Reportagem

A ópera vive

Montagens recentes de composições raras e obras em processo renovam o vigor deste gênero artístico, apreciado desde o século XIX, no Recife

TEXTO Carlos Eduardo Amaral

03 de Janeiro de 2023

‘Leonor’, de Eucluides Fonseca (1853-1929), em montagem de 2019 no ‘Festival de Ópera de Pernambuco’

‘Leonor’, de Eucluides Fonseca (1853-1929), em montagem de 2019 no ‘Festival de Ópera de Pernambuco’

Foto PEU RICARDO/DIVULGAÇAO

[conteúdo na íntegra | ed. 265 | janeiro de 2023]

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Carmen, Pagliacci, La serva padrona, As bodas de Fígaro, Cavalleria rusticana... O público recifense tem recebido, nos últimos anos, eventuais montagens de óperas consagradas há mais de quatro séculos. Ao mesmo tempo, duas tendências recentes emergiram em nível nacional, com reflexos na capital pernambucana e resultados muito aplaudidos na cidade: o resgate de partituras esquecidas e o fomento de composições originais, incluindo algumas adaptadas às novas mídias.

No primeiro caso, temos Leonor, de Euclides Fonseca (1853-1929), a qual estreou como ópera propriamente dita, isto é, com cenários e figurinos, em 28 de março de 2019, no Santa Isabel, no I Festival de Ópera de Pernambuco (Fope). Isso porque alguns de seus trechos (não ela toda, como faltou ser dito na matéria publicada na edição n° 181 da Continente, em janeiro de 2016) haviam sido apresentados em um recital sinfônico no mesmo teatro, no dia 7 de setembro de 1883. Por sua vez, a execução completa, ainda em versão de concerto, ocorreu em abril de 2018, na Igreja da Madre de Deus, a cargo da Orquestra Sinfônica e do Coro da Universidade Federal de Pernambuco, sob regência do professor Sérgio Dias.

A montagem de 2019, durante o I Fope, aconteceu com interpretação da Sinfonieta UFPE e de coro e cantores da Academia de Ópera do Recife, dois projetos de extensão coordenados pelo maestro Wendell Kettle, que também promoveu a estreia de Il maledetto, do mesmo Euclides Fonseca, em 2021 – com reencenação em agosto passado, na terceira edição do festival.


Il maledetto, de Euclides Fonseca, em encenação de 2021.
Imagem: Elimar Caranguejo/Divulgação

“No caso de Il maledetto, sabemos que a obra foi apresentada quando de sua composição (1902-03). O que não conseguimos determinar é se ela foi encenada – o que pode ter ocorrido – e qual foi a formação do acompanhamento instrumental. Do manuscrito constante na biblioteca do Instituto Ricardo Brennand (IRB), a Introdução sinfônica era o único número musical orquestrado, e para uma formação não peculiar à atualidade. Para o restante da obra, que inclui toda a parte cantada, há apenas o acompanhamento do órgão e partes instrumentais esparsas”, explica Kettle, que supervisionou o trabalho de restauro, instrumentação e editoração da partitura.

Nesse processo de restauro, conta o maestro, a orquestração da Introdução sinfônica foi adaptada e complementada, e a orquestração das cenas cantadas foi construída com base na escrita do órgão. “Pode-se inferir que houve uma reestreia da obra, mas num novo formato – numa forma ou ‘roupagem’, de fato, operística”, complementa o regente, que também planeja coordenar a revisão e a estreia das outras duas óperas de Fonseca (cujo acervo completo de manuscritos se encontra no IRB): A princesa do Catete e As donzelas d’Honor.

OUTRO RESGATE
O Fope resgatou outra ópera do ostracismo, no último mês de agosto: A compadecida, de José Siqueira (1907-1985), estreada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 11 de maio de 1961. Kettle tomou conhecimento da obra em 2007, durante o mestrado em Regência, no Rio de Janeiro, e retomou o desejo de montá-la em 2016, ao retornar do doutorado, em São Petersburgo, na Rússia. Após a aprovação do projeto no Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), o regente obteve a autorização para a montagem e para o acesso à partitura, cuja revisão dos originais, redução para piano e editoração ficaram a cargo de sete editores coordenados por ele. 

A recepção do público durante as quatro récitas da reestreia de A compadecida foi a melhor possível. Devemos pontuar, entre parênteses, que Ariano Suassuna (1927-2014) não escreveu um libreto para Siqueira; este musicou o texto teatral de Ariano. Seria algo equivalente, no cinema, a filmar uma montagem da peça em vez de adaptá-la à linguagem cinematográfica. Assim, os cantores e o coro interpretam um texto não adaptado para o canto, e ainda por cima emoldurado por um acompanhamento musical que, de forma predominante, cumpre função de música incidental, em vez de conduzir dramaticamente a narrativa. No entanto, a revisitação de cada momento da trama escrita por Ariano garantiu o sucesso da obra de José Siqueira junto à plateia.

