Paulo Oliveira e a poética insular em esculturas
Exposição Pensar como ilha, esculpir multidão está em cartaz na Torre Malakoff até 21 de setembro, apresentando práticas escultóricas ligadas ao mar, à ancestralidade e ao bem viver
27 de Junho de 2025
Trabalhos convocam debate sobre território, sustentabilidade, ancestralidade e ficção
Foto Mateus Ioham/Divulgação
Pensar como ilha, esculpir multidão é o título da primeira mostra individual do artista visual pernambucano do município de Moreno, Paulo Oliveira. A exposição está em cartaz na Torre Malakoff até 21 de setembro, e reúne esculturas produzidas ao longo de mais de três décadas, revelando a poética insular e ecológica do artista pernambucano. A curadoria é de Gugo Siqueira e Guilherme Moraes.
A exposição se organiza em forma de arquipélago: ilhas escultóricas compostas por personagens, animais e criaturas esculpidas em madeiras como casca de cajá, raiz de mangue e imburana. As obras ganham ainda mais força ao dialogar com o entorno geográfico da Torre Malakoff, e com as experiências de vida do artista, moldadas pela água e pela travessia.
Vivendo atualmente na praia de Suape, Paulo Oliveira traz memórias da vida na Ilha de Tatuoca, da experiência como caminhoneiro, da vivência em Fernando de Noronha e do cotidiano dentro de um barco à vela. Seu trabalho se afirma como escultura contemporânea pulsante, que convoca debates sobre território, sustentabilidade, ancestralidade e ficção.
Entre as obras apresentadas estão A Viagem, feita a partir de uma raiz de mangue vermelho, e que parece condensar o gesto essencial de Paulo Oliveira: aquele que escuta a madeira e nela encontra o movimento da travessia. A obra, de formas curvas e verticais, pulsa entre o rude e o minucioso, como se carregasse em sua superfície o próprio ato de navegar — entre a terra e o mar, o sonho e o destino.
Já em Democracia do Brasil, a exuberância toma corpo num emaranhado de membros, genitálias e rostos que se multiplicam a partir das torções da madeira. Em outra chave, Mulher de um pé só convoca uma dimensão mítica e silenciosa. Altiva, com atitude totêmica, a figura feminina é atravessada por inscrições de bichos e outros seres que habitam seu corpo-tronco. Como em tantas peças do artista, há uma fusão entre humano, animal e vegetal, compondo um mundo onde nada está apartado da natureza.
Como desdobramento da exposição, será lançada uma publicação com o texto curatorial, imagens das obras e QR Code com audiodescrição, disponível gratuitamente em versão impressa e digital no site da Propágulo. A iniciativa visa ampliar o alcance da obra do artista junto a pesquisadores, curadores, educadores e ao público geral.
SERVIÇO
Exposição Paulo Oliveira: pensar como ilha, esculpir multidão
Quando: até 21 de setembro
Onde: Torre Malakoff (Praça do Arsenal, s/n - Bairro do Recife)
Horários: Terça a sexta, das 10h às 17h; domingo, das 15h30 às 19h30