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As facetas de 65 pernambucanos

Leia trechos do livro ‘Pernambuco – histórias e personagens’, publicado pela Cepe Editora

TEXTO Paulo Santos de Oliveira

01 de Junho de 2021

Imagem ARTE SOBRE ILUSTRAÇÕES DE PEDRO ZENIVAL

[conteúdo na íntegra | ed. 246 | junho de 2021]

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ANA PAES,
uma mulher entre dois mundos
Ela esteve à frente da sua época, rompendo regras e costumes que impunham submissão ao seu gênero na sociedade luso-brasileira


“Mulher de família só deve sair de casa três vezes na vida”, rezava um ditado bem conhecido na época, “para se batizar, para se casar e para ser enterrada”. Ela, porém, com ajuda da sorte e das circunstâncias de momento, subverteu as regras. Provou ser capaz de administrar sozinha um dos maiores engenhos de Pernambuco. Teve uma vida social intensa na corte de Maurício de Nassau. Trocou de religião, passando de católica a protestante calvinista. Casou-se três vezes, com direito a viver um grande caso de amor entre o primeiro e o segundo matrimônio. E tudo lhe corria bem, até Nassau ser despedido do emprego de governador do Brasil Holandês e voltar para a Europa.

Então, os pernambucanos levantaram-se em armas contra os flamengos, que se viram de novo cercados no Recife, como nos primeiros tempos da invasão. O seu engenho foi totalmente destruído, numa batalha histórica, e a sua vida ficou bem difícil.

TRAJETÓRIA INCOMUM
Ana Paes Gonsalves de Azevedo nasceu em 1617, filha de um casal pernambucano de muitas posses, e cresceu alta, bonita e elegante. Casou muito nova, como então era costume, com o capitão Pedro Correia da Silva, recebendo como dote o Engenho Casa Forte, o maior da várzea do Capibaribe, fundado pelo seu avô, Diogo Gonsalves. Seu marido, porém, morreu lutando contra os holandeses que invadiram Pernambuco, em 1630, deixando-a viúva aos 18 anos de idade; e, para surpresa geral, a jovenzinha assumiu pessoalmente a administração da sua propriedade, assim como a da própria vida.

Por sorte, ao contrário de praticamente todas as mulheres daquele tempo, pois nem às mais ricas se ensinava a ler e a escrever, seus pais lhe haviam dado uma boa educação, e Ana rapidamente aprendeu a lidar com os fornecedores de cana, com os feitores, com os comerciantes etc.  etc., conseguindo manter seu engenho entre os dez mais produtivos de Pernambuco, em meio a uma guerra. E, nesse entretempo, ainda viveu um caso de amor apaixonado com André Vidal de Negreiros, um dos comandantes da resistência luso-brasileira aos flamengos.

Os invasores, porém, conquistaram Pernambuco, finalmente, em 1635, e André Vidal partiu para o exílio na Bahia, seguindo seu comandante, Matias de Albuquerque, ao lado de 8 mil pernambucanos desesperados.

Ana, contudo, dando provas do seu espírito independente, entre o seu amor e a sua propriedade, optou pela segunda. Preferiu ficar, tocando o seu engenho.

NOVOS HORIZONTES
Então, Maurício de Nassau chegou, em 1637, e a jovem senhora, tornando-se frequentadora da sua corte, descobriu que os protestantes do norte da Europa eram bem mais liberais no trato com as mulheres do que os católicos do sul. Nas festas, por exemplo, as holandesas, inglesas, alemãs, bebiam alegremente e bem mais do que os homens, para escândalo dos portugueses, espanhóis e brasileiros.

Aqui e acolá, Ana também via esposas de soldados passarem horas acorrentadas em praça pública, expostas ao sol, porque haviam sido infiéis aos maridos. E viu até algumas damas elegantes sendo açoitadas pelo mesmo motivo. Os maridos traídos, porém, não as matavam, como era a regra entre a sua gente.

Animada com aquela nova realidade, bem mais interessante que a antiga, Ana logo aprendeu a falar alemão e flamengo e casou-se com o capitão Charles Tourlon, comandante da guarda pessoal de Nassau, adotando a religião calvinista e tendo com ele uma filha, batizada com o nome de Isabel. Um casamento, aliás, bem de acordo com a política do conde, que incentivava as uniões entre flamengos e luso-brasileiros para aproximar esses povos e consolidar a ocupação.

Inesperadamente, contudo, Nassau mandou prender Tourlon, acusando-o de traição e despachando-o de volta para a Europa; e o capitão se foi, levando consigo a pequena Isabel. Daí, como o episódio não foi bem esclarecido, as más línguas logo aventaram a hipótese de que Nassau, interessado na bela pernambucana, quisera descartar o marido inconveniente — tal como o rei Davi se livrou do valente soldado Urias, esposo de Betsabé, pela qual se apaixonara, conforme narra a Bíblia. Um boato, provavelmente, sem fundamento, já que Nassau nunca demonstrou muito interesse pelo gênero feminino, tanto é que não casou nem deixou registro de nenhum filho ou filha bastardo/a.

