esse sonho. Estou muito feliz por participar do Baile, tão importante para a nossa cidade, o estado, o país”, festeja Spok. 

"Desde 2021, que o baile teve uma mudança radical. Porque antes nós trabalhávamos com uma orquestra no fosso. E aí nós acabamos com o fosso do palco e botamos a orquestra em cima do palco. Nós desfizemos o modelo de orquestra mais erudita e criamos uma orquestra bem popular. E aí nós podemos, cada vez mais, incorporar a cena musical pernambucana. Por exemplo, neste ano tem Spok, que, além de tocar, canta, Maestro Forró, que, no ano passado, já tocou, neste ano vai tocar também. Nós juntaremos Forró e Spok, esses dois grandes mestres, brasileiros, nacionais e internacionais que eles são. Dona Lia tinha cantado no nosso filme de 2021. E ficou sempre aquela vontade de que ela também cantasse no palco. E aí ela tá estreando conosco, o que é ótimo!", celebrou Ronaldo Correia de Brito, em entrevista ao site da Continente

A ópera popular é entremeada por música ao vivo, regida pelo maestro Rafael Marques. As canções são acompanhadas por dois coros: um infantil, sob batuta de Célia Oliveira, e outro adulto, formado por Carlos Filho, Cláudio Rabeca, Elon, Isadora Melo, Lucas dos Prazeres, Ricardo Pessoa, Silvério Pessoa, Sarah Leandro, Sue Ramos e Surama Ramos. Um corpo de baile formado por dez bailarinos completa o espetáculo musical, com coreografias de Sandra Rino.

O espetáculo escrito há 41 anos por Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima tem versão em livro com mais de 700 mil exemplares, se tornando paradidático distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) e vem inspirando inúmeras montagens Brasil afora. 

SERVIÇO
Baile do Menino Deus: Uma Brincadeira de Natal
Onde: Na Praça do Marco Zero do Recife (Recife Antigo, Recife)
Quando: De 23 a 25 de dezembro, às 20h
Acesso gratuito | Classificação: Livre
Duração: 80 minutos
Acessibilidade: Espaço reservado para pessoas com cadeira de rodas, Audiodescrição e Intérprete em Libras

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