Essa pontuação é pertinente porque, vale frisar, ópera é um espetáculo que integra, organicamente, canto lírico, música sinfônica (ou de câmara) e teatro, mesmo em montagens modestas. Uma versão de concerto ou uma seleção de árias e coros em forma de concerto não constitui uma ópera, senão um espetáculo belcantista, ainda que existam gêneros de composição assim concebidos, como o oratório e a cantata.


A compadecida, de José Siqueira (1907-1985), é adaptação do texto teatral de Ariano Suassuna. Imagem: Elimar Caranguejo/Divulgação

Se formos considerar iniciativas daquele tipo, belcantistas, o público recifense teve acesso a espetáculos como o Áreas sagradas –em 2010 e 2011 que levou intérpretes de árias de óperas a diversos templos religiosos do Recife, de igrejas a centros espíritas e terreiros de religiões de matriz africana, – e diversos recitais promovidos pelo festival Virtuosi e pelo Conservatório Pernambucano de Música.

NOVAS COMPOSIÇÕES
O repertório operístico, escusado dizer, é muito mais do que um punhado de obras adoradas por divólatras ou esquecidas no passado. Em julho de 2015, por exemplo, o público recifense teve a oportunidade de ver O pescador e sua alma, do compositor carioca Marcos Vieira Lucas e do libretista e dramaturgo Guilherme Miranda.

Coordenada pelo barítono Luiz Kleber Queiroz e regida pela cravista Maria Aída Barroso, ambos professores da UFPE, O pescador e sua alma havia sido montada no Rio de Janeiro e em Brasília, em 2008. Ela se baseia em um conto homônimo de Oscar Wilde (1854-1900). Enredos de origem literária, por sinal, são uma constante na ópera brasileira, tal qual atestam a própria Leonor – adaptada da lenda As mangas de jasmim de Itamaracá, sobrevivente dos anais literários pernambucanos de cerca de 400 anos atrás – e, claro, O Guarani, musicada por Carlos Gomes (1836-1896).

Outros compositores nacionais que seguem esta vertente são o carioca João Guilherme Ripper, com Anjo negro, sobre a peça de mesmo nome de Nelson Rodrigues (1912-1980); o paulistano Leonardo Martinelli, que musicou adaptações de Navalha na carne, de Plínio Marcos (1935-1999), O peru de Natal, de Mário de Andrade, e O canto do cisne, de Tchekhov (1860-1904); e o mineiro radicado em Curitiba Harry Crowl, com Sagarana, de Guimarães Rosa (1908-1967). Uma menção à parte merece O quatrilho, adaptada pelo próprio autor do romance original, José Clemente Pozenato, transformada em música por Vagner Cunha e estreada em 2018, em Porto Alegre.


Extra: Assista à ópera Leonor, de Euclides Fonseca


NOS ÚLTIMOS ANOS
Depois de Dulcineia e Trancoso, de Eli-Eri Moura (música) e W. J. Solha (libreto), estreada em 2009, o Santa Isabel viu outra ópera nascer em seu palco: Júlia, a tecelã, de Wendell Kettle. O drama em um ato, encomendado pela Secretaria Municipal da Mulher para as homenagens do centenário de Júlia Santiago (1917-1989), a primeira mulher vereadora do Recife, foi executado uma única vez, em 2017, sob regência do próprio compositor. No entanto, não houve gravação em vídeo, de modo que Júlia, a tecelã permanece sem registro audiovisual e consequente difusão, mesmo vindo a público em tempos mais recentes, dominados pelas plataformas de vídeo, pagas ou gratuitas.

O cinema chegou a investir em uma tentativa de mudança de paradigma da audiência operística: inicialmente, no século passado, empreendendo produções exclusivas para as telas, em vez dos palcos; depois, já neste século, com a exibição das montagens teatrais, ao vivo ou gravada, em salas de multiplexes. O Metropolitan de Nova York, que inaugurou o formato em 2006, ainda aposta nesse canal, embora menos do que na plataforma de streaming que criou posteriormente: a Met Opera on Demand. No Brasil, houve algum entusiasmo dos fãs nos primórdios da veiculação nas telonas, logo minguado.


Wendell Kettle, maestro.
Foto: Anderson Loiola/Divulgação

Por outro lado, a pandemia de 2020 potencializou uma mídia muito mais democrática: o YouTube, que passou a atrair não só os espectadores aficionados, como também os criadores artísticos. Caiu o privilégio das produções cinematográficas aos títulos consagrados (o que não podemos criticar, porque, além de a ópera ser um nicho restrito na maior parte do planeta, qualquer modelo de venda, por definição, precisa ser lucrativo) e floresceram as composições concebidas para serem submetidas ao nosso like ou dislike.

