Reportagem

Oficina Brennand em dias de transformação

Dentro das comemorações dos seus 50 anos, espaço torna-se um instituto, abre uma nova exposição e leva adiante a ideia de aproximar a obra do pernambucano a de artistas contemporâneos de todo o mundo

TEXTO BRUNO ALBERTIM
FOTOS BRENO E GABRIEL LAPROVITERA

03 de Novembro de 2021

Foto 360º Breno e Gabriel Laprovítera

[conteúdo na íntegra | ed. 251 | novembro de 2021]

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atualizado em 10/11/2021

Recém-chegado
de seus estudos de arte na Europa, o pernambucano Francisco Brennand receberia uma encomenda cuja importância só se lhe seria clara algumas décadas depois. Era o ano de 1962. Também recém-desembarcados no Recife, os então proprietários do Banco Lavoura de Minas Gerais lhe traziam a demanda: produzir um painel de cerca de 33 metros de comprimento por apenas dois e meio de altura. Para ser alocado nos flancos laterais de uma agência a ser aberta no Centro do Recife, cujo tema, sugeriram, fosse uma das batalhas da chamada Restauração Pernambucana.

Alvo de discussões acaloradas e denúncias sobre seu abandono, o painel da Batalha de Guararapes padece, ao final deste ano pandêmico de 2021, sob umidade e tapumes na Rua das Flores, no Bairro de Santo Antônio, à espera de restauro. Ao tratar o tema eleito pela historiografia oficial como definidor da integridade brasileira ainda colonial, com seu pensamento fortemente influenciado pela histórica Tapeçaria de Bayeux naquele que seria, então, seu maior trabalho em cerâmica, Brennand não sabia, mas executava, segundo o próprio crivo, sua obra maior.

“Passado o tempo, dentro de tantos outros quadros, esculturas e painéis que eu tenho feito pelo Brasil, e até alguns poucos no estrangeiro, eu tenho a consciência, e já repeti isso várias vezes, que se alguma coisa deve perdurar é exatamente a Batalha de Guararapes, que eu gostaria que perdurasse e que ela fosse conservada”, dizia ele, a bengala amparando mais o pensamento que os braços, até os últimos dias de vida.

Aberta em 2003, a Accademia reúne pinturas e desenhos de Brennand

A Batalha dos Guararapes, o painel, ainda que por enquanto vedado ao olhar público, nos oferece uma chave para o entendimento geral da obra deste artista. Diante da monumentalidade de sua produção cerâmica, cujo corpus se confunde com o corpo urbano da cidade do Recife – são mais de 100 esculturas e painéis cerâmicos distribuídos em locais públicos e privados da cidade –, Brennand manifestava o medo de que sua pintura fosse obliterada pela cerâmica. “Por conta desta admirável moldura que se fez em torno do mundo da cerâmica...”, disse ele, numa entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, em 2015, “um conjunto de esculturas aliado à arquitetura e à paisagem, que deu um relevo ao meu trabalho cerâmico, deixando a pintura escanteada, as gerações foram se renovando, e os novos não teriam obrigação de saber o que eu fazia em 1940 e pouco nem em 1950. Só os meus contemporâneos é que sabem dessa história”.

Menos conhecido que o ceramista, o Francisco Brennand pintor poderá ser melhor observado, não apenas pelo público do Recife, mas pelos turistas entre os cerca de 40 mil a 50 mil visitantes anuais da reserva de Mata Atlântica no bairro recifense da Várzea onde, desde o alvorecer da década de 1970, o artista deu início à sua “cidadela” para a impressionante materialização de sua mitologia própria. Para comemorar os 50 anos da Oficina Brennand, a sua principal galeria receberá, a partir de 20 de novembro, a exposição Devolver à terra, a pedra que era.

