Cinema

Ator francês Alain Delon morre aos 88 anos

Alain Delon havia sofrido um AVC em 2019 e estava em casa, em companhia da família

18 de Agosto de 2024

Alain Delon, em cena de O sol por testemunha, foi um dos homens mais desejados do cinema francês

Alain Delon, em cena de O sol por testemunha, foi um dos homens mais desejados do cinema francês

Foto Titanus/Versátil DVD/Divulgação

“O homem mais bonito do mundo” morreu neste domingo (18), “pacificamente”, “cercado do amor da família”. O ator (e também empresário) Alain Delon tinha 88 anos. Ele faleceu em sua casa em Douchy-Montcorbon, a 130 km de Paris, informaram os três filhos em comunicado.

“Esta noite, mais do que o fim de uma carreira, acho que é o fim de uma vida. É uma espécie de homenagem póstuma… em vida. Quando comecei, me falaram que o mais difícil era durar. Eu durei 62 anos (de carreira). Mas agora eu sei que o que é difícil é partir. E vou partir, mas não sem antes agradecer. (...) Se hoje eu sou uma estrela, devo ao público e a mais ninguém”. Essas palavras marcam a despedida de Alain Delon. Foram pronunciadas no Palais des Festival de Cannes, ao receber a Palma de Ouro Honorária, em 2019. Dois anos antes, Delon havia anunciado que se retiraria de cena, após mais de 80 filmes.

Poucas semanas depois, um acidente vascular cerebral (AVC) obrigava a retirada definitiva de cena do mito do cinema francês. Alain Delon iniciou o tratamento na Suíça, onde tinha cidadania e morava. Decidiu, posteriormente, mudar-se para a propriedade em Douchy-Montcorbon, no Vale do Loire, mas raramente saía de casa. Em 2022, ele chegou a revelar o desejo de cometer suicídio assistido na Suíça, onde a prática é permitida.

Um dos maiores nomes do cinema francês, ele protagonizou filmes clássicos como O sol por testemunha (no qual interpretou Tom Ripley), Rocco e seus irmãos, O samurai, O Leopardo e O eclipse.

Com Catherine Deneuve, no filme Le Choc (1982). Foto: Reprodução

Alain Fabien Maurice Marcel Delon teve uma infância e uma adolescência difíceis, marcadas pela separação dos pais, o assassinato do casal que o adotou, e a volta para a mãe, já casada outra vez e com outros filhos. Após largar os estudos aos 16 anos, Delon se alistou como fuzileiro naval na Marinha francesa e participou da Guerra da Indochina. De volta a Paris, fez diversos trabalhos temporários - como porteiro, garçom e vendedor – até ser descoberto no Festival de Cannes de 1957, por um caçador de talentos.

Sua vida é marcada por diversos casos amorosos com mulheres belas e famosas. O primeiro deles – revelado há pouco – foi com Dalida, que se tornaria uma grande cantora franco-egípcia. Entre as paixões de Delon estão Romy Schneider e Meirelle Darc, sua companheira por 15 anos e seu grande amor. A atriz brasileira Norma Bengell confessou ter tido uma noite de amor com o francês.

O ator foi casado duas vezes, com Natalie Delon (nascida Francine Canocas, mãe de Anthony Delon) e com Rosalie Van Bremen (32 anos mais nova e com quem teve dois filhos, Anouchka e Alan-Fabien). Os fins dos relacionamentos de Delon foram marcados por momentos de muita solidão, depressão e alcoolismo. Ultimamente, uma briga entre os seus filhos a respeito dos cuidados com o pai tornou-se pública e foi parar na justiça.

Com Annie Girardot, em Rocco e seus irmãos (1960), de Luchino Visconti
Foto: Divulgação

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