Malungos modernos celebram líder quilombola
Herança do líder quilombola é compartilhada por artistas de Pernambuco. Movimento está sendo criado para lembrar os 190 anos da morte de João Batista, o último dos Malunguinhos de que se tem registro
TEXTO Tatiana Meira
16 de Dezembro de 2024
Dadá Quilombola, líder do povoado de São Lourenço de Tejucupapo, em Goiana
Foto Paulo Rebêlo/Paradox Zero
“Malunguinho portão de ouro; Malunguinho portão de espinho. Corre as sete encruzilhadas e tira o estrepe do caminho”. Esse ponto cantado em rituais da religião, afro-indígena da Jurema sagrada é apenas uma das muitas maneiras de saudação ao líder do Quilombo do Catucá, que teria compreendido as matas da região hoje representada por sete cidades, indo da extensão do Recife, Olinda, Camaragibe até Goiana. Figura histórica, ele se rebelou contra o sistema escravista, criando fama ao atear fogo aos canaviais, tendo sido morto em setembro de 1835, na pele de João Batista, o último dos Malunguinhos de que se tem notícia.
Antes dele, outros teriam assumido a mesma alcunha de Malunguinho, como João Pataca e João Bamba. “Depois de Zumbi dos Palmares, a figura mais importante de resistência é Malunguinho. Não dá para pensarmos nos quilombos sem o contexto da Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador e Frei Caneca, pois são movimentos que seguiram a pauta da liberdade perante a lei”, afirma Marcus Joaquim M. de Carvalho, professor de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um dos responsáveis por trazer à tona a memória de Malunguinho – apagada dos livros didáticos oficiais – , por ter encontrado documentos que comprovam a perseguição a Malunguinho.
Autor do livro Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo no Recife- 1822-1850 e de “O Quilombo de Malunguinho, o Rei das Matas de Pernambuco”, artigo presente no livro Liberdade por um fio – História dos quilombos no Brasil, Marcus Carvalho integra um grupo de professores de escolas públicas, estudantes de história, artistas e pesquisadores que se reuniu para criar ações estratégicas para celebrar os 190 anos de morte de Malunguinho, em 2025.
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