Retirado dos versos de um poema de João Cabral de Melo Neto sobre o ofício do ceramista e do oleiro, o título sintetiza a mostra com cerca de 200 telas e painéis cerâmicos a serem expostos no espaço Academmia. “Quando ele falava em ser reconhecido como pintor, falava em reocupar esse lugar de artista. Como pintor, ele se dizia um artista ocidental. Como escultor, um artista de muitas culturas. Mas era sobretudo um pintor”, diz Júlia Rebouças, recentemente contratada como diretora artística do novo Instituto Oficina Brennand.

Sergipana com passagens anteriores por Inhotim e pela Bienal de São Paulo, Júlia é uma das curadoras dessa próxima exposição e uma das profissionais mais atuantes do pensamento curatorial brasileiro contemporâneo. Sua presença no novo quadro de funcionários do equipamento é um dos indicadores e consequências de um novo momento, cinco décadas após sua fundação, da Oficina Brennand.


Imagem de arquivo do painel Batalha de Guararapes, que foi instalado em edifício-sede de agência bancária na Rua das Flores (Recife) nos anos 1960 e que deve ser transferido para outra agência, em Boa Viagem

A exposição da obra pictórica de Brennand não se dá apenas pela grandiosidade desse seu universo. Antes de morrer, por complicações de uma infecção respiratória, lúcido e produtivo, aos 92 anos, ao final de 2019, Francisco Brennand tomou duas providências. Uma foi a confecção da própria urna funerária onde seus restos mortais estão guardados num simbólico conjunto de esculturas batizado de Templo do sacrifício, numa alusão ao massacre das civilizações pré-colombianas, localizado à direita do pátio central de obras da Oficina, por trás de um grande galpão e nem sempre visto, portanto, por quem ali chega como visitante. 

A outra foi assegurar as condições para que o temor de que sua obra fosse esquecida ou abandonada não se confirmasse. Reuniu herdeiros e parceiros e transformou a então quase cinquentenária oficina, ao final daquele 2019, numa instituição privada de fins públicos. As terras não podem ser vendidas ou ter a finalidade alterada pela família. Ali, os objetivos agora seguem em várias direções.

Entre as mudanças está a de que a propriedade abre-se a outros artistas, inserindo Francisco Brennand num diálogo direto com pares e numa nova cartografia da arte contemporânea – não apenas regional ou brasileira, mas mundial. Para tanto, sua sobrinha-neta Mariana Brennand, responsável pela organização dos Diários de Francisco Brennand, publicados pela Companhia Editora de Pernambuco – Cepe, em 2016, assumiu a presidência do novo Instituto Oficina Brennand. Como diretor geral, foi convidado Lucas Pessôa, o antigo diretor de operações do Masp, que, a partir de 2013, gerenciou uma política exigente de gestão e mecenato para a instituição, tirando o Museu de Arte de São Paulo do risco de fechar as portas e de uma dívida bilionária levando-o a um faturamento de quase R$ 40 milhões cerca de quatro anos depois. Em tempo: embora a assessoria do instituto ainda não tenha confirmado, foi divulgado que Pessôa deverá assumir, em janeiro de 2022, a direção geral do Inhotim, em Minas Gerais. Portanto, é muito provável haver novas mudanças na gestão do equipamento recifense.

 
Júlia Rebouças assume a diretoria artística do Instituto Oficina Brennand e Lucas Pessôa, a direção geral. Mariana Brennand (à dir.), sobrinha-neta do artista, é a presidente do novo instituto

O Instituto Francisco Brennand conta, também a partir dessa nova gestão, com um grupo de conselheiros de atuação nacional. Entre eles, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz e a  fundadora e diretora do Instituto Inclusartiz, Frances Reynolds. Com orçamento anual em cerca de R$ 10 milhões, tem o apoio operacional de empresas nacionais como Vale, além dos bancos Bradesco e Itaú. Os recursos de manutenção da estrutura e da equipe de 45 pessoas no total, cerca de 40% da receita, são do Grupo Cornélio Brennand, criado pelo avô de Mariana.

A nova equipe pretende reunir esforços para a ampliação dessa receita. “O Nordeste tem quase 30% da população e recebe menos de 3% da Lei Rouanet”, pontua Lucas Pessôa. “Nossa linha de atuação não deve reproduzir mecanismos de colonialismo interno.”