Da parte de um pernambucano, a primeira delas foi Penélope 19 – Uma ópera doméstica, de Armando Lôbo, filmada em pleno lockdown, no Rio de Janeiro, e lançada em setembro de 2020 (leia entrevista com o compositor ao final desta matéria). Com 14 minutos de duração, Penélope 19 retoma o mito de Ulisses adequando-o às inquietações da protagonista da trama acerca do confinamento social (“Quando essa Penélope voltará a ver seu herói?”, poderíamos sintetizar).

MAIS COMPOSIÇÕES LOCAIS
Já residindo no Recife, Lôbo escreveu uma segunda ópera-filme: Último dia, que foi ao ar em junho de 2021 e condensa, ao longo de 12 minutos, uma série de referências estéticas e literárias que ora satirizam ora promovem reflexões sobre um comentado episódio de catalepsia (não sabemos se real ou lendário) vivido por Levino Ferreira (1890-1970). Ambas as produções estão disponíveis no canal Micro-operas, com roteiro, libreto, música, mixagem, edição e direção capitaneados pelo compositor.

Em abril de 2022 foi a vez de Emparedadas, com música de Sérgio Deslandes e libreto de Milena Marques, ser lançada no canal Ópera no Recife e ter sua partitura disponibilizada no site Grupo de Pesquisa Mar de Corais. Tanto Emparedadas, inspirada no célebre romance A emparedada da Rua Nova, de Carneiro Vilela (1846-1913), quanto Último dia foram contempladas no nível estadual pela Lei Aldir Blanc, aspecto que enaltece a importância do incentivo cultural estatal a essa arte.

Por fim, Victor Luiz, compositor residente em Camaragibe, concluiu a composição de Kairós: Minióperas do tempo oportuno, sobre libreto de Luiz Kleber Queiroz e que consiste de quatro minióperas de câmara baseadas na obra de Dino Buzzati (1906-1972): Equivalência, Delicadeza, Um caso assombroso e A almôndega. Segundo Victor Luiz, Kairós “trata do tempo não linear e da angústia do ser humano perante a morte”, abordando temas tão atuais quanto o desemprego, a corrupção, a morte e a injustiça social.

“Com esta tetralogia nós buscamos contribuir, junto às demais obras nacionais, com a quebra do paradigma da ópera como espetáculo grandioso e imponente, para colocá-la em uma posição mais próxima ao público e em condições mais viáveis de realização dentro da realidade brasileira”, explica Victor Luiz. As partituras da tetralogia se encontram no site Minióperas e a produção para a gravação está prevista para o primeiro semestre de 2023.


Victor Luiz, compositor.
Foto: Edilson Bispo/Mucambo/Divulgação

PROFISSIONAIS DO SETOR
Todos aqueles que trabalham em algum metiê dos universos teatral e cinematográfico, talvez com exceção de atores, estão aptos a aplicar seu conhecimento e prática em uma produção operística, sob coordenação de um diretor artístico: cenógrafos, diretores, figurinistas, maquiadores, operadores de câmera, captadores de áudio, editores e montadores de vídeo etc. Na Itália, onde a ópera nasceu e se desenvolveu, inclusive há um termo idiomático para essa figura de coordenação: regista (a pessoa que rege, comanda). 

Instrumentistas e regentes de formação conservatorial, naturalmente, constituem uma outra parcela essencial para a produção do gênero, mas há uma classe profissional, dentro do universo da música, cuja presença caracteriza a ópera como tal e cuja formação requer anos de maturação: os cantores líricos, a quem é confiado o protagonismo que pertence aos atores no teatro e no cinema. E que caminhos um aspirante a cantor de ópera em Pernambuco pode seguir a partir da descoberta de sua vocação?

O tenor Jadiel Gomes explica que o mais natural é estudar Teoria Musical e Canto, ingressar em um coral e participar de montagens de ópera; a princípio, como coralista. Dito trajeto agrega o futuro solista a um grupo e dá a gradual visibilidade para ser escalado à medida que vai sendo bem-avaliado. No campo dos estudos, há uma via acadêmica (o bacharelado em Música com habilitação em Canto na UFPE), outras de nível técnico (como o Conservatório Pernambucano de Música e a Escola Técnica Estadual de Criatividade Musical) e os professores particulares.

Os alunos de outras habilitações do bacharelado também dispõem de cadeiras regulares de Canto Coral e de eletivas com foco no canto de câmara ou operístico. Já na licenciatura em Música, são oferecidas disciplinas de Técnica Vocal e Regência Coral. Em paralelo, os futuros cantores buscam aperfeiçoamento em master classes, aulas particulares e oficinas no Brasil e no exterior – mesmo destino dos instrumentistas que desejam se tornar virtuoses.