Ana, então, passou a viver com Gilberto With, conselheiro de Justiça do governo flamengo, com quem se uniu legalmente em 1645, pela terceira vez, após chegar ao Recife a notícia da morte de Charles Tourlon. Naquele ano, contudo, começou a Restauração, e o Engenho Casa Forte serviu de palco a um episódio vergonhoso para a bandeira flamenga.

BATALHA HISTÓRICA
Um ano após a partida de Nassau, os pernambucanos se rebelaram, sob o comando de João Fernandes Vieira, e os holandeses foram surpreendentemente derrotados já na primeira batalha, travada no Morro das Tabocas, distrito de Santo Antão, no dia três de agosto de 1645. Então, o que restou do exército flamengo, marchando de volta para o Recife, arranchou-se na propriedade de Ana Paes. E de lá, por vingança, foi despachado um destacamento que sequestrou esposas e outras mulheres aparentadas com os líderes rebeldes, abrigadas no povoado da Várzea, a pouca distância.

Ao saber do ocorrido, o exército nativo, aquartelado em Tejipió, acudiu imediatamente, chegando ao Engenho Casa Forte no dia 17 de agosto. Cercados, os flamengos refugiaram-se na casa-grande do engenho, mas foram atacados com fúria e completamente batidos, tendo a derrota lhes custado 37 mortos, muitos feridos e mais de 300 prisioneiros, além de grande quantidade de armamentos, cavalos e víveres.

E o engenho de Ana foi totalmente destruído.

A partir daí, a pernambucana, seu marido holandês e os dois filhos do casal, Cornélio e Elizabeth, começaram a passar dificuldades. Tal como nos primeiros tempos da “guerra velha”, entre 1630 e 1637, os flamengos foram novamente cercados no Recife e voltaram a depender dos suprimentos enviados da Europa. Honger (fome) era a palavra mais comum nas Generale Missiven, os relatórios enviados para a direção da Companhia das Índias. Um drama que ficou ainda pior quando a Grã-Bretanha declarou guerra aos Países Baixos, em 1652, prejudicando o envio de suprimentos para Pernambuco, e só terminou em 1654, com a capitulação holandesa.

Nas negociações de rendição, Ana foi considerada da mesma nacionalidade que o marido e pôde partir com ele para a Holanda, onde reencontrou sua filha, Isabel. Mas perdeu todas as suas propriedades e morreu por lá, em 1674, sem jamais voltar à terra natal.

Anos depois, após um tratado firmado com Portugal, seus herdeiros moveram e ganharam uma ação indenizatória pelos bens da família. E o antigo pátio do Engenho Casa Forte se tornou uma bela praça, nos anos 1930, com o primeiro jardim público criado pelo grande paisagista Burle Max.

JERÔNIMO FURTADO,
o Xumbregas
Prepotente e corrupto, ele foi o primeiro governador português expulso pelos pernambucanos nos tempos coloniais



Quando o viático passou à sua frente, pela Rua de São Bento, em Olinda, na tarde de 31 de agosto de 1666, ele não hesitou: apeou do cavalo, descobriu a cabeça e foi atrás, também. Tratava-se de um pequeno cortejo, popularmente chamado de “Nosso Pai”, levando a eucaristia para um doente grave, sem condições de sair de casa, e o costume mandava que quem cruzasse com um deles deveria segui-lo. Ainda mais porque, naquele caso, era o vigário da paróquia de São Pedro Mártir, Estevão dos Santos, que portava a hóstia consagrada, ladeado por vereadores e oficiais da Câmara Municipal. O moribundo, portanto, devia ser algum “principal”, e não seria boa política descumprir a tradição, em tais circunstâncias.

Mas, para sua imensa surpresa, a comitiva estacou no adro da igreja de São Pedro, onde ele foi cercado, recebeu voz de prisão, e depois trancafiaram-no numa cela do Forte do Brum. Algo inimaginável, até então, porque jamais, em tempo algum, um governador de província portuguesa havia sofrido tamanha afronta por parte dos seus governados.

CULPADO DE SER PORTUGUÊS
Nomeado capitão-general de Pernambuco pelo rei Afonso VI, o português Jerônimo de Mendonça Furtado assumiu o posto em março de 1664, sendo mal recebido pelos nativos. Logo ganhou o apelido de “Xumbregas” por ostentar um volumoso bigode, semelhante àquele usado pelo marechal francês Armando Frederico von Shömberg, comandante do exército português na guerra de libertação contra a Espanha.