Ainda em processo de definição estão os planos de uma política de aproximação e ampliação do público do Recife à Oficina, cujo ingresso custa hoje R$ 30, com meia-entrada para alunos e professores. “Por ora, a bilheteria também é fonte importante de receita. Mas pensamos em criar uma espécie de passe com facilitação para a comunidade vizinha da Várzea ou para o público do Recife”, diz Lucas Pessôa.

Para o público de menor poder aquisitivo, há ainda entraves, como a falta de uma linha de transporte público que leve ao lugar – obrigando o visitante a usar automóvel. Com um único café instalado, também não conta com serviços de alimentação com preços mais acessíveis. Piqueniques, por exemplo, não são permitidos na área do parque botânico.“Pensaremos em políticas de facilitação de acesso, mas não gratuidade, porque é importante a relação de troca”, comenta Pessôa. Os números da própria bilheteria indicam o interesse da população na visitação da Oficina Brennand. “Em dezembro, quando fizemos um dia com entrada gratuita, durante a pandemia, batemos nosso recorde diário de visitantes, com duas mil pessoas num único dia”, conta Mariana Brennand, sobre uma ação feita no final de 2020.

A CERÂMICA
Contemporâneo do homem que fez o século XX articular o termo Cubismo, Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand aprendeu a modelar a argila com o artista Abelardo da Hora, então funcionário da fábrica cerâmica de seu pai, na Várzea. Incentivado por Cícero Dias, ao viajar para a Europa em 1949 para estudar com artistas como André Lhote e Fernand Léger, conheceu as obras de Miró e Picasso.

Quando o amigo Cícero convidou-o para conhecer o artista catalão, houve o susto acompanhado da revelação: o pintor da Guernica era também ceramista. “Ali, vi que a cerâmica poderia ter a mesma grandeza da pintura a óleo, meu interesse até então. Ou até mais”, percebeu ele. Mas sempre dizia: “Só me tornei um ceramista porque sou, antes de tudo, um pintor”. Houve, em seu pensamento, a constante vontade de unir as linguagens. Se pudesse, dizia Brennand, “queimar meus quadros nos fornos como faço com as peças cerâmicas, eles teriam uma dimensão definitiva”, indicando como pintura e cerâmica se imbricavam em seu pensamento.

Além de seguir como museu com parte de seu acervo a céu aberto, o espaço conta agora com programas de relacionamento com a comunidade artística e acadêmica. Este ano, por exemplo, dentro dos programas de requalificação da Oficina, houve um curso de extensão, em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco, para cerca de 300 professores da rede pública. Entre os professores, estavam nomes de relevância do pensamento contemporâneo como Sidarta Ribeiro e Ailton Krenak.

“Brennand foi construindo este lugar de forma espontânea, orgânica”, comenta Mariana.  Assim, portanto, dois grandes galpões até então utilizados para eventos sociais na Oficina devem ser melhor qualificados com obras para melhor garantir a adequação museológica. Ainda no plano das intenções, não há projetos arquitetônicos ou orçamento, contudo, neste sentido.

Outra ação, agora em andamento, foi a criação de uma residência artística com seis bolsas (no valor de R$ 2 mil, cada) para ceramistas de estilos, gerações e práticas variadas. “Queríamos nos aproximar, sem critérios como etarismo, de artistas que não estão ainda inseridos no circuito mais ortodoxo das artes”, diz Mariana Brennand. Uma dessas residentes é Maria da Cruz, filha da célebre Ana das Carrancas, falecida em 2008. Aos 65 anos, ela diz que a oportunidade lhe estimula a vontade de seguir aprendendo. “Sou feliz em ser reconhecida como uma pessoa que bota a mão no barro”, pontua. “Aprendi a mexer no barro com minha mãe, que, por sua vez, aprendeu com a mãe dela. Mas minhas peças nunca passaram do tamanho de um metro”, diz ela, diante de uma carranca “totêmica” de mais de dois metros de altura produzida no contexto da residência. “Estou aprendendo a fazer a estrutura para peças maiores.”

