La Serva Padrona é apresentada no Teatro Hermilo Borba Filho
Ópera clássica da comédia italiana ganha versão gratuita no Recife com elementos regionais, em temporada de 8 a 11 de outubro
01 de Outubro de 2025
Músicos e atores da montagem recifense de "La Serva Padrona", oriundos do curso de Música da UFPE
Foto Divulgação
Uma das óperas cômicas mais conhecidas da dramaturgia italiana, La Serva Padrona ganha uma versão com referências nordestinas em quatro sessões gratuitas no Teatro Hermilo Borba Filho, de 8 a 11 de outubro, às 19h30. Com história ágil e engraçada, o espetáculo se eternizou como uma excelente opção para agradar os fãs de ópera e também atrair quem não tem o hábito de assistir a óperas, por ser leve e mais curta.
Com uma mistura de textos (recitativos) em português e músicas (árias) em italiano, a peça ganha ares regionais com expressões usadas no cotidiano da região Nordeste e alguns elementos de figurino, como tecidos de algodão cru, peixeira, cesto de palha, tapioca e o chapéu de vaqueiro do personagem Vespone, o fiel escudeiro de Serpina.
O enredo da ópera bufa escrita por Giovanni Battista Pergolesi é semelhante ao de uma farsa da Commedia Dell’arte italiana. São apenas três personagens: Uberto, o patrão; Serpina, a serva, e Vespone, outro criado. Dada a proximidade com o dono da casa, para quem trabalha desde muito jovem, Serpina se recusa a fazer certos serviços domésticos e repassa as ordens a Vespone, a quem nunca é dada a voz.
Cansado de não ser devidamente obedecido, Uberto decide buscar uma esposa para, assim, não mais precisar dela. A peça mostra, com tiradas cômicas, as astúcias de Serpina para assumir esse posto. Com o objetivo de despertar ciúmes no patrão, a jovem convence Vespone a se disfarçar e se passar por seu noivo, o misterioso Capitão Trovão. Ela exige um dote para o casamento, mas, diante da recusa, exige que o próprio Uberto a despose.
Os nomes dos personagens revelam características de cada um. Uberto remete a "fogoso", embora já não tenha o vigor da juventude. Serpina é a "pequena serpente", ardilosa na busca por conquistar seus desejos. Vespone é a "grande vespa”, sempre rápido e serelepe, de forma a divertir a plateia.
Os papéis de Serpina (soprano) e Uberto (baixo bufo) serão vividos por cantores que se revezam, sob direção direção geral de Luiz Kleber Queiroz e direção musical da maestrina Maria Aida Barroso. Todos são integrantes do Departamento de Música da UFPE. São professores, alunos ou ex-alunos.
Osvaldo Pacheco e Karla Karolla sobem ao palco nos dias 8 e 10, enquanto Anderson Rodrigues e Gleyce Vieira atuam nos dias 9 e 11. Vespone será interpretado por Marcondes Lima em todas as sessões. Os atores-cantores são acompanhados por um sexteto de câmara, composto por Singrid Souza (violino 1), Júlia Paulino (violino 2), Letícia Santos (viola), Gabriel David (violoncelo), Rebeca Furtado (contrabaixo) e Maria Aida Barroso (cravo).
Os personagens cômicos da ópera e a música graciosa fizeram com que La Serva Padrona se tornasse um modelo para a ópera bufa do século 18. A obra, de 50 minutos de duração, foi composta em 1733, por Giovanni Battista Pergolesi, para ser apresentada nos intervalos (intermezzo) da ópera séria Il Prigionier Superbo, mas acabou fazendo mais sucesso e ficou eternizada na dramaturgia mundial.
A ópera é dividida em recitativos - os textos falados, responsáveis pela condução da história -, e a parte musical, constituída por árias e duetos. Enquanto os recitativos representam uma fala cantada e promovem o desenrolar da ação dramática, as árias e duetos, com caráter mais melódico, servem para que as personagens deem vazão a pensamentos, sentimentos e dramas internos.
Na montagem recifense, com direção de produção de Matheus Soares, da 25 Produções, os recitativos são traduzidos para o português e ganham expressões locais para assegurar aproximação com o público. As árias e os recitativos são mantidos no idioma original, estratégia comum em montagens de ópera.
A proposta da montagem é realizar uma grande brincadeira no palco, na qual as movimentações dos personagens são sublinhados pela música envolvente de Pergolesi. A direção de arte, assinada por Marcondes Lima, mescla elementos da Commedia Dell'arte e do sertão. O enredo é ambientado em uma casa do interior, com itens artesanais e típicos da região.
SERVIÇO
Ópera La Serva Padrona, de G. B. Pergolesi
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife)
Quando: Dias 8, 9, 10 e 11 de outubro, às 19h30
Quanto: Acesso gratuito, com retirada de ingressos uma hora antes
Informações: www.instagram.com/25producoes