Reportagem

Humanidade, adeus [parte 1]

Hoje, vislumbra-se a extinção da Terra a partir do capitalismo tardio, do ultraconservadorismo político e dos desastres ambientais

TEXTO LUCIANA VERAS
ILUSTRAÇÕES GUILHERME LUIGI

06 de Maio de 2019

Ilustração Guilherme Luigi

[conteúdo na íntegra | ed. 221 | maio de 2019]

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O fim do mundo está próximo. Você provavelmente já o viu diversas vezes, em imagens cinematográficas de assombrosa crueza ou mesmo em hecatombes televisionadas ao vivo, a deixar espectadoras e espectadores sem capacidade de discernir se o que se transmite é fato ou delírio. Democrática, a ideia de finitude – do planeta Terra, da nossa civilização, de metrópoles litorâneas como a Cidade do Cabo ou o Recife – se espraia com a velocidade das descobertas científicas e com a força das narrativas proféticas. Do Oriente ao Ocidente, a humanidade conjectura a possibilidade de um término, ou de fins diversos, para a existência como a conheceu. O flerte não é privilégio da atualidade: no século XVI, o francês Michel de Nostredame previu relâmpagos a riscar o céu; muito antes, o apóstolo João havia escrito sobre quatro cavaleiros no Apocalipse da Bíblia cristã e, desde então, a literatura tem se esmerado em conceber mundos apocalípticos onde o homo sapiens batalha por sobrevivência.

No imaginário coletivo, portanto, o fim do mundo já chegou e tendemos a nos entreter diante da perspectiva apocalíptica, por exemplo, consumindo música pop que transforma em melodias assobiáveis as angústias de uma sociedade (des)equilibrada entre o colapso econômico e a ascensão da intolerância. Em It’s the end of the world as we know it (and I feel fine), ainda em 1987, a banda norte-americana R.E.M. nos convidava a pensar sobre o fim do mundo e ainda assim pular, dançar, berrar: “that’s great, it starts with an earthquake, birds and snakes, an aeroplane…”. Terremoto, pássaros, cobras, um avião; mais adiante, o vocalista Michael Stipe fala no olho do furacão.

Dezembro de 2012 – mês no qual se propagou a tese de que os maias anteviram o fim de tudo – catapultou as vendas nas plataformas online de uma canção que constava da playlists sobre o fim dos tempos, vide sua inclusão na trilha sonora de Independence day (1996), de Roland Emmerich, apenas uma das dezenas de produções hollywoodianas a propor invasões alienígenas como pretexto para ameaças de extinção.

A própria ideia de “extinção” conduz escritos que vão das reflexões da escritora norte-americana Elizabeth Kolbert, em A sexta extinção – Uma história não natural (publicado em português em 2015, pela Intrínseca), aos roteiros do seriado Game of thrones, cuja derradeira temporada atualmente se descortina para uma vasta audiência (dois anos atrás, quando a sétima temporada foi exibida, a HBO, estúdio produtor da série, tinha um alcance global de 142 milhões de assinantes). Até 19 deste maio de 2019, saberemos se Jon Snow, Daenerys Targaryen, Tyrion Lannister e Arya Stark, figuras notórias no fictício continente de Westeros, terão sido dizimados pelos caminhantes brancos, zumbis que proliferam como vírus. Na trama televisiva, por fim, o inverno chegou.

Para Kolbert, não são os zumbis, e, sim, nós, os seres humanos, os perpetradores dos perigos que nos rondam. “Nenhuma criatura alterou a vida no planeta dessa forma”, resume a autora na publicação que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer. “Muito, mas muito de vez em quando, no passado remoto, o planeta sofreu mudanças tão violentas, que a diversidade da vida despencou de repente. Cinco desses antigos eventos tiveram um impacto catastrófico o suficiente para merecer uma única categoria: as Cinco Grandes Extinções. No que parece ser uma coincidência fantástica, mas que provavelmente não é coincidência alguma, a história desses eventos é recuperada bem na hora em que as pessoas começam a perceber que estão provocando mais um. Embora ainda seja demasiado cedo para saber se atingirá as proporções dos anteriores, esse novo evento fica conhecido como a Sexta Extinção.”