Ora, fazia apenas dez anos que os holandeses haviam sido expulsos de Pernambuco e a elite local sonhava reviver as glórias do primeiro século da colonização, quando essa capitania era a maior produtora de açúcar do mundo; e sua capital, Olinda — incendiada pelos invasores, em 1631 —, era chamada de “Pequena Lisboa” e “Cabeça do Brasil”. Tendo sido responsáveis pela derrota flamenga, que garantira para Portugal a posse de uma área vastíssima, estendendo-se de Sergipe ao Maranhão, os principais pernambucanos cobravam a gratidão real. Eles queriam recuperar ao menos parte da antiga autonomia, a começar pela escolha dos governadores, que, a seu ver, deveriam ser filhos da terra, e não estrangeiros impostos pela coroa.

Mas Afonso VI, “o Vitorioso”, não deu ouvidos àquelas ousadias e nomeou para o cargo Jerônimo Furtado, um sujeito arrogante e desprovido de qualquer escrúpulo, que passou a governar como um tirano. Ele interferia nas decisões do judiciário; mandava executar débitos arbitrariamente para sequestrar os bens dos proprietários endividados; metia-se com assuntos da Igreja e nomeava seus cupinchas, ilegalmente, para os cargos públicos.

Por fim, tinha uma antiga desavença pessoal com João Fernandes Vieira, o homem mais rico da capitania.

DE FATO, NADA DE NOVO
O Xumbregas, na verdade, não fez nada que outros em posição semelhante à dele também não fizessem. Mas, em Pernambuco, os ladrões vindos de fora não eram bem-aceitos pelos locais, que se puseram a conspirar.

Homens como o juiz de Olinda, André de Barros Rego, e os vereadores Lourenço Cavalcanti e João Ribeiro, entre outros, passaram a se reunir na casa do senhor de engenho João de Novalhaes y Urrea para planejar como e quando o golpe seria dado.

A ocasião surgiu durante a passagem de uma esquadra francesa pelo litoral. Visando conquistar apoio popular para a conjura, eles mandaram espalhar que aqueles piratas pretendiam atacar e saquear o Recife e Olinda com a conivência do governador. Então, engendraram e executaram o golpe do “Nosso Pai”.

Atraiçoado e deposto, o Xumbregas foi despachado para Salvador apenas com a roupa do corpo, ou “sem o necessário para o trato e uso da minha pessoa, nem malotagem para a viagem”, conforme protestou no seu relatório ao rei. Os revoltosos, por sua vez, conscientes de que seu ato fora uma insubordinação gravíssima, coisa jamais vista antes, pois o vice-rei, na Bahia, e os governadores de Pernambuco e do Rio de Janeiro não somente eram as maiores autoridades como representavam a própria figura de Sua Majestade Real, no Brasil, também apresentaram suas alegações.

Para minimizar seu atrevimento, eles acusaram Furtado de embolsar impostos devidos à Fazenda Real, de permitir o comércio ilegal com naus francesas e de fazer negócios com pau-brasil, que era monopólio da Coroa — o que não deixava de ser verdade.

O Xumbregas, por sua vez, alegou que o golpe se deveu, principalmente, às maquinações dos pernambucanos, insatisfeitos com a nomeação um governante português, e, ainda, ao ódio que lhe votava João Fernandes Vieira, um homem vil, enriquecido à custa das fortunas alheias — o que era fato, igualmente.

Para ele, João Vieira seria

[…] devedor de grandes somas de dinheiro a muitas pessoas, assim como de fazendas, engenhos e terras que traz usurpadas violentamente, e com essas insolências se tem feito rico e poderoso, passando do mais humilde estado ao maior. Sua condição é maquinar levantes e motins, ordenando tudo à sua conveniência particular, porquanto se deixou viver entre os holandeses, conformando-se com esses não só nos costumes como na lei, faltando às obrigações de cristão, como é notório, e depois, para ficar com a fazenda que tinha deles, se passou ao exército de Vossa Majestade com a capa do zelo.

O Xumbregas, porém, omitiu a existência de um velho desentendimento, surgido quando João Vieira governava Angola e por lá interferiu em certos negócios do traficante de escravos Luís de Mendonça, seu irmão e sócio.

DEGREDO NO ORIENTE
Chegando a Portugal, o Xumbregas foi solto, sob alegação de que as provas contra ele foram obtidas ilegalmente. Mas voltou à prisão, tempos depois, por participar de uma conspiração contra o rei Afonso promovida pelo irmão de Sua Majestade, o príncipe Pedro. Por conta disso, foi degredado e findou morrendo na Índia.

Ao Conde de Óbidos, então vice-rei do Brasil, sediado na Bahia, coube lidar com os revoltosos pernambucanos. E ele, agindo com prudência, para evitar um confronto maior, nomeou governador temporário o paraibano André Vidal de Negreiros, veterano e muito respeitado comandante da guerra holandesa, que já havia administrado a capitania. A segunda gestão de Vidal, entretanto, durou pouco mais de um ano, pois em junho do ano seguinte já foi empossado outro português, Bernardo de Miranda Henriques.

