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Hildebrando de Castro em primeira mostra individual em Pernambuco

“Relevos e Pinturas” reúne, na Galeria Marco Zero, 15 trabalhos inéditos inspirados na arquitetura do Recife e Olinda e celebra a relação do artista com sua terra natal

20 de Maio de 2025

Foto Rebeca Liberal/Divulgação

Recentemente, quando entrou pela primeira vez na Caixa D’água de Olinda, edificação que sempre admirou, Hildebrando de Castro se viu maravilhado pela beleza das formas dos efeitos criados pela entrada da luz através dos cobogós. Esses elementos vazados, assim como os brise-soleils, persianas externas criadas por Le Corbusier, que viu pela primeira vez em 2010, no prédio anexo à Câmara dos Deputados, em Brasília, exercem um fascínio e influenciam a sua produção artística. Esse interesse pela arquitetura e a força visual dos seus elementos pautam as 15 obras presentes na sua primeira exposição individual em Pernambuco, intitulada Relevos e Pinturas, que será aberta na quinta-feira (22), às 19h, na Galeria Marco Zero.

Nascido em Olinda, Hildebrando de Castro viveu parte da sua infância no Rio de Janeiro, onde iniciou sua carreira artística, de forma autodidata. Atualmente, reside e trabalha em São Paulo, mas a relação com a terra natal permanece indelével e como uma rica fonte de inspiração. Para desenvolver as obras que agora apresenta na exposição, ele dedicou cerca de um ano às pesquisas e à produção, mergulhando nos trabalhos de dois arquitetos que marcaram a arquitetura pernambucana e brasileira: Luiz Nunes, responsável, entre outros, pela Caixa D’Água de Olinda, e Acácio Gil Borsoi, de edifícios como o Caeté e o Santo Antônio, ambos no Centro do Recife.

“Meu trabalho é muito meticuloso e exige uma pesquisa e um tempo dilatados. Era um sonho antigo produzir a partir das obras desses dois arquitetos que tanto admiro e, para isso, além de estudar vários materiais, também visitei as edificações e pude me impressionar com a complexidade dos projetos. A Caixa D’água de Olinda, por exemplo, que desde criança me intrigava por ser um prédio supermoderno em meio ao barroco da cidade, é um absurdo de linda. O cobogó, como estética, me interessa muito. O edifício Santo Antônio, de Borsoi, com os cobogós em concreto, sempre me fascinou. Um dia, Roberta Borsoi, uma de suas filhas, me concedeu os croquis desse projeto e, a partir dele, fiz umas 7 obras. Essa exposição é, afinal, não só uma homenagem a esses dois grandes arquitetos, mas também ao Recife e à Olinda”, conta Hildebrando de Castro.

Em seu texto crítico sobre a exposição, a curadora e pesquisadora Denise Mattar, afirma que “independentemente das técnicas ou temáticas, pode-se dizer que, ao longo dos anos, o trabalho de Hildebrando de Castro sempre se debruça sobre o contraste entre luz e sombra - mesmo que metaforicamente. Sua obra se equilibra na fronteira entre a beleza e o ridículo, entre o permitido e o proibido, entre a inocência e a perversidade, entre o real e a ilusão”.

Denise também ressalta que Hildebrando se aproxima das premissas dos artistas cinéticos, interessados em instaurar uma nova relação com o espectador: “As frestas, os recortes e as geometrias criadas por ele evocam ilusões de volume, de deslocamento e de instabilidade visual. A obra deixa de ser um objeto a ser contemplado e se torna um campo a ser atravessado. O espectador, com seu corpo em movimento, ativa a obra, a faz acontecer, entra em estado de atenção plena, e atravessa a quinta dimensão – a do tempo do movimento e do silêncio da luz”.

SERVIÇO
Exposição Hildebrando de Castro - Relevos e Pinturas
Onde: Galeria Marco Zero (Av. Domingos Ferreira, 3393 - Boa Viagem, Recife - PE) 
Quando: 22 de maio, às 19h. Visitação: segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 17h
Contato: contato@galeriamarcozero.com e @galeriamarcozero

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