***

Estaríamos vivendo a Sexta Extinção, pois. O relatório mais recente do IPCC – The International Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o braço da Organização das Nações Unidas/ONU criado para analisar e difundir a ciência do clima), publicado em abril, tinha como título Global warming of 1.5ºC. No seu terceiro capítulo, Impacts of 1.5°C of global warming on natural and human systems (em tradução literal, “impactos do aquecimento global de 1.5ºC nos sistemas humano e natural”), uma multiplicidade de dados e estatísticas alertava para as consequências de elevação da temperatura na Terra. Quinze anos atrás, esse era o mote de O dia depois de amanhã, mais um filme de Roland Emmerich a apostar no espanto que a destruição de Nova York poderia vender. Quando uma geleira derrete e se desprende no Ártico, uma tempestade é desencadeada, de modo que a humanidade, mais uma vez, se vê em vias de sucumbir a outra era do gelo. “Se a extinção em si é um assunto mórbido, a extinção em massa é muito mais. No entanto, também é fascinante”, já dizia Elizabeth Kolbert.

“De fato, existe um fascínio e não dá para negar que seja um fascínio meio perverso, até, sobre o que será esse fim de mundo, quando pensamos de maneira quase abstrata, ou quase mítica, a partir de cenários em que a solidez da ciência é maior do que nunca”, observa Déborah Danowski, em entrevista à Continente, por telefone, numa tarde de abril. Ela se descreve como “filósofa, ativista ecológica e de certa forma catastrofista”, e sorri ao escutar o epíteto de “teórica do fim do mundo” com o qual fora recomendada para esta reportagem. Em pouco tempo de conversa, demonstra generosidade em partilhar os saberes multidisciplinares que compõem seu repertório sobre a temática, da qual já não se aparta.

“Quando me dei conta da catástrofe ecológica que estava acontecendo no mundo, tornou-se uma questão impossível continuar fazendo a filosofia que eu fazia. A filosofia, com exceções, tem resistência em tratar de temas que não foram tratados pelos grandes filósofos. É como se faltasse o aval desses ‘grandes’ da filosofia tradicional. Mas, bem, eles não trataram da mudança climática porque ela não existia”, pondera a professora do Departamento de Filosofia da PUC-RJ, que abriu uma linha de pesquisa na pós-graduação sobre a questão ambiental – “até hoje, a única linha no Brasil que trate disso, o que é sintomático”.

Seu livro Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins (Desterro e Instituto Socioambiental, 2014), escrito em parceria com o marido e igualmente ativista ecológico, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, é ponto fulcral de qualquer bibliografia voltada para o assunto e catalisador de debates transcorridos no Brasil, e fora dele, desde quando se delineou a partir de uma conferência que os dois proferiram na França em 2012. A publicação é admirável ao costurar centenas de referências, da cosmologia de povos indígenas a filmes como Melancolia (2009), de Lars Von Trier, e 4:44 – O fim do mundo (2011), de Abel Ferrara; das ideias de pensadores como Bruno Latour e Günther Anders a formulações de cientistas como o biólogo Peter Ward e historiador Dipesh Chakrabarty, passando por Kant, Deleuze, Guattari, Tarde e outros filósofos.

“Acreditamos não estarmos exagerando ao dizer que o Antropoceno – ao nos apresentar a perspectiva de um ‘fim do mundo’ no sentido o mais empírico possível, o de uma mudança radical das condições materiais de existência da espécie – vem suscitando uma autêntica angústia metafísica”, sentenciam Déborah e Viveiros de Castro, na página 44 de Há mundo por vir?. A angústia sentida por Justine, a protagonista de Von Trier, é real na tela, à medida que ela se dá conta, com a aproximação daquele planeta gigante, da inevitabilidade do fim, e perceptível na contemporaneidade, quando já não se pode negar que “o Antropoceno é o Apocalipse, em ambos os sentidos, etimológico e escatológico”, nas palavras do par de teóricos brasileiros sobre essa época em ebulição, que eles chamam de “tempos interessantes, de fato”.

O ensaio sobre os medos e os fins, como obra de arte, captura o espírito do seu tempo. Assim a filósofa explica a gênese do livro: “Nasce dessa preocupação de levar a sério o que estava acontecendo na climatologia, mas também de refletir sobre por que tanta gente fala sobre isso. Evidente que sempre houve filmes, mas havia uma proliferação dos discursos em vários domínios. O que poderíamos tirar desse acontecimento? Quando fomos arrumando o livro, vimos que tudo girava em torno da postulação desse fim. Mas olhar para isso era pensar em conceitos tão grandes, que não havia um único que se encaixasse totalmente nessa nova perspectiva. Fomos quase que experimentando maneiras de imaginar e agir, conceitos e formas de discurso, a literatura, o cinema, a filosofia, estudos da Guerra Fria, do pós-Segunda Guerra Mundial, que tinham uma outra ideia de finitude. Pensar no fim, contudo, nos levou a pensar no começo. Fim e começo também giram em torno da relação entre positivo e negativo. A relação do homem com o fim do mundo, digamos, no futuro nos leva a observar a relação com o fim do mundo no passado”.

