Luciana Padilha expõe no Eufrásio Barbosa
Exposição "Pequena Coleção das Dores" da artista, pesquisadora e professora Luciana Padilha acontece, a partir da sexta-feira (28), no mercado em Olinda
26 de Março de 2025
Foto Luciana Padilha/Divulgação
O Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, recebe a exposição Pequena Coleção das Dores, da artista, pesquisadora e professora Luciana Padilha, a partir da sexta-feira (28). Com curadoria de Rebeka Monita, a mostra é um desdobramento do projeto de doutorado da artista, desenvolvido entre 2019 e 2024, que explora a relação entre criação e dor a partir de um inventário poético e visual. A mostra reúne mais de 200 imagens, divididas em núcleos temáticos, além de outros trabalhos que dialogam com os processos criativos e afetivos da artista.
O ponto de partida do projeto foi o Inventário das Dores, uma obra composta por palavras recortadas de um dicionário que contêm a sílaba ou as três letras “dor” em sua grafia, como “adorável”, “caminhador” ou “adormecida”. “Eu saí recortando de um dicionário todas as palavras que continham a sílaba ou as três letras em sequência para recortar e colar. Isso virou uma obra que vai estar lá presente”, explica Luciana. O inventário, com mais de 1.767 palavras, não representa necessariamente a dor em si, mas abre caminho para uma ressignificação desse sentimento através da arte.
“A ideia era trabalhar realmente o sentido dessas palavras, não necessariamente representar a dor. O trabalho todo do doutorado é uma ressignificação desse entendimento de dor. Com a Pequena Coleção das Dores, a ideia passou a ser traçar um caminho a partir das palavras do inventário, conectando-as aos sentidos e lugares que elas têm na minha própria trajetória. Esse mapeamento é, na verdade, um processo de transmutação — uma forma de olhar para essas dores através da arte, dando a elas novos contornos e significados", afirma Luciana.
A partir desse inventário, a artista transformou as palavras em imagens fotográficas capturadas com uma câmera lambe-lambe, também conhecida como câmera ambulante ou de jardim. A escolha do equipamento, em contraste com a fotografia digital contemporânea, resgata um processo artesanal e intencional, convidando o público a refletir sobre memórias, afetos e dores coletivas.
A curadoria de Rebeka Monita organizou a exposição em núcleos temáticos que refletem a poética de Luciana Padilha, em mais de 200 imagens, ocupando as duas salas do Mercado Eufrásio Barbosa, além de uma pequena instalação que ficará no pátio de entrada. Dentre os núcleos, destacam-se o Grupo dos Sonhadores, com retratos de amigos fotografados no Coreto, na Praça do Carmo de Olinda; o Grupo do Colecionador, que reúne imagens e palavras capturadas em positivo e negativo; e o Grupo Redor, que explora o entorno das ladeiras de Olinda, marcando a vida da artista.
A cartografia foi o método criativo escolhido, mapeando não apenas espaços físicos, mas também territórios emocionais. “A cartografia é metodologia. Ela é que vai fazer um mapeamento dessa interação entre dor, arte e subjetividade. Eu vejo esse trabalho todo, incluindo o doutorado, como um guia dinâmico, que vai se desdobrando na investigação. Um guia que vai criando conexões, um fluxo. Essa metodologia é inspirada em pensamentos de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Eu usei muito também a referência da Suely Rolnik pra marcar o trabalho”, detalha Luciana.
Durante o período da exposição, será lançada uma publicação digital (ebbok) com a coleção completa de imagens e textos reflexivos sobre o processo criativo, incluindo contribuições da Profª Dra. Ana Karenina Arraes, ainda sem data definida. A exposição — aprovada no edital da Lei Paulo Gustavo, é realizado pela Prefeitura de Olinda com recursos do Governo Federal.
SERVIÇO
Exposição Pequena Coleção das Dores, de Luciana Padilha
Onde: Mercado Eufrásio Barbosa – Olinda/PE
Quando: Visitação de 28 de março a 15 de abril
Quanto: Acesso gratuito