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[EXPOSIÇÃO] O Pernambuco Cósmico de Suanê

Artista pernambucana ganha mostra póstuma no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

19 de Abril de 2024

Foto Acervo da artista

A pernambucana Lúcia de Barros Carvalho (1922-2020) assinava suas obras de arte como Suanê. O nome lhe foi dado pelo povo indígena Fulni-ô, com quem conviveu durante a infância e adolescência, no município de Águas Belas, interior de Pernambuco. Daí a inspiração no regionalismo e nas raízes pernambucanas, expressas em 73 anos de produção artística. Para dar conta de mostrar essa produção, está em cartaz, desde 20 de abril, a exposição inédita  O Pernambuco Cósmico de Suanê, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP). 

Na retrospectiva, 62 pinturas evidenciam a incorporação de elementos de várias proposições estéticas, em diferentes momentos da carreira da artista, cuja obra já percorreu importantes espaços no país - a despeito do pouco interesse de Suanê em mostrar seu trabalho em grandes exposições e integrar o circuito artístico de sua época - como a I Bienal Internacional de São Paulo, no início da década de 1950, e no mundo, como a XXXII Bienal de Veneza e salões internacionais em Paris, Tóquio e Santiago, no Chile. Além disso, suas peças estiveram ao lado da obra de grandes artistas como Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Graciano e Nóbrega e Alfredo Volpi, com quem teve forte ligação e influência.

Obra Tsakhakat Xua (1989) revela a fase cósmica de Suanê. Foto: Ana Viotti

A mostra conta com curadoria do pesquisador Tálisson Melo. "Suanê foi uma artista que se recusava a perder suas raízes. Seus costumes, as celebrações populares, a passagem dos cangaceiros por sua região, a convivência com os Fulni-ô, o catolicismo e todos os aspectos culturais que a formaram, são características fortes epresentes em todas as suas obras. Sem dúvidas, esse é o seu grande diferencial", afirma o curador.

Entre as obras, destacam-se a Santa com anjos (1946), sua primeira pintura que remete à Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Águas Belas; Enterro na Rede (1946) e Interior de Fazenda (1946), ambas pertencentes ao acervo do MAC USP; Barraca com romãs (1963), principal pintura de sua fase de síntese da figuração; e Tsakhakat-xua em duas cores (1988), que marca a presença de suas memórias com os Fulni-ô, quando sua obra se abre definitivamente a uma espacialidade cósmica.

Ao lado de sua família, Suanê chega a São Paulo em 1940. Iniciou sua produção artística cinco anos mais tarde, incentivada pelo marido Nelson Nóbrega e inspirada também por rezas, lendas e suas memórias de infância. Em poucos meses, ela já havia produzido cerca 35 quadros que foram expostos pela primeira vez em abril de 1946, na Galeria Itá, no centro de São Paulo. A repercussão de suas primeiras obras foi significativa, sendo comentada por críticos destacados da época, embora tomada pelo calor de uma discussão mais ampla que a definia como "arte popular" e "regional".

As pinturas produzidas durante as décadas de 1980 e 1990, chamadas de "cósmicas" pela própria artista, mostram a capacidade e desejo de Suanê em se reinventar constantemente. Entre linhas, formas e cores, ela desbravou, em suas pinturas, outra espacialidade e levou o Pernambuco e seus símbolos, como as famosas bandeirinhas de festas de São João à escala universal. O trabalho e a trajetória de Suanê também instigam a reflexão sobre os limites da história da arte entre os séculos XIX e XXI.

SERVIÇO
O Pernambuco Cósmico de Suanê
Onde: MAC USP – Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 | Ibirapuera | São Paulo - SP
Quando: De 20 de abril a 21 de julho. De terça-Feira a aomingo, das 10h às 21h
Quanto: Acesso gratuito
Informações: @projetosuane

 

 

 

 

 

 

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