Olhar para o enclave entre passado e presente sob a mira do futuro, ou de sua ausência, nos empurra a investigar o que é o Antropoceno. Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP, ensina com clareza, em artigo publicado em 2014, um ano antes da inauguração do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que irradiou o conceito da era do homem: “O período geológico chamado de Holoceno, que se iniciou há 11.700 anos e continua até o presente, tem sido uma época relativamente estável do ponto de vista climático. Desde os anos 1980, alguns pesquisadores começaram a definir o termo Antropoceno como uma época em que os efeitos da humanidade estariam afetando globalmente nosso planeta. O prêmio Nobel de Química (1995) Paul Crutzen auxiliou na popularização do termo nos anos 2000, através de uma série de publicações discutindo o que seria essa nova era geológica da Terra, na qual a influência humana se mostra presente em algumas áreas, em parceria com as influências geológicas”.

Chefe do Departamento de Física da UFPE, Pedro Carelli sugere o artigo de Paulo Artaxo para ilustrar sua argumentação: “O ser humano virou uma força geofísica a ser considerada globalmente”. Números costumam nos trazer a exatidão e, mais uma vez, Artaxo, membro do IPCC e uma das vozes nacionais mais envolvidas na comunidade científica internacional (segundo a USP, “ele será autor de um capítulo sobre as emissões urbanas de gases de efeito estufa no próximo relatório do IPCC, que será lançado entre 2021 e 2022”), contabiliza: “O desenvolvimento da agricultura e o início da Revolução Industrial levaram a um explosivo crescimento populacional, que hoje atinge 7,3 bilhões de seres humanos. Éramos cerca de 700 milhões em 1750, no início da Revolução Industrial e, somente no século XX, a população humana cresceu de 1,65 para 6 bilhões. Tal crescimento populacional fez pressões importantes sobre os recursos naturais do planeta”.

“A era do homem não é a primeira vez em que a vida tem um impacto global sobre o planeta”, explica Carelli, físico com doutorado e pesquisa em sistemas dinâmicos, área da Física que estuda a correlação de forças nos sistemas complexos, como o clima planetário. “A própria existência de oxigênio na atmosfera foi em decorrência da vida – antes não havia oxigênio, que é fundamental para a nossa existência. Foram as algas e as primeiras bactérias que geraram e jogaram oxigênio na atmosfera. Acontece que estamos alterando a composição da atmosfera em um período de tempo muito curto, jogando gás carbônico e outros gases associados, como o metano. Essa é a preocupação da mudança climática e ainda não sabemos a extensão desse impacto”, pontua.

Didático como os mestres que chamam a atenção para as minúcias (“o diabo está nos detalhes”, brinca), ele me mostra gráficos que denotam o alarmante aumento dos índices de gás carbônico na atmosfera. “Estamos jogando nove unidades de gigatoneladas de gás na atmosfera. Nem tudo se acumula: dessas, quatro estão sendo absorvidas pelos oceanos, três estão sendo usadas no processo de fotossíntese das plantas e sobram quatro. Mas é inegável que essa acumulação vai alterar o clima. Se vai ser o apocalipse? Bem, a escala de tempo para mudanças drásticas vai ser de, no mínimo, uns 300 anos. O nível dos oceanos vai aumentar, algumas regiões podem desertificar, porém, é mais provável que a espécie humana consiga se adaptar. Não vai ser a nossa extinção.”

Entretanto, o mundo vai, sim, acabar. “Mas a data é longínqua: cinco bilhões de anos”, adianta Pedro Carelli. “É quando o Sol vai fundir todo o hidrogênio e o hélio do seu núcleo e expirar. É mais ou menos a idade atual da Terra; o planeta está na meia-idade. A data da expiração do Sol é uma verificação astronômica e a Astronomia é a Física do universo, dos movimentos planetários, da vida e da morte das estrelas. Cinco bilhões de anos é nosso deadline. É claro que uma colisão interplanetária ou uma catástrofe climática poderiam acontecer, e qualquer antecipação por uma guerra nuclear ficaria por nossa conta, mas dos cinco bilhões não passa”, garante, com bom humor, o professor da UFPE.

***

Até lá, prosseguem os esforços para estabelecer narrativas que problematizem o Antropoceno. Melhor seria indagar: como não investir no componente catastrófico delas ante a onipresença do fim do mundo? Fundada em 2016, a Editora Todavia, que em seu site anuncia que “vai publicar livros para o nosso tempo”, buscou criar o próprio léxico para lidar com o tema. O Anuário Todavia 2018/2019 foi intitulado Apocalipse? e agregou “a mistura de vozes e enfoques” que segue “a narrativa de uma era em que formatos têm suas fronteiras borradas” em três blocos textuais: Mundos em extinção, Mundos em transformação e Novas vozes, novas verdades. Em cerca de 160 páginas, abordam-se os limites dos apocalipses nossos de cada dia: o Brexit, os espectros da ditadura militar no Brasil, o racismo enfrentado pela tenista Serena Williams, a resistência indígena e o Primeiro Comando da Capital/PCC, organização criminosa que atua em São Paulo.