Os implicados na deposição do Xumbregas também não receberam nenhum castigo, talvez devido à fraqueza do rei que, naquele momento, disputava o trono com seu irmão. Essa impunidade fortaleceu ainda mais o “nativismo” pernambucano, que gerou outra revolta, em 1710, e provocou a segunda expulsão de um governador luso.

GANGA ZUMBA,
o grande senhor
Ele experimentou algo jamais feito antes, em décadas de luta contra os brancos, mas o resultado não foi o que esperava


Ao longo de um século, o Quilombo dos Palmares sofreu inúmeros ataques, todos repelidos. Em geral, com poucos prejuízos. No ano de 1677, porém, uma “entrada” conduzida por um experiente capitão teve melhor resultado e impôs muitas perdas aos quilombolas. Inclusive, ao Grande Chefe, cuja família foi duramente atingida.

Então, o governador de Pernambuco aproveitou aquele momento de fraqueza do inimigo para lhe fazer uma proposta. Seria algo novo, jamais, até aí, cogitado. E o líder palmarino aceitou, sem imaginar os problemas que enfrentaria daí para frente.

TROIA BRASILEIRA
“Sem negros não há Pernambuco”, já dissera o Padre Antônio Vieira. E estava certíssimo. Nessa capitania, que vivia da produção de açúcar, os pretos eram os pés e as mãos dos brancos. Até os holandeses que, quando lá chegaram, enfrentaram dilemas de ordem moral e religiosa para assimilar a prática do cativeiro, não tardaram a aderir a ela. Daí o perigo representado por Palmares, o maior quilombo do Brasil.

Aquele ajuntamento independente de escravos fujões, mulatos e índios significava mais do que uma afronta à soberania da coroa. Além de ocupar terras valiosas, sua presença era uma ameaça constante às vidas e aos bens dos moradores das vilas e engenhos das cercanias. E o pior de tudo: fazia os cativos sonharem com a liberdade; era um estímulo permanente à indisciplina; um chamado constante à rebelião; um perigoso canto de sereia, enfim, que precisava ser silenciado. Daí as dezenas tentativas de destruí-lo, durante mais de cem anos.

Chamado pelos negros de Angola Janga — “Angola Pequena”, em língua bantu —, Palmares começou a ganhar importância, de fato, quando os holandeses invadiram Pernambuco, em 1630, e o caos da guerra favoreceu a fuga de escravos.

Meio século depois, sob o comando de Ganga Zumba — “Grande Senhor”, em bantu —, um negro da etnia arda, famosa pela sua robustez, valentia e rebeldia, o quilombo ocupava um território vastíssimo. De norte a sul, ia do Cabo de Santo Agostinho ao Rio São Francisco e avançava muitas léguas pelo interior adentro, abrigando de 20 a 30 mil almas, divididas em vários povoados chamados de “mocambos”, ou “cercas”.

Lá, num terreno muito fértil, os palmarinos viviam muito bem da caça, da pesca, da coleta de frutas e do plantio de diversos cereais e hortaliças, além da “liamba”, “maconha” ou “fumo de Angola”, que os alimentava de sonhos. Também praticavam a cerâmica e a metalurgia; fiavam panos; e, em tempos de paz, comerciavam com as povoações vizinhas, cambiando alimentos e objetos de barro por ferramentas, armas e munição.

A língua que falavam era própria, resultante de uma mescla dos idiomas de muitas raças e culturas distintas, e a religião oficial era um arremedo de catolicismo. Mas suas festas eram bem africanas, com batuques que se ouviam a grande distância e dançarinos animados por um vinho extraído dos cocos das muitas palmeiras existentes na região.

“Folga, negro, branco não vem cá”, eles cantavam. “E se vier, pau há de levar”.

UM PLANO BEM-URDIDO
Os holandeses foram os primeiros a combater seriamente Palmares, sem resultado. E, após a Restauração, em 1654, o quilombo se tornou o maior pesadelo dos colonos e dos governos portugueses. Sua prosperidade causava medo; os prejuízos provocados com as fugas de escravos e outras tropelias eram cada vez maiores; e ele parecia invencível até Ganga Zumba ser batido pelo capitão Fernão Carrilho.

Naquele confronto, morreu Toculo, um dos filhos do Grande Senhor, e dois outros, Zambi e Acaiene, foram capturados, juntamente com uns 20 sobrinhos e netos. Seus dois principais generais, Ganga Muíça e Acaiuba, também foram mortos, e ele próprio levou uma flechada, mas conseguiu se escafeder pela mata adentro, deixando para trás sua espada e uma pistola dourada.

Então, entrou em cena a esperteza do governador Pedro de Almeida.

