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A Mulher do Peso tem estreia no São Luiz

Com exibição no sábado (10), às 18h, curta-metragem de Mery Lemos conta a história de Dona Zeta, que pesava as crianças de Carpina

09 de Maio de 2025

Dona Zeta e Mery Lemos em frame de A Mulher do Peso Divulgação

Dona Zeta conhece de perto a realidade da população da periferia de Carpina, cidade na zona da mata norte pernambucana. Por mais de trinta anos, ela visitou milhares de famílias, primeiro como voluntária da Pastoral da Criança, programa assistencial da Igreja Católica, e depois como Agente Comunitário de Saúde, programa governamental de assistência a crianças e gestantes, ambos criados entre as décadas de 1980 e 1990. Atualmente aposentada, aos 76 anos, Dona Zeta tem uma parte da sua vida contada no curta-metragem A Mulher do Peso, filme-memória escrito e dirigido pela produtora e cineasta Mery Lemos, filha de Dona Zeta, com lançamento neste sábado (10), às 18h, abrindo a Mostra Cinéticas no Cinema São Luiz, com ingressos gratuitos.

A Mulher do Peso é o apelido com o qual Dona Zeta ficou mais conhecida em Carpina por seu trabalho na assistência às comunidades pobres. Entre as suas tarefas, estava o acompanhamento do crescimento e nutrição das crianças por meio da pesagem mensal. Missão que exercia com zelo, munida de uma balança analógica, presa numa bolsa costurada por ela mesma, onde as crianças eram colocadas para serem pesadas. Na época, a região registrava altos índices de mortalidade infantil e materna. Era comum ver a imagem fúnebre dos ”enterros de anjinhos”, crianças que morriam antes do primeiro ano de vida por desnutrição, doenças virais de fácil tratamento, fome, de abandono. Fatores que tinham a ver com a falta de preparo das mães e a omissão do Estado com relação aos programas de saúde e assistências básicas.

Com 16 minutos e 45 segundos de duração, o curta poderia ser apenas um filme em homenagem à mãe da cineasta, uma dona de casa dedicada à família. Mas, ao contar o que Dona Zeta fez com o seu tempo livre, Mery Lemos lança um olhar para dois programas de assistência que fizeram a diferença na saúde da população mais pobre do Brasil e que têm as mulheres como protagonistas. “Estes programas foram protagonizados por mulheres de dentro de suas comunidades, que conheciam de perto a miséria, a fome e a falta de assistência. Estas mulheres se instruíram, se transformaram, viraram referência umas para as outras e salvaram muitas vidas. São estas pequenas grandes revoluções que precisam ser contadas cotidianamente”, destaca a cineasta.

A Mulher do Peso foi contemplado com o Edital de Ações Criativas para o Audiovisual - Lei Paulo Gustavo – PE. Além de Mery Lemos, que assina direção, produção executiva e divide o roteiro com Ezter Liu, a ficha técnica do curta-metragem tem Elisa Mendes na direção de fotografia, Caio Sales na montagem, Adalberto Oliveira na correção de cor e finalização, Tiago Martins Rêgo na Legenda para surdos e ensurdecidos, Ezter Liu e Olímpia Alves na Audiodescrição, que tem a consultoria de Rafael Braz, Mandy na Arte e Designer, Juliano Holanda na trilha sonora e Ezter Liu e Joana Terra na composição da música tema ("Força Fêmea").

MULTIARTISTA
Mery Lemos é fotógrafa, cineasta, produtora e realizadora cultural. Há quase 20 anos se dedica à realização cultural em Pernambuco, atuando em segmentos diversos como música, literatura, audiovisual e artes visuais. Através das lentes, a multiartista revela seu olhar particular sobre o mundo e sobre suas vivências entre o Recife e a Zona da Mata Norte de Pernambuco, registrando momentos, histórias e pessoas. Como cineasta, tem quatro curtas lançados: o documental Painho e o Trem (2016), a ficção Geisiely com Y (2017), o documentário/experimental Carpina, 11 de setembro (2024) e A Mulher do Peso (2025). Assinou a direção do álbum visual A verdade não existe (2024), de Juliano Holanda, e se prepara para lançar o quinto curta, Red Roses, ainda em 2025.

SERVIÇO
Lançamento do curta-metragem A Mulher do Peso - Mostra Cinéticas
Onde: Cinema São Luiz (R. da Aurora, 175 - Boa Vista)
Quando: Sábado (10), às 18h
Quanto: Ingressos gratuitos 
Classificação etária: Livre |
Duração: 16’45”

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