Pergunto ao escritor Michel Laub, editor do volume a convite da Todavia, se Apocalipse? surgiu do tema ou do conjunto de textos reunidos que despertou a possibilidade de assim enfeixá-los. “A ideia inicial era ter uma publicação periódica que registrasse o debate que uma nova editora como a Todavia queria e quer ter com a cultura de seu país e de seu tempo. Começamos a pensar num tema para o primeiro número, e o do Apocalipse nos pareceu o mais quente, pois estava e está no ar, e não só por causa das mudanças climáticas: existe uma sensação geral – por causa da tecnologia, da nova onda política, de mudanças de parâmetros culturais – de que determinado mundo, baseado num consenso humanista do pós-guerra, digamos, ao menos no Ocidente, está morrendo”, responde.

Tatiana Blass, Paulo Scott, Angélica Freitas, Bernardo Carvalho, Zadie Smith, Nuno Ramos, Mariana Filgueiras, Joca Reiners Terror, Adriana Azevedo e Lourenço Mutarelli são alguns dos artistas cujas linguagens são mescladas na publicação, numa fusão que revigora o conceito editorial. “O que morre está se transformando e dando lugar a algo novo”, aponta Michel Laub, para quem falar do assunto é “uma constante história da humanidade”. “Na época atual, imagino que a mudança vertiginosa de parâmetros trazida pela tecnologia reforce essa sensação de que o mundo, ou aquele a que nos acostumamos, está acabando. Esse aspecto da cultura pop é só um reflexo diluído disso. Mas, em essência, não é tão diferente do que fazem certas narrativas religiosas e políticas. Talvez estejamos falando do reflexo coletivo, histórico e político do medo que existe desde o dia em que cada um descobre que não é imortal”, diz.

Imortalidade não é um conceito a ser torcido em A estrada, que o escritor norte-americano Cormac McCarthy lançou em 2006 (no Brasil, saiu pela Alfaguara no ano seguinte). A sobrevivência de um pai e seu filho, sim. No enredo, especula-se o que poderia ter acontecido para dizimar quase toda a população da Terra e transformar os seres restantes em canibais – guerra nuclear, drástica metamorfose ambiental, investidas em busca de armas de destruição em massa. “O que o romance tem de melhor é como figura a tentativa de sobrevivência num mundo que está se esvaindo. A linguagem está desaparecendo: à medida que as coisas estão sumindo, os nomes são esquecidos. McCarthy tenta usar a forma do romance para dar conta disso, com a linguagem da narrativa bem seca, quase telegráfica, como se não houvesse espaço para o supérfluo”, comenta Alysson Oliveira, crítico de cinema e doutorando em Literatura na USP.

Seu mestrado foi sobre apocalipse e distopia em A estrada. Ele alerta: “Distopia e fim do mundo são duas coisas diferentes. A distopia, o antônimo de utopia, tem a ver com a organização a ponto de chegar ao totalitarismo. O fim do mundo, o apocalipse, é o caos que reina, sem poder institucionalizado. Claro que ambos são combustíveis para a literatura e para o cinema, pois acredito que podem decantar os nossos medos, e por isso servem tão bem a narrativas que, muitas vezes, se tornam um aviso de perigo. Talvez no século XXI seja o modo mais preciso de figurar o nosso momento histórico”.

Em A estrada, não é relevante qual o cataclismo que nos acometeu, e, sim, o fato de já estarmos vivendo o nosso próprio Armagedom. “A questão central, creio, não é o que aconteceu – isso pouco importa, porque, no fundo, já aconteceu com a gente mesmo. O romance pode ser uma maneira de perceber o mundo com o neoliberalismo como uma forma hegemônica de organização e poder, com um Estado enfraquecido, onde as relações são mediadas pela meritocracia, portanto nela sobrevivem os mais fortes, e onde uma disputa pela vida – para mim uma representação da disputa pelo trabalho – é tão acirrada, a ponto de haver canibais”, sugere Alysson Oliveira.

Neoliberalismo, meritocracia, precariedade no trabalho: se olhasse para essas bestas do apocalipse contemporâneo, talvez o coronel Kurtz, personagem de Marlon Brando em Apocalypse now (1979), filme de Francis Ford Coppola que revisita o fim de uma época vietnamita sob o poderio bélico dos Estados Unidos, repetisse sua famosa citação de Joseph Conrad: “o horror, o horror”.

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