Estudo sobre crime histórico ganha livro
“Geminiana e seus filhos: escravidão, maternidade e morte no Brasil do século XIX” tem lançamento neste sábado (30), em São Paulo
29 de Novembro de 2024
Foto Divulgação
No sábado (30), os historiadores Maria Helena P. T. Machado e Antônio Alexandre Cardoso lançam Geminiana e seus filhos, na livraria Megafauna, localizada no térreo do Edifício Copan, centro de São Paulo. Realizado a partir de uma pesquisa minuciosa e reveladora, o trabalho coloca em foco a sociedade de São Luís do Maranhão no ano de 1876, quando os meninos Inocêncio e Jacintho, nascidos pouco antes da Lei do Ventre Livre e mantidos sob jugo da baronesa Ana Rosa Viana Ribeiro, foram torturados e assassinados por ela. Durante o evento gratuito, que começa a partir das 17h, haverá debate com os autores, conduzido pelo também historiador Rafael Domingos de Oliveira, seguido de sessão de autógrafos.
Analisando as diferentes personagens envolvidas no caso e seus papéis, a obra denuncia um dos aspectos mais cruéis da sociedade escravagista brasileira do século XIX, ao mesmo tempo em que destaca a coragem de Geminiana e Simplícia, mãe e avó das crianças mortas, e da rede de resistência que se formava diante dos horrores da escravidão.
Trata-se da primeira vez em que o crime cometido contra as duas crianças escravizadas, que ainda desperta intensa comoção em todo o país, é narrado a partir da perspectiva da mãe, dos meninos e da avó. Até então, destacava-se a atuação da baronesa, dos promotores e juízes, da imprensa e da polícia. Neste trabalho, a professora titular de História da Universidade de São Paulo (USP) e o professor de História da Universidade Federal do Maranhão empreendem o exercício de trazer o protagonismo de duas mulheres negras em busca de liberdade e justiça.
O prefácio de Wlamyra de Albuquerque, professora de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA), indica que “ este é um livro do campo da História Social, atento às dinâmicas entre as instituições monárquicas, as expressões do poder senhorial e as estratégias dos subalternos dentro dos limites da ordem vigente; também é um estudo que evidencia a hipocrisia de uma sociedade que se mostrou chocada diante do crime da baronesa, tal como a história passou a ser romanceada”.