O inconveniente é que, sendo poucas as casas no Brasil que promovem tais montagens (nenhuma no Nordeste), muitos talentos tendem a ficar restritos a participações nos coros ou só encontrar chances de atuar como solistas em iniciativas bissextas ou periódicas – dependentes de financiamento de editais públicos – e concorrendo com quem já está no mercado.

“A grande dificuldade enfrentada, realmente, é não ter a profissionalização do nosso trabalho, do nosso objetivo”, resume Jadiel, bastante requisitado em produções locais. “Há, na cidade, a Orquestra Sinfônica do Recife, que comporta empregos, né? Não temos um coro estatal, em que a gente possa cantar e se aperfeiçoar. É uma visão de futuro que a gente não tem. Então fazemos ópera com muito prazer, porque é muito difícil sobreviver”, analisa o tenor. A fonte de renda dele e de outros colegas cantores vem de casamentos e formaturas, quando contratados por algumas empresas de eventos do ramo. “São os únicos momentos em que a gente pode ganhar um pouco de dinheiro. Só nesses momentos”, completa.


Extra: Leia entrevista com o multiartista e pesquisador Armando Lôbo


PERFIL DE PÚBLICO
Afortunadamente, a apresentação de óperas pré e pós-pandemia no Santa Isabel tem garantido boa audiência e conquistado novos adeptos. Alexsandra Tenório, 16 anos, que cursa o primeiro ano do Ensino Médio, viu uma ópera pela primeira vez em 2019 e guardou diversas impressões daquele momento consigo. “Não me recordo a qual assisti, mas foi o primeiro contato ao vivo. A experiência foi ótima! O mais interessante foi ver uma orquestra debaixo do palco, fiquei bastante impressionada!”, comenta.

Alexsandra voltou àquele teatro em 2022 como clarinetista, para atuar em alguns concertos com a Orquestra Criança Cidadã, projeto social onde ela estuda desde 2016. Como espectadora, fez questão de prestigiar A Compadecida e, agora mais madura, pôde finalmente tirar suas dúvidas: “Conheci como funcionava a tal ‘lata de sardinha’ onde os músicos ficavam”, diz, referindo-se ao fosso de músicos. “Foi legal, os músicos não ficam sufocados (como eu ficava imaginando) por ser um espaço menor. Nesse dia, também soube que as óperas não são divididas por movimentos, como peças sinfônicas, e, sim, por atos.”


Elenco da montagem de Cavalleria rusticana, apresentada no Fop 2022. Obra do italiano Pietro Mascagni (1863-1945), está é uma das óperas mais encenadas mundialmente.
Imagem: Elimar Caranguejo/Divulgação

Alexsandra enumera que seus compositores favoritos são Schumann, Beethoven, Chopin e Carl Maria von Weber. Os três primeiros deixaram um catálogo eminentemente sinfônico e camerístico. Quanto a Weber, ela o admira pelas obras que ele escreveu para seu instrumento, sem saber que o alemão ocupa um lugar de destaque na ópera de tradição germânica da primeira metade dos anos 1800.

A jovem aluna de clarinete, moradora da comunidade do Coque, representa uma nova geração de fãs que dá continuidade a uma audiência que sempre abrangeu todos os estratos sociais da cidade. Infelizmente, os dois livros obrigatórios para se entender a formação desse público restavam apenas ao alcance de pesquisadores: Música e ópera no Santa Isabel, de José Amaro dos Santos Silva, e Ópera no Recife – Vozes, bastidores, espectadores, escrito por Karuna Sindhu de Paula, Felipe Azevedo de Souza e Sérgio Deslandes.

Este segundo livro, resenhado em maio de 2018, na edição 209 da Continente, e relançado em novembro passado pela Cepe — reconstrói com bastante amplitude a atividade operística recifense, dos teatros do século XIX (o pioneiro Capoeira, o Apolo, o Philo-Dramático, o de Santa Isabel) até cinco anos atrás, passando pelas companhias líricas estrangeiras, que sempre arribavam no Recife em turnês sul-americanas; pelo papel de Euclides Fonseca; pela Companhia Israelita de Dramas e Operetas; pela atuação de Valdemar de Oliveira (1900-1977) e Samuel Campelo (1889-1939); e pela Sociedade Lírica de Pernambuco.

Nota-se, contudo, que já não encontramos mais críticas de ópera (e mesmo de música clássica) na imprensa pernambucana, apenas notícias prévias e que não transcendem as informações prestadas via releases. Nesse contexto de enxugamento severo das redações jornalísticas e da escassez de profissionais especializados para exercer a crítica, desenha-se um cenário em que as produções operísticas prometem constância para os próximos anos, mas sem haver quem fale de sua recepção, falhas e acertos e que deixe registrado, com relatos abrangentes, que a ópera vive.

CARLOS EDUARDO AMARAL, jornalista, pesquisador, crítico musical e compositor.

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