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Atentado à democracia e aos bens culturais

Apesar de os ataques antidemocráticos de Brasília se assemelharem ao ocorrido nos EUA, um ponto salta aos olhos no nosso caso: a depredação de obras de arte e outros bens culturais da União

TEXTO Revista Continente

09 de Janeiro de 2023

‘Mulatas’ (1928), de Di Cavalcanti, recebeu golpes de faca

‘Mulatas’ (1928), de Di Cavalcanti, recebeu golpes de faca

Foto Andressa Anholete/Getty Images via AFP

[conteúdo exclusivo Continente Online]

Dois anos atrás, o Capitólio – centro legislativo dos Estados Unidos e símbolo de sua democracia – foi invadido por manifestantes de extrema-direita que protestavam violentamente contra a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais, impedindo a sessão que validava o resultado do pleito. Na tarde deste domingo (8), o Brasil passou por situação similar, quando terroristas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos três poderes em Brasília – Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF.

Apesar de esses ataques antidemocráticos se assemelharem ao ocorrido nos EUA, um ponto salta aos olhos no nosso caso: a depredação de obras de arte e outros bens culturais da União. Nesta segunda (9), a ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirmou, no seu perfil no Twitter, que uma reunião com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já foi convocada para avaliar os danos e as possíveis restaurações. “O mundo assiste, estarrecido, à violência do terrorismo de extrema-direita contra o estado democrático brasileiro. A dilapidação do patrimônio público e da consciência livre do nosso povo não será tolerada. Os culpados serão identificados e rigorosamente punidos na forma da lei”, postou.

Entre os atos criminosos praticados, estão o esfaqueamento de obras como ‘Mulatas’ (1928), de Di Cavalcanti; a pichação da escultura ‘A Justiça’ (1961), de Alfredo Ceschiatti; a depredação do vitral 'Araguaia', de Marianne Peretti; e até mesmo o furto da peça 'A bailarina' (1920), de Victor Brecheret. Uma nação que se valoriza, que se diz patriota, aprecia a arte, a cultura e a memória, e reconhece a simbologia (e o prejuízo) dos recentes atentados a seu patrimônio e sua identidade.

Antes das depredações deste domingo, já haviam sido registradas outras agressões a obras de arte no Palácio do Planalto, pelo próprio governo Bolsonaro. Foi o caso da tela ‘Orixás’, de Djanira, retirada do Salão Nobre do palácio em dezembro de 2019. O novo governo a encontrou escondida e furada com uma caneta.

*conteúdo originalmente publicado em nosso Instagram.

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