Carlos Trevi em primeira exposição individual na Ocre Galeria
Ascensão está em cartaz, em Porto Alegre, até 16 de agosto, apresentando mais de 30 obras do artista e gestor cultural, que propõe nova leitura para fragmentos do cotidiano em suas esculturas
23 de Julho de 2025
Foto Divulgação
Carlos Trevi realiza, na Ocre Galeria, na capital gaúcha, sua primeira grande mostra individual, Ascensão. Com curadoria de André Severo e texto crítico de André Venzon, a exposição apresenta um conjunto com mais de 30 esculturas, das mais variadas formas e tamanhos, que ressignificam fragmentos esquecidos, como: taças, cristais, pés de móveis, bibelôs e ornamentos, passando a formarem estruturas que evocam memória, beleza e transcendência.
As obras são compostas por elementos que tiveram outras funções e que, reorganizados em colunas e totens, ganham novos significados. Ao reunir pedaços de madeira, ferro, fios, tecidos e outros materiais, o artista constrói estruturas que evocam uma arqueologia afetiva, onde cada fragmento guarda o silêncio do que já foi e o vislumbre do que pode vir a ser. “Sempre me interessei pelo que os objetos ainda têm a dizer, mesmo quando parecem esquecidos. Gosto de pensar que cada peça carrega uma memória silenciosa, e meu papel como artista é oferecer a ela uma nova chance de expressão”, explica Trevi.
Resultado de uma pesquisa desenvolvida ao longo dos últimos anos, a mostra Ascensão investiga os sentidos simbólicos da matéria e sua capacidade de transformação com o passar do tempo. Nas esculturas, Trevi não apenas reformula os objetos, ele ativa suas memórias. “São frágeis embarcações cujos mastros foram confeccionados a partir de pedaços de outros pedaços. O todo e as partes se movimentam, deslocam-se em espiral ascendente e se transformam sem sair do lugar”, observa o curador André Severo, que acompanha a trajetória do artista e propõe uma leitura da mostra como metáfora da metamorfose.

Foto: Andrew Melo/Divulgação
Com forte dimensão poética, as obras sugerem um deslocamento entre o visível e o invisível, o passado e o porvir. O público é convidado a perceber não apenas a forma final, mas também o processo simbólico de transformação presente em cada detalhe. O crítico André Venzon, que acompanha de perto a produção de Trevi, observa que suas obras "nascem do entendimento profundo do que os objetos representam: fragmentos de histórias, memórias e possibilidades". Ao reunir peças quebradas ou esquecidas em colunas verticais, o artista constrói, segundo Venzon, “monumentos contemporâneos” que desafiam o tempo e nos convidam à contemplação.
CARLOS TREVI
Natural de São Paulo, graduado em Administração atua como gestor e curador à frente de importantes instituições culturais, além da dedicação às atividades práticas no âmbito das artes visuais. Desde 2015, mantém residência e ateliê em Porto Alegre, onde desenvolve seus trabalhos na forma de objetos e assemblages. Sua poética visual apresenta reflexões sobre as relações estabelecidas entre memória, identidade e patrimônio, tendo como ponto de partida as experiências vivenciadas com pessoas e lugares. Em 2014, realiza sua primeira exposição individual Carlos Trevi – Territórios da memória, na galeria Sobrado Escritório de Arte em Olinda (PE), com curadoria de Raul Córdula. Tem obras no acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, no Museu do Estado de Pernambuco e em coleções particulares.
ANDRÉ SEVERO
Nascido em Porto Alegre (1974), é artista, curador e gestor cultural. Mestre em Poéticas Visuais (UFRGS), fundou o projeto Areal em 2000, com foco em arte contemporânea fora dos grandes centros urbanos. Criou projetos como Lomba Alta, uma residência artística, e Dois Vazios, que une cinema e artes plásticas. Realizou mais de dez filmes e instalações audiovisuais e publicou livros como Consciência errante e Soma. Foi curador da 30ª Bienal de São Paulo e da representação brasileira na 55ª Bienal de Veneza. Recebeu prêmios como o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea (2014) e o V Prêmio Açorianos de Artes Plásticas.
ANDRÉ VENZON
Vive e trabalha em sua casa-ateliê-galeria, no 4º Distrito de Porto Alegre. Artista visual, curador e gestor cultural, é mestre em Poéticas Visuais (PPGAV/IA-UFRGS), especialista em Gestão e Políticas Culturais (Universidade de Girona/Espanha) e graduado em Artes Visuais (IA-UFRGS). Pesquisa os tapumes na paisagem urbana como elementos de significação poética e apresenta seus trabalhos em exposições, congressos, feiras e seminários. Destaque para a curadoria da mostra Nem Eu, Nem Tu: Nós, sobre Karin Lambrecht, no Santander Cultural (2017). Atuou como presidente da Associação Chico Lisboa, Conselheiro Estadual de Cultura, membro do Colegiado Nacional de Artes Visuais e diretor do MACRS por duas gestões. Desde 2018, coordena a Galeria da Fundação ECARTA e é o atual diretor artístico do Instituto Cultural Laje de Pedra, em Canela (RS).
SERVIÇO
Exposição Ascensão, de Carlos Trevi
Onde: Ocre Galeria – Av. Polônia, 495 – Porto Alegre/RS
Quando: De 21 de julho a 16 de agosto de 2025. Visitação: Segunda a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, das 10h às 13h30
Quanto: Entrada Gratuita