Amparo 60 e Garrido em parceria inédita
Exposição coletiva “Inferno – Cânticos” tem abertura das mostras nos dias 6 (Amparo 60) e 13 de agosto (Garrido), com curadoria de Rita Vênus e 37 artistas em diálogo com o inferno dantesco
06 de Agosto de 2025
Abelardo da Hora é um dos nomes que integram a exposição coletiva
Foto Divulgação
Em uma parceria inédita, as galerias Amparo 60 e Garrido reúnem seus acervos para realizar a exposição coletiva Inferno – Cânticos, sob curadoria de Rita Vênus. Com vernissages nos dias 6 de agosto (Amparo 60, Zona Sul) e 13 de agosto (Garrido, Zona Norte), sempre às 19h, a mostra parte da Divina Comédia de Dante Alighieri para explorar temas como o sagrado, o erótico e o litúrgico, em obras que vão de pinturas a instalações.
A curadoria surgiu de um mergulho nos acervos das galerias, onde Rita Vênus identificou “pontos de conversa, diálogos e oposições” entre as obras. “Existia uma certa liturgia, um drama comum que se alinhou a uma leitura paralela que eu fazia do Inferno de Dante”, explica a curadora, que encontrou na figura de Minos — o demônio que julga as almas no Canto V — uma metáfora para a exposição: “Vejo essas duas mostras como dois rabos contorcidos e unidos”.
Dividida em dois atos, a seleção abrange 37 artistas (sendo 14 no Ato 1 e 26 no Ato 2, com três repetições), entre representantes das galerias e convidados. “A escolha veio tanto dos acervos quanto de comissionamentos, já pensando no partido curatorial”, detalha Rita. Fefa Lins, Amorí, Aoruaura e Cristiano Lenhardt criaram obras inéditas para o projeto.
A exposição é concebida como uma descida aos infernos, onde cada galeria funciona como um círculo dantesco. No texto curatorial, Rita Vênus descreve: “O litúrgico é posto como linguagem da afetação... o altar vira palco, a oração, gozo e grito”. Entre os suportes, predominam pinturas de grandes dimensões, mas há também desenhos, instalações (incluindo uma na área externa da Garrido) e obras que reelaboram símbolos religiosos com materiais inusitados.
A colaboração entre Amparo 60 (com 25 anos de trajetória) e Garrido (que nasceu a partir da coleção de Armando Garrido) marca um momento de convergência no mercado de arte. “Estamos muito felizes em oficializar nossa parceria com a Amparo 60 realizando um projeto tão potente", diz Armando Garrido. "Reconhecemos a importância de ter ao nosso lado uma galeria com mais de 25 anos de atuação, que, sob a direção de Lúcia Santos, se configura como um dos principais agentes na construção de uma cena local de artes visuais, de colecionismo e de formação de público. São muitos os desafios impostos pelo mercado, e a decisão de unirmos forças parte da crença de que em coletividade alcançamos mais espaços”, complementa.

Foto: Hannah Carvalho
Enquanto Lúcia Santos, da Amparo 60, reforça: “Sempre vi com muita alegria o surgimento de novas galerias. Não vejo como competição, mas sim como a expansão de uma cena que beneficia a todos. É uma alegria fechar essa parceria com a Garrido, com Armando que começou como um colecionador e hoje é um galerista que tem feito um trabalho extraordinário. Só alegria de celebrar esse encontro entre a Amparo e a Garrido!”.
A curadora destaca ainda que esse diálogo aquece o cenário, oxigena esses acervos nesse processo de entrelaçamento proposto. “Essa aproximação certamente vai brilhar, vai fazer brilhar diálogos que, sem essa aproximação, estariam mais minguados mesmo, não seriam possíveis”, pontua.
Os artistas participantes são: Abelardo da Hora, Alexandre Nóbrega, Alex Flemming, Alice Vinagre, Amorí, Ana Neves, Anti Ribeiro, Aoruaura, Bisoro, Célio Braga, Charles Lessa, Clara Moreira, Cristiano Lenhardt, Diogum, Elias Santos, Fefa Lins, Fernando Augusto, Gilvan Barreto, JEAN, João Câmara, José Cláudio, José Patrício, Laura Pascoal, Letícia Lopes, Luiz Barroso, Luiz Hermano, Marcela Dias, Marcelo Silveira, Marcelo Solá, Marlan Cotrim, Martinho Patrício, Mitsy Queiroz, Ramsés Marçal, Raul Córdula, Rodolfo Mesquita, Tatiana Móes e Tetê.