FOTOS TERESA MAIA
01 de Setembro de 2018
Abadia da Dormição, Jerusalém
Foto Teresa Maia
[conteúdo exclusivo para assinantes | ed. 213 | setembro 2018]
Os pendentes de luzes coloridas transpassados de um lado a outro do teto estão ali com uma função maior que a decorativa. Demarcam o território árabe e sinalizam o tempo do Ramadã. Embaixo deles, uma multidão se aglutina carregando tochas e entoando cânticos religiosos cristãos, caminhando rumo ao Jardim do Getsêmani. Em várias residências próximas, as famílias separam as melhores vestes do guarda-roupa para celebrar a libertação. É tempo de festa para as três religiões que confluem naquele território a expressão máxima da própria fé.
Ramadã, o mês sagrado para o islamismo, tempo de jejum e renovação da crença. Pentecostes, o 50º dia depois da Páscoa, momento de os cristãos lembrarem a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo. Shavuot, a marca da entrega da Torá ao povo judeu, no Monte Sinai. Fiéis das três religiões abraâmicas estão nas ruas expressando em roupas e gestos a própria fé. O ecumenismo se expressa com o trânsito deles pelos corredores estreitos de pedras calcárias dentro das muralhas da Cidade Velha de Jerusalém.
São quatro milênios de história convergidos nesses instantes. Erguida na desértica região da Judeia, Jerusalém tem cerca de 125 quilômetros quadrados. Nesse espaço, vivem 850 mil pessoas. As cifras geográficas desdenham o peso da história. Uma das cidades mais antigas do mundo, Jerusalém sempre foi palco de intensas disputas religiosas e geopolíticas, que a colocam entre o mistério e o fascínio.
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