Outro residente é S.Ômega, um artista de 32 anos da cidade de Igarassu. Formado em Artes Visuais pela UFPE, com estágio em museus locais, ele diz ter herdado a técnica oleira do avô e, após ter experimentado “o muralismo do gafite”, produz novos significados para a confecção artesanal de telhas. De origem afro-diaspórica, ele comenta: “Termos racializantes, como o ‘fazer nas coxas’ – uma expressão colonialista sobre o fazer pouco elaborado de negros escravizados – me incomodam. Então, resolvi assumir o termo como título para esta série de telhas artesanais que moldo, justamente, sobre minhas próprias coxas”. 


Urna funerária com os restos mortais de Francisco Brennand encontra-se no conjunto de esculturas batizado de Templo do sacrifício

EXPOSIÇÃO DE ABERTURA
No dia 20 de novembro, haverá a exposição de abertura dessa nova curadoria da oficina. Foi em 1971 que Francisco Brennand abriu mão de sua parte nos negócios da família para instalar na antiga fábrica cerâmica de seu pai, Ricardo, sua “cidadela” única e pessoal onde mais de 15 mil obras se distribuem de forma rizomática em meio aos cerca de 15 mil hectares de mata. O público poderá perceber como, ainda jovem, Brennand criava soluções para seus futuros projetos estéticos.

Alguns dos trabalhos que estarão em exposição são da série Amazônicas, inédita publicamente em Pernambuco, exposta pela primeira vez na Bienal de São Paulo de 1971 e em seguida adquirida pela família. “O que me autoriza, como curadora, a trabalhar sobre a obra de Brennand é o fato de que ele sempre entendeu tudo como processo, do esboço ao mural, passando pela falha, tudo processo”, comenta Júlia Rebouças, que também é pesquisadora e crítica de arte.

Na composição do quadro O rio, um dos que compõem a série em que Brennand usa a Amazônia como metáfora das relações entre natureza e território, Júlia observa, por exemplo, linhas indicativas de movimentos depois usados como encaixes de futuras esculturas totêmicas, como os pássaros-roca.

Embora tido como “um artista recluso em seu universo”, pouco submisso aos humores do mercado, a curadora aponta que “Brennand travou importantes diálogos com intelectuais de seu tempo”. Neste sentido, a mostra trará os desenhos feitos pelo artista para o figurino do filme A Compadecida, dirigido em 1969, pelo francês Georges Jonas, como primeira adaptação da obra de Ariano Suassuna para o cinema, em diálogo com cenografia da arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, cujos croquis também estarão expostos.

Serão mantidas no espaço expositivo também as ilustrações feitas por ele para as cartilhas de alfabetização do educador Paulo Freire, em 1963. “Além do centenário de Freire, que traz oportunos debates sobre seu pensamento, a exibição desses desenhos é uma forma de trazer ao público obras censuradas com o golpe de 1964”, comenta ela.

Ao lado de Júlia, a curadoria da exposição dos 50 anos terá participação da mexicana Julieta Gonzalez. Curadora sênior do mexicano Museu Tamayo com passagens pelo Masp e pela Tate Modern, de Londres, a presença dela é, por si, um gesto estratégico de ampliação do nome de Brennand nas discussões mundiais da arte. “Julieta é uma curadora com uma imensa capacidade de articulação dessa produção de Brennand com outras pautas urgentes do mundo contemporâneo”, comenta Júlia.

Poucos como Brennand tiveram a sorte do reconhecimento em vida. Ainda que agraciado com um prêmio Gabriela Mistral, concedido pela Organização dos Estados Americanos, e com robustas retrospectivas de sua obra em cidades como Porto Alegre, São Paulo e Berlim, Brennand ainda sentiu os efeitos de ter desenvolvido sua obra, embora universal, circunscrita a uma cidade da periferia ocidental. “Sim, a presença dela é também um esforço de fazer de Brennand um verbete da história da arte, um assunto puxado para as primeiras páginas dessas discussões”, pontua Rebouças.