Em vez de mandar degolar os prisioneiros, como de costume, o português ofereceu libertá-los e cessar as hostilidades. Em troca, os palmarinos deveriam submeter-se à sua autoridade e mudar-se para a região de Cucaú, coberta de matas virgens, onde poderiam ter “comércio e trato” livre com a vizinhança — como, por exemplo, com a vila de Serinhaém, que ficava a cinco léguas de distância. Mas teriam de devolver todos os escravos fugidos — os não nascidos em Palmares — que lá se abrigavam.

Muitos brancos criticaram a proposta, pois julgavam desonroso qualquer acordo com aquela “infesta canalha”. A outros, ela pareceu favorável demais aos negros. Contudo, a nova postura de negociar, em vez de continuar agredindo, tinha um bom motivo por trás, qual seja, a ocupação das terras palmarinas.

Ora, até aí, a luta com os quilombolas se travara apenas pela posse de escravos. Próximo ao final do século XVII, porém, o território onde eles viviam, unanimemente considerado o melhor da capitania, já era muito cobiçado. Para ocupá-lo, entretanto, era preciso tirar os negros de lá — algo jamais logrado antes e que, certamente, nem tão cedo se lograria —, e o governador entendeu que chegara o momento de trocar a força pela astúcia.

DERROTADO PELO IMPREVISTO
Em junho de 1678, arribou no Recife uma comissão quilombola que causou grande alvoroço. Portando arcos e flechas, os negros vinham quase nus, apenas com as “partes naturais” cobertas com peles ou panos, segundo uma testemunha da época. Tinham as barbas “umas trançadas, outras corridas, outras raspadas”, sendo “corpulentos e valorosos todos”. Ao se encontrarem com Dom Pedro de Almeida, ajoelharam-se, abaixaram as cabeças e bateram palmas, saudando-o à moda africana. E, em novembro, o próprio Ganga Zumba veio assinar o acordo.

O imprevisto, porém, entrou em cena, pouco depois, para acabar com a festa — ele era jovem, coxo de uma perna, e atendia por um apelido que significava “defunto”, ou “renascido” em língua bantu.

Zumbi, comandante de um dos mocambos de Palmares, se pôs contra o acordo, acusando Ganga Zumba de ter falhado como general, pois comandou suas tropas em estado de embriaguez, daí sua derrota.

Além de ser corrupto.

Contudo, a cláusula do contrato que previa a devolução ao cativeiro de todos os não nascidos em Palmares foi o motivo maior da revolta. Para a maioria dos palmarinos, aquilo era inaceitável.

Zumbi, então, marchou com seus liderados em direção aos outros mocambos, enfrentando pouca resistência, e o Grande Chefe teve de se retirar às pressas para Cucaú, com apenas 300 ou 400 seguidores, prometendo voltar para “libertar” os que haviam ficado.

Seu calvário, porém, estava apenas começando.

Em Cucaú, eles passaram a sofrer assédio dos brancos. Sob o pretexto de temer o “perigoso bando” de negros ali arranchados, os proprietários da região, contrariando o governador, cercaram a área, impedindo que vingasse o prometido “comércio e trato com a vizinhança”. Pior que isso: começaram a invadi-la para capturar quilombolas, alegando que se tratava de escravos fugidos.

Nessas circunstâncias, cada vez mais desgastado e enfraquecido, Ganga Zumba foi envenenado por alguns seguidores que se sentiram traídos por ele, no ano de 1679. E o comando de Palmares passou definitivamente para Zumbi, que ganharia fama de imortal e se tornaria uma lenda no Brasil.

PEDRO PEDROSO,
o Pardo do Recife
Soldado valente e abolicionista radical, seu projeto era fazer do Brasil um novo Haiti, habitado somente por negros e mulatos



Na primeira quinzena de maio de 1817, comandando o Forte de Cinco Pontas, no Recife, ele aguardava a chegada do exército que vinha da Bahia para derrubar a república proclamada em Pernambuco dois meses atrás. Mas o general Domingos Teotônio, então à frente do governo revolucionário, decretou a retirada das suas tropas da cidade e não houve combate.

Em setembro de 1824, a situação se repetiu. Ele estava novamente prestes a lutar pela posse do Recife. Daquela vez, porém, do lado oposto, marchando com um exército despachado do Rio de Janeiro para abafar mais um movimento democrático nascido em Pernambuco, sob o comando de seus antigos camaradas, revolucionários de 1817: a Confederação do Equador.

Porém, não se julgava um traidor, já que, no seu entendimento, as suas metas políticas estavam acima e além daquelas fúteis pendengas entre republicanos e monarquistas. E as vantagens pessoais que ganhou para virar a casaca também pesaram, é claro, a favor dessa mudança.

