Curtas

Mepe recebe A Diáspora Judaica Portuguesa

Exposição, que começa na quarta-feira (28), mostra os rumos dos judeus ibéricos após o Edito de Alhambra, assinado em 1492

28 de Maio de 2025

Foto Divulgação

Começa nesta quarta-feira (28), no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe), a exposição A Diáspora Judaica Portuguesa, que vai lembrar a expulsão dos judeus da Península Ibérica e resgatar a memória e legado da comunidade judaica que viveu em Pernambuco, especialmente durante a ocupação holandesa. A mostra ficará aberta ao público até 20 de junho.

O objetivo da exposição é lembrar a data de assinatura do Edito de Alhambra, de 31 de março de 1492, quando os judeus foram expulsos da Espanha e, posteriormente, da Península Ibérica.

A exposição mostrará a diáspora dos judeus a partir do Egito. Um dos painéis temáticos mostrará o caminho transposto pelos judeus da Espanha para Portugal, onde foram obrigados à conversão forçada, a tornarem-se cristão novos.

Ela mostra, também, as estratégias usadas pelo povo judaico para driblar a censura da Inquisição espanhola e posteriormente da portuguesa. Vários comerciantes engajaram-se nas expedições para Índia e Goa, a fim de escapar da perseguição religiosa. Posteriormente, comunidades judaicas instalaram-se em Veneza, Amsterdã e Hamburgo.

O retorno dos judeus a Portugal, no século XVII, especialmente após 1760, ano em que foi acesa a última fogueira inquisitorial, também é registrado. A partir de acordos, começaram a poder assumir, lentamente, sua cultura e religiosidade. Mas foi somente em 1821 que a Inquisição foi abolida e que os grupos religiosos e famílias passaram a assumir claramente sua cultura e religiosidade.

CAIS DO SERTÃO
No Bairro do Recife, o Museu Cais do Sertão também realiza a mostra Israel – Ontem, Hoje e Amanhã – as marcas e contribuições deixadas em Pernambuco e no Recife, que está sendo realizada desde 14 de maio no Cais do Sertão. Ela também ressalta a influência dos judeus em Pernambuco, incluindo a memória da comunidade que viveu na região durante a ocupação holandesa, e que foi expulsa após a Restauração Portuguesa no Século XVII.

A exposição coletiva é uma realização da Organização Glória em Vez de Cinza, fundada há 15 anos em Auschwitz, na Polônia, com sede também no Brasil, com patrocínio da Câmara de Comércio Pernambuco-Israel e apoio do Governo do Estado, por meio da Empetur e do Cais do Sertão.

Idealizada pelo escritor e artista Charrier Bernardes, que vive no Reino Unido, a mostra reúne mais de 30 peças entre pinturas, esculturas, painéis luminosos, objetos e vídeos O público poderá conferir painéis cedidos pelo maior museu do Holocausto em Jerusalém, o Yad Vashem.

Intitulados "Como foi humanamente possível?", os painéis recontam em fotos e informações a história da 2ª Guerra Mundial.. Aliás, a exposição é dividida em quatro atos: Nascimento da Nação Israel e Os Benefícios Entregues ao Mundo; Destruição, Diáspora, Perseguições e Massacre; Holocausto; Retorno e Renascimento de Israel.

Esculturas em pedra dos Dez Mandamentos serão expostas em tamanho 50 X 80 cm. Uma Estrela de Davi, hexagrama símbolo de proteção, e um Menorá, o candelabro de sete pontas que igualmente representa a essência de Israel, também integram a exposição e estarão dispostos próximos também a um oratório, que remeterá ao romance O Segredo do Oratório, da escritora Luize Valente, descendente de cristãos-novos, que reconta as influências judaicas no Sertão nordestino.

O livro foi uma das fontes de inspiração para a exposição, assim como histórias contadas por sertanejos, gente simples e até famosas como o cantador Santanna. O músico não esconde suas origens e relata com orgulho influências presentes na cultura e identidade local até hoje. Como exemplo, o famoso chapéu de cangaceiro, que traz a Estrela de Davi, assim como o quipá, peça de vestuário usada na cabeça dos judeus como forma de proteção. O chapéu ainda é chamado por muitos no interior pernambucano de kipper.

A ideia da exposição nasceu a partir do Memorial Judaico instalado na Praça Tiradentes, no Bairro do Recife, recentemente. "Pernambuco foi o portal onde tudo isso começou, vê-se por aqui uma forte herança e marcas deixadas pelo povo judeu como legado cultural, urbanístico, econômico e uma história riquíssima que sentimos necessidade de reavivar. Hoje a comunidade atual, proveniente do Leste Europeu, está em sua segunda e terceira geração, mas as marcas ainda são muito evidentes", explica Charrier.

SERVIÇO

Exposição "A Diáspora Judaica Portuguesa"
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Av. Rui Barbosa, 960, Graças)
Quando: De 28 de maio a 20 de junho

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