“Nosso grande objetivo”, indica Mariana, “é colocar a obra de Brennand em diálogo com obras importantes da arte mundial”. Ela informa que, em 2022, como instituto de arte contemporânea que se tornou, a Oficina Brennand recebe para exposição um dos seis exemplares da monumental escultura Aranha. Com mais de cinco metros de altura, três metros de comprimento e com peso aproximado de 300 quilos, a obra da franco-americana Louise Bourgeois, um animal que “tece e reconstrói a teia diariamente”, é tida como um dos maiores libelos feministas da arte contemporânea.

A peça pertence ao Instituto Itaú Cultural, viajando num projeto de itinerância nacional. “Em pontos de vista muito distintos, Louise Bourgeois e Brennand possuem a sexualidade como eixos de seus pensamentos”, comenta Júlia Rebouças. No próximo ano, o museu espera receber, também, uma obra inédita do paulistano Ernesto Neto. “Deveria ser exposta este ano, mas como trata-se de uma obra interativa, resolvemos adiar por conta da pandemia”, ressalva Mariana.

 
Estarão na mostra de abertura desenhos do figurino do filme A Compadecida, dirigido pelo francês Georges Jonas, em 1969

AINDA GUARARAPES
Os estudos para a Batalha de Guararapes estarão expostos por ocasião dos 50 anos da Oficina Brennand. Ainda antes de morrer, o artista escreveu uma carta manifestando o desejo de ver integrado ao conjunto de sua obra, na Oficina, o painel até então alocado na Rua das Flores.

A carta foi endereçada ao espanhol Banco Santander – que, ao adquirir o patrimônio do antigo banco mineiro, recebeu a propriedade da obra. “Gostaríamos de ter o painel aqui para, com ele, tratar discussões e diálogos com obras da mesma poética”, explica Lucas Pessôa. “Além de poder garantir a manutenção ideal da obra.”

No dia 1º de outubro, por nove contra cinco votos, os membros do Conselho Estadual de Cultura deferiram uma solicitação do Santander. O Banco solicita autorização para o restauro da obra e sua transposição para uma agência da marca no Bairro de Boa Viagem.

Procurado pela reportagem da Continente, o Banco informou, por meio de nota que  “(...) ainda não foi notificado da decisão do Conselho Estadual de Cultura”. Na mesma nota, esclarece “que a iniciativa de revitalização e mudança de local do painel Batalha dos Guararapes, de Francisco Brennand, tem o objetivo de garantir que a obra seja resguardada de quaisquer atos de depredação e vandalismo”, acrescentando que “Além disso, o mural permanecerá ao ar livre, com livre acesso a todos e será exibido para um maior número de pessoas, em área pública. Trata-se de um projeto meticuloso, concebido pelo Santander Brasil após consultas aos poderes públicos das esferas municipal e estadual, seguindo todos os trâmites legais, preservando este patrimônio cultural para a posteridade”.

Presidente do Conselho Estadual de Cultura, Cássio Raniere diz que, para acatar a solicitação do banco, “foram solicitadas as informações técnicas e o memorial descritivo para que a decisão seja validada pelos instrumentos jurídicos válidos para a salvaguarda da obra, já tombada em nível estadual”.

 “Não cabe ao conselho dizer se o painel ficaria melhor aqui ou ali. Sobre o destino, cabe à Oficina Brennand tratar diretamente com o Banco”, ele diz. “Cabe, sim, livrar a obra dos riscos em seu local de origem, na Rua das Flores, para onde deve ser realocada, conforme decreto da lei de tombamento, cessados os perigos apresentados”.

Aos 50 anos da fundação de sua oficina, Brennand não terá, até segunda ordem, atendido o desejo de ver o painel com o qual gostaria de passar à posteridade integrado ao conjunto de sua obra na Várzea. Contudo