CONTINENTE Depois de Paulínia, qual a previsão de lançamento para A história da eternidade?
CAMILO CAVALCANTE Devemos lançar em fevereiro de 2015. Quem vai distribuir é a Ludwig Maia Arthouse, empresa de Marcello Ludwig Maia, que foi um dos produtores de A história da eternidade. Vai ser um lançamento pequeno, mas o bom é que, até lá, o filme vai girar pelos festivais. Agora em setembro, por exemplo, estaremos no Festival de Vitória – 21º Vitória Cine Vídeo, e depois no Curta-SE – Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe. Em outubro, vamos à 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e estaremos na 7ª Janela Internacional de Cinema do Recife. Nesse semestre, ainda, vamos exibir no Pachamama – Cinema de Fronteira, no Acre.
CONTINENTE O circuito de festivais lhe agrada como estratégia de divulgação?
CAMILO CAVALCANTE Sim. Fiquei surpreso com o resultado em Paulínia, toda equipe ficou, e acredito que vai ser bom para favorecer a circulação do filme. Como realizador, gosto de participar dos festivais porque vejo neles uma chance do meu filme chegar a lugares aonde talvez não chegasse, com a distribuição comercial. Por exemplo, talvez A história da eternidade não chegasse a Vitória, caso não houvesse o festival.
CONTINENTE Como analisa A história da eternidade no contexto de sua carreira, em especial em relação ao curta homônimo?
CAMILO CAVALCANTE Se formos comparar o longa e o curta, perceberemos que há o contexto da paisagem e da alma sertanejas, mas a única coisa que se repete é a Oração de São Francisco, que aparece nos dois filmes. O curta tem uma linguagem mais experimental, já o longa conta uma história. Acho que nos dois há a sinestesia e a minha necessidade de falar da vida e da morte, que de um jeito ou de outro está presente em todos os meus filmes. Algumas pessoas falam da violência, mas ela existe desde que o mundo é mundo. Caim e Abel, inspiração para os irmãos em A história da eternidade, são a violência escrita na Bíblia.
CONTINENTE Algum plano para o momento pós-A história da eternidade?
CAMILO CAVALCANTE Quero voltar a estudar, fazer um mestrado, mergulhar nessa “teoria dos infernos”. Penso em fazer na UFPB, para ser algo diferente, já que minha graduação foi na UFPE. E até já escolhi meu objeto de estudo: vou fazer uma análise da obra de Simião Martiniano. Porque ele merece.
LUCIANA VERAS, repórter especial da revista Continente.