Notícias

"A Diáspora Judaica Portuguesa" encerra temporada no Recife

TEXTO Revista Continente

22 de Junho de 2025

Foto Divulgação

Chega ao fim neste domingo (22), a exposição "A Diáspora Judaica Portuguesa", que marcou presença no Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) nas últimas semanas. A mostra, que narra o profundo impacto da diáspora sefardita na geopolítica dos séculos XVII e XVIII, tanto no Ocidente quanto no Oriente, atraiu grande público e encerra sua temporada no Nordeste com um saldo positivo de visitantes e discussões.

A itinerância da exposição para o Recife foi uma iniciativa da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), em parceria com o Museu do Estado de Pernambuco e o Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre Etnicidade (NEPE/UFPE) e com expografia de Rinaldo Carvalho, coincidindo assim com o III Congresso Internacional de Judaísmo e Interculturalidade. Desde sua abertura, em 28 de maio, a mostra tem despertado considerável interesse, com o livro de assinaturas registrando mais de 300 visitantes.

Durante o período da exposição, o antropólogo Renato Athias do NEPE/UFPE conduziu diversas visitas mediadas, enriquecendo a experiência dos grupos interessados com sua expertise sobre a temática. Um dos destaques foi a presença do Cônsul Geral da França para o Nordeste, Serge Gas, que assumiu o cargo em Recife em 2024, e da diretora da Sociedade dos Amigos do MEPE (Sampe), Maria do Carmo Montenegro. Ambos participaram da ultima visita mediada pelo professor Athias.

Ao final da visita, o Cônsul Serge Gas ressaltou a relevância da exposição, destacando o papel da França na diáspora sefardita europeia nos séculos XVII e XVIII. Ele mencionou cidades como Biarritz, Bordeaux e Bayonne, no sudoeste francês, que se tornaram refúgios para famílias sefarditas fugindo da Inquisição Ibérica. O cônsul enfatizou ainda a contribuição dos mercantilistas sefarditas franceses para o comércio entre a França, o Império Otomano e o Norte da África, o que facilitou intercâmbios culturais e econômicos, e impulsionou a difusão do judaísmo hispano-português, incluindo sua música, literatura e culinária.

A mostra itinerante concebida por Lívia Parnes e Anne Lima, e produzida pela Edições Chandeigne de Paris, a exposição A Diáspora Judaica Portuguesa é composta por 20 painéis ricamente ilustrados. A mostra lança luz sobre a especificidade dessa história, muitas vezes menos conhecida do que a dos judeus espanhóis, abordando desde suas origens no século XV até o ressurgimento contemporâneo das "memórias marranas".

A exposição detalha a complexidade das situações individuais dessa diáspora, onde, dentro de uma mesma família, cristãos sinceros conviviam com aqueles que retornavam abertamente à sua fé ancestral e os criptojudeus, ou marranos, que praticavam o judaísmo em segredo. Apesar da dispersão geográfica e das complexidades geopolíticas do Ocidente e Oriente, a mostra revela como uma certa coesão foi mantida através da língua, literatura, liturgia, arquitetura, sobrenomes e até mesmo da arte funerária. Essa diáspora, embora diversa, gerou uma forma singular de pertencimento coletivo, conhecida como "A Gente da Nação".

veja também

Lane Luz oferece oficina de dança gratuita para mulheres

“Oroboro”: a força transformadora da arte na adolescência

Confissões de DJs nas pistas do Grande Recife