PARTEIRO DA REVOLUÇÃO
De origem humilde, porém muito inteligente, valente e enérgico, Pedro da Silva Pedroso — também conhecido como “o Pardo do Recife” — abriu seu caminho na vida à custa do próprio esforço. Alistou-se como praça no Regimento de Artilharia e chegou a capitão, o posto máximo que um mulato brasileiro de pele bastante escura podia aspirar no exército português, e tornou-se conhecido, respeitado, temido e amado no meio do povo, assim como virou o xodó da mulherada. Além das escurinhas, ele também arrancava suspiros de muitas brancas “de família” que, por trás das gelosias, o viam passar pelas ruas, alto, bonito, elegante, com suas longas costeletas e fartos bigodes, sempre montando cavalos magníficos.

Quanto à sua ideologia política, toda ela podia ser resumida num conhecido ditado popular: “Preto, em festa de branco, é o primeiro que apanha e o último que come”.

As causas pela qual o Pardo do Recife lutava eram, em primeiro lugar, a sua gente, os pretos e mulatos, escravizados ou livres, mas sempre desvalidos. E, em segundo, os seus próprios interesses, é claro, pois ele também estava longe de ser santo — um São Benedito, se fosse o caso, mas, certamente, santidade não era com ele.

No dia 6 de março de 1817, Pedro Pedroso serviu como parteiro da revolução republicana. Quando o capitão José de Barros Lima, o “Leão Coroado”, não acatou uma ordem de prisão e matou o brigadeiro português Manoel Barbosa, foi ele que, empunhando a espada ensanguentada do Leão, assumiu o comando do Regimento de Artilharia do Recife e proclamou o início do levante.

Além disso, foi ele que, logo em seguida, sem titubear, mandou fuzilar o coronel Tomás de Aquino, enviado pelo governador português Caetano Pinto para parlamentar com os militares rebelados, assim impedindo que o recém-nascido movimento fosse sufocado no berço.

Dias depois, já instalado um governo provisório em Pernambuco, Pedroso repetiu o feito, invadindo a sala onde os cinco governadores estavam reunidos e ameaçando de morte um deles, o advogado José Luís Mendonça. Com isso, forçou Mendonça a retirar sua proposta de buscar acordo com o príncipe Dom João, que estava prestes a ser aprovada.

Foi o Pardo ainda que, com muita luta, conseguiu arrancar daquele governo o primeiro ato abolicionista já decretado no Brasil, concedendo alforria aos escravos que se alistassem no exército pernambucano. E foi ele que, pessoalmente, treinou a primeira tropa de cativos assim libertos.

Finalmente, foi também quem mais insistiu para que se tratasse com rigor os inimigos da revolução. Para dar exemplo, até mandou fuzilar três desertores da tropa em praça pública, por conta própria, sem julgamento nem ordem superior. Mas os governadores provisórios não o escutaram — foram frouxos, “cagarolas”, em sua opinião —, a república caiu e o seu desencanto começou.

MAIS DISCRIMINAÇÃO
Como dezenas de outros patriotas, Pedro Pedroso foi preso e despachado para a Bahia, e lá sentiu a discriminação doer ainda mais porque partia dos seus próprios companheiros de cela. Os negros eram, de fato, os primeiros a apanhar e os últimos a comer, e não apenas nas festas dos brancos, mas até na cadeia, junto com eles!

Aí ele perdeu o pouco respeito que ainda tinha pelos republicanos. Estes, aliás, seriam até piores que os outros brancos, porque iludiam os pretos com falsas promessas.

Ora, se eles, de fato, praticassem a liberdade, a igualdade e a fraternidade que tanto pregavam, a escravidão não teria cessado nos Estados Unidos quando aquele país ficou independente, em 1783? E por que ela não fora extinta nas colônias francesas após a Revolução de 1789? Certos mesmo, para ele, estavam os negros do Haiti, que mataram ou expulsaram todos os brancos daquela ilha em 1804.

Após a anistia de 1821, mais segregação. Pedroso não foi libertado, como os outros revolucionários sobreviventes, mas enviado para Portugal, acusado de mandar matar o coronel Aquino. Felizmente, foi perdoado; voltou para sua terra; e lá estava, em fevereiro de 1822, quando foi procurado por Antônio de Menezes Drummond, agente do ministro José Bonifácio, que andava às turras com Gervásio Pires, então presidente da junta que governava Pernambuco.

Naquela época, Bonifácio defendia que o Brasil proclamasse a independência de Portugal e se tornasse um império, regido pelo príncipe Dom Pedro. Gervásio, porém, temia que, indo por esse caminho, as províncias continuassem a ser oprimidas e exploradas pela corte do Rio de Janeiro, e vacilava em apoiar essa proposta.

Drummond não teve dificuldade em ganhar o Pardo do Recife para a sua causa, com promessas de melhorias de vida para o povo e aumento de soldo para os militares. Então, fazendo uso do seu prestígio popular, Pedroso agitou as tropas e as massas até que, em setembro, derrubou o governo de Gervásio, sendo premiado com o Comando das Armas em Pernambuco.

Mas o novo governo, a “Junta dos Matutos”, formado por senhores de terras e de escravos, também não nutria grande simpatia pelas causas abolicionistas e populares, e ele resolveu dar um passo à frente.

Achando que as circunstâncias lhe eram favoráveis, pois os “matutos” estavam divididos em duas alas — uma formada dos senhores de engenho da Mata Sul, liderados pelo morgado (herdeiro) do Cabo, Francisco Paes Barreto, e outra composta pelos plantadores de algodão da Mata Norte, tendo à frente Francisco Gomes dos Santos — ele sublevou o 3º e 4º regimentos, os “Bravos da Pátria” e os “Montabrechas”, formados por negros e mulatos, respectivamente. E, no dia 21 de fevereiro de 1823, o Recife foi tomado por uma malta de pele escura, dando vivas ao Haiti e entoando uma modinha então bastante popular:

Marinheiros [portugueses] e caiados [brancos]
Todos hão de se acabar
Só os pretos e mulatos
O Brasil vão habitar

A “Pedrosada”, porém, foi rapidamente abafada, com o Pardo do Recife sendo preso e despachado, dessa vez, para o Rio de Janeiro. E lá estava quando os pernambucanos se rebelaram novamente, em 1824, proclamando a Confederação do Equador.

Foi aí que o imperador Pedro I, sabendo da liderança que ele exercia sobre o povo pobre daquela província, lhe ofereceu anistia e o comando das tropas de volta em troca do seu apoio. E Pedro Pedroso aceitou participar de mais uma festa de brancos, ainda com a esperança de que um dia, no Brasil, os pretos e mulatos deixassem de ser os primeiros a apanhar e os últimos a comer.

Nessa expectativa ele viveu até morrer de velhice no Rio de Janeiro.

NATIVIDADE SALDANHA,
poeta e revolucionário
Destacado participante de duas revoluções em Pernambuco, ele criou fama como poeta até mesmo em outros países, mas teve um final trágico


Já tendo sofrido muitas desventuras na Europa e na América do Norte como um exilado pardo e pobre, estava na Venezuela, em 1825, quando recebeu uma intimação vinda de Pernambuco, assinada pelo bacharel Tomás Xavier Garcia de Almeida. Ele deveria voltar para receber a pena que lhe fora atribuída por uma comissão militar devido à sua participação na Confederação do Equador, qual seja: a morte por enforcamento. Respondeu, então, ao mesmo Tomás Xavier, constituindo-o “meu bastante procurador para que, em meu lugar, como se eu próprio fora, possa morrer enforcado ou sofrer outros quaisquer castigos, desautorizações e penas que a Comissão julgar conveniente me impor, pois para tudo lhe concedo os amplos poderes que o Direito me permite”.

Muito espirituoso, como demonstra esse episódio, além de preparado e confiante em si mesmo, por onde passou ganhou fama como advogado e poeta. Mas também foi perseguido pelas suas ideias e destratado pela cor da sua pele, tendo findado sozinho, de maneira patética, bem longe da sua terra.

O DIREITO E AS LETRAS
José da Natividade Saldanha nasceu no distrito de Jaboatão, em 1796, filho do vigário João José Saldanha Marinho e da preta Lourença da Cruz, tendo cedo mergulhado nos estudos. No Seminário de Olinda, teve como mestre e incentivador o Padre Miguelinho, um dos principais nomes da Revolução de 1817. E quando aquele movimento irrompeu no Recife, ele não só aderiu como convocou a todos, com um soneto que lembrava as proezas dos heróis pernambucanos e terminava conclamando: “Ao fiel cidadão prospera a sorte/ Sejam iguais aos deles, os feitos vossos/ Imitai vossos pais até a morte”.

Com a derrota da república, em apenas 74 dias, desatou-se uma violenta perseguição aos patriotas e Saldanha escondeu-se em Olinda, onde soube que a sua mãe morrera, preocupada com a sorte do filho.

De lá, com ajuda da maçonaria, conseguiu transferir-se para Portugal e matricular-se na Universidade de Coimbra, onde destacou-se como estudante de Direito; embora, pobríssimo, tenha sido obrigado a trocar por dinheiro os prêmios recebidos.

Lá também publicou seu primeiro livro, Poemas oferecidos aos amigos amantes do Brasil, e quando voltou, em 1823, foi logo se metendo em outra encrenca.

DISCRIMINAÇÃO E CONSUMISMO
O poeta encontrou sua província em grande agitação, mais uma vez. Um ano antes, o Brasil se tornara uma nação independente, mas o imperador Dom Pedro I dissolvera a Assembleia Constituinte, reunida no Rio de Janeiro; mandara preparar uma carta do seu agrado, e a estava empurrando pela goela dos brasileiros abaixo.

Menos dos pernambucanos, é claro.

No Recife, Frei Caneca e Manoel de Carvalho propuseram que, haja vista o despotismo imperial, as províncias brasileiras se tornassem repúblicas, ligadas umas às outras como os elos de uma corrente. Em julho de 1824, nasceu a Confederação do Equador, da qual Saldanha assumiu a secretaria-geral. E, como se profetizasse para si mesmo, poetou: “Em vão intenta o monstro sanguinário/ Descarregar sobre ti um golpe injusto/ Se fores condenado à morte, não te assustes/ Não te acovarde o dictum arbitrário”.

Poucos meses depois teve de sair novamente do país para não ser morto. Dessa vez, foi para os Estados Unidos, a primeira nação a se libertar do colonialismo europeu nas Américas, então vivendo uma fase de acelerado progresso. Mas logo percebeu que as coisas, por lá, não eram tão boas assim. Pelo menos para as pessoas da sua cor.

Na sua primeira noite na Filadélfia, “numa hospedaria, posto a jantar em mesa-redonda com outros brasileiros e alguns americanos, estes se levantaram e requereram retirar dali aquele preto”, segundo registrou. Em Nova York, sofreu mais discriminação. Mesmo assim, não se abateu, porque, em sua opinião: “Tudo no mundo foge, tudo passa/ E ninguém feliz se julgue/ Seja-lhe a ventura liberal, ou seja, escassa”.

Naquele país, Saldanha louvou a convivência em harmonia de inúmeras seitas religiosas, a existência de muitos museus e academias, e a liberdade das mulheres. Também notou que as modas se sucediam com rapidez, “havendo tais que não duram uma semana, e ruas em que as cousas são mais caras do que outras, tão somente por serem ali compradas”, ou seja, percebeu o nascimento daquilo que hoje chamamos “marketing” e “consumismo”.

Mas não ficou por muito tempo.

ÓDIO ETERNO
O poeta decidiu tentar a sorte na França. Lá, entretanto, a família Bourbon estava voltando ao trono francês e gente como ele não era bem-vinda. Logo foi denunciado à polícia como “o negro secretário do negro governo pernambucano” pelo embaixador do Brasil, Domingos de Barros, Visconde da Pedra Branca — ele mesmo um mulato, apelidado por José Bonifácio de “Visconde da Pedra Parda”.

Após interrogá-lo e ler seus escritos, o chefe de polícia Franchet D’Espèrey, em seu relatório, o acusou de ter participado, no Brasil, de uma “facção composta quase unicamente de índios, negros e pardos, que cometeu os excessos mais odiosos”.

Saldanha foi, então, expulso daquele país — sendo obrigado, inclusive, a lá deixar os originais dos seus escritos, confiscados pela polícia —, embora outros exilados da Confederação do Equador tenham podido ficar. Provavelmente por serem brancos.

De lá, seguiu para a Inglaterra, mas seu navio naufragou no Canal da Mancha e ele quase se afogou. Depois, na penúria, trabalhou como estivador nas docas de Liverpool. Mas a derradeira etapa do seu exílio se deu em países da América do Sul, recém-libertados do domínio espanhol por Simón Bolívar. 

Em Caracas, na Venezuela, Saldanha começou a advogar e a dar aulas de Literatura, transferindo-se depois para Bogotá, na Colômbia, cidade de movimentada vida cultural, na qual ele brilhou intensamente. Ao assumir, contudo, a defesa um casal francês que pretendia se divorciar, comprou uma briga com a Igreja Católica de repercussão nacional. E, por conta disso, teve o seu direito de advogar cassado.

Para completar, ele, com o pseudônimo de “Josino Pernambucano”, participava de uma academia literária da qual alguns membros se envolveram num desastroso atentado contra a vida de Bolívar, em 1828, ganhando, por tabela, certa má fama que o prejudicou. Talvez, até, tenha apressado seu fim.

Num dia qualquer de 1832 o poeta amanheceu morto numa ruela de Bogotá, com um ferimento na cabeça, e foi enterrado sem que se fizesse diligência sequer para descobrir se o passamento fora acidental ou proposital.

Antes de morrer, porém, José da Natividade Saldanha — que hoje dá nome a várias ruas, no Brasil, e é patrono de uma cadeira da Academia Pernambucana de Letras — já deixara avisado que até no outro mundo lutaria contra os tiranos: “Juntem eles quantos escravos pisam nessa terra/ Chamem todas as fúrias do Averno/ Ergam-se em mil, nada nos aterra/ O ódio que lhe juramos será eterno/ E onde quer que estejam lhes faremos guerra/ Na terra, no mar, no céu ou no inferno”.

PAULO SANTOS DE OLIVEIRA é autor do romance A noiva da Revolução, sobre o movimento libertário e democrático ocorrido no Nordeste, em 1817. Escreveu também O general das massas, sobre Abreu e Lima, premiado pela Academia Pernambucana de Letras, 1817: Amor e revolução, romance em quadrinhos publicado pela Cepe Editora, e a série PernambuKids.

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