Manoel Augusto
Durante 27 anos, o pianista, concertista e professor baiano, radicado no Recife, dirigiu o Conservatório Pernambuco de Música
TEXTO José Teles
27 de Março de 2025
Foto Domínio Público
Manoel Augusto dos Santos foi um pianista baiano (de Nazaré das Farinhas, no Recôncavo) que pontificou durante cinco décadas na música erudita no Recife, tanto como concertista quanto como professor. Dirigiu durante 27 anos o Conservatório Pernambucano de Música (CPM), dos quais foi um dos fundadores. É extensa a quantidade de pianistas que estudaram com ele desde o início da década de 1920 (veio morar na cidade em 1919), entre os quais se incluem Nelson Ferreira e Josefina Aguiar, nomes consagrados, da música popular e da de concerto.
Há uma peculiaridade que une o maestro Nelson Ferreira ao pianista. Ambos pairaram sobre a música recifense por meio século. Ambos frequentaram a alta sociedade, reverenciados pela elite, de maioria branca, da capital pernambucana. Ambos eram negros. O talento dos dois rompeu a barreira do preconceito? Sim e não. Nelson Ferreira ganhou um epíteto que atualmente seria alvo de críticas ou de manifestações mais contundentes, “Moreno Bom”.
Manoel Augusto dos Santos não ganhou apelidos enbranquecedores, porém, nas muitas matérias sobre ele, nunca é mencionada a cor de sua pele. Mais velho do que Nelson Ferreira (nasceu em 1885), Manoel era neto de escrava alforriada. A mãe, Maria Clara dos Santos, trabalhava como serviçal na casa do comendador Manoel Pinto dos Santos e sua esposa Hortência dos Santos, que adotaram Manoel Augusto, e o criaram com as mesmas regalias dispensadas aos seus filhos biológicos. Português de posses, ele possuía extensas plantações de fumo. Morava com a família no engenho Quissaçá, em Nazaré das Farinhas, no Recôncavo Baiano, onde nasceu o pianista.

CONTEÚDO NA ÍNTEGRA
NA EDIÇÃO IMPRESSA
Venda avulsa na Livraria da Cepe e nas bancas.