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Projeto resgata histórias de mulheres perseguidas pelo DOPS em Pernambuco

O lançamento do e-book gratuito, com o resultado da pesquisa, acontece na terça-feira (16), das 10h às 11h30, no auditório do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE), no Recife

15 de Dezembro de 2025

Foto Reprodução

O projeto de pesquisa “Mulheres e Resistências – caminhos de insubmissão nos arquivos da Delegacia de Ordem Política e Social de Pernambuco” será lançado nesta terça-feira (16), das 10h às 11h30, no auditório do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE), no Recife. O lançamento apresenta um e-book gratuito que reúne os resultados de uma pesquisa sobre mulheres fichadas pelo extinto DOPS/PE durante o Estado Novo.

O acervo da Delegacia de Ordem Política e Social de Pernambuco, órgão repressivo criado com a instauração do Estado Novo, reúne milhares de prontuários policiais produzidos entre 1935 e 1946. A maioria desses registros refere-se a homens, mas cerca de 400 prontuários dizem respeito a mulheres. A pesquisa parte de uma pergunta central: quem eram essas mulheres e por que foram perseguidas pelo Estado?

Desenvolvido ao longo de 2025, o projeto resultou em uma revista eletrônica que sistematiza e amplia o acesso a informações sobre esse recorte específico do acervo da antiga DOPS-PE. A publicação reúne ensaios das sociólogas Anita Pequeno e Sophia Branco, autoras dos textos que compõem o e-book. Também participam da conversa a jornalista e produtora cultural Clarice Hoffmann, idealizadora do projeto e responsável pela sistematização dos dados dos prontuários analisados, e Marcos Dornelas, coordenador de acervos digitais do APEJE.

O lançamento será marcado por uma roda de diálogo, mediada por Maria Betânia Ávila, uma das fundadoras do SOS Corpo – Instituto Feminista para a Democracia. Durante o encontro, o público poderá conhecer trajetórias de mulheres negras e brancas, jovens e idosas, intelectuais e operárias, classificadas nos registros policiais como comunistas, anarquistas ou sindicalistas.

São histórias pouco visibilizadas na história oficial brasileira e que ajudam a compreender os mecanismos de vigilância, repressão e criminalização da resistência política, especialmente nos períodos autoritários do país. O projeto também busca estimular novas abordagens de pesquisa e difusão do acervo, ampliando os referenciais tradicionais associados a esse tipo de documentação.

Além da roda de diálogo, prontuários sistematizados ao longo da pesquisa estarão em exibição no espaço do Arquivo Público. O acervo do extinto DOPS-PE é uma fonte central para estudos sobre o estado de suspeição, vigilância e repressão que marcou períodos ditatoriais do Brasil republicano, oferecendo subsídios para a reflexão sobre democracia, direitos humanos e cidadania.

Para democratizar o acesso aos resultados da pesquisa, o e-book será disponibilizado gratuitamente por meio de links nos perfis @mulhereseresistencias e @arquivopublicodepernambuco, no Instagram. Todas as imagens do livro eletrônico contam com audiodescrição, garantindo o acesso de pessoas com deficiência visual. A roda de diálogo contará ainda com intérpretes de Libras, assegurando a participação de pessoas com deficiência auditiva.

O projeto Mulheres e Resistências foi contemplado no Edital de Ações Criativas – Lei Paulo Gustavo (LPG) e conta com o apoio do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano, além do incentivo da Secretaria de Cultura de Pernambuco, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.

SERVIÇO
Mulheres e Resistências – Caminhos de insubmissão nos arquivos da DOPS-PE, lançamento do e-book com roda de diálogo, com mediação de Maria Betânia Ávila e participações de Anita Pequeno, Clarice Hoffmann, Marcos Dornelas e Sophia Branco
Onde: Auditório do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (APEJE) - Rua do Imperador Dom Pedro II, nº 371 – Santo Antônio, Recife
Quando: Terça-feira (16/12), das 10h às 11h30

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