A necessidade humana por acolhimento os leva a unirem-se em comunidades. Em seus grupos de estudos, fã-clubes, ONGs ou redes sociais, nos quais se reconhecem, confabulam, são enaltecidos, relaxam e trocam desejados tapinhas de aprovação nas costas.
A personalidade nerd não indica, de maneira alguma, uma doença mental ou social. No entanto, pessoas que sofrem de certos distúrbios, como autismo ou esquizofrenia, podem encontrar, nas comunidades nerds, amparo para suas aflições, em ambientes de regras bem-definidas para comportamentos e opiniões. Por isso, eventualmente, encontramos psicopatas na companhia de nerds. E fica meio difícil distinguir um do outro até que um deles descarregue uma metralhadora na cantina da escola.
Nerds autênticos podem, sem dúvida, apresentar algumas características do estereótipo. O desconforto em situações sociais, por exemplo, está mais perto da regra que da exceção. Mas existem nerds em todas as áreas do conhecimento, não só nas Ciências Exatas, como o preconceito nos leva a crer.
Eles, graças ao seu foco e paixão, são forças importantíssimas ao avanço intelectual. Infelizmente, não é possível tornar-se um nerd, talvez um geek – aquele que tem interesse exagerado em alguma coisa, mas não chega a ser focado unicamente naquilo.
Talvez a influência mais danosa do estereótipo do nerd no cotidiano seja o culto à extensão das horas de trabalho (algo que aconteceu, por exemplo, nos primórdios da Apple). O nerd as aceita porque tende a sentir-se mais à vontade no escritório do que no ambiente familiar. Enquanto isso, empresas, como a Google, utilizam o comportamento desses empregados a seu favor. Mas, passar tempo a mais no trabalho pode ser tão profícuo quanto colecionar espadas Jedi de brinquedo.
YELLOW, designer gráfico, trabalha com sistemas interativos, músico e mestrando em Ciências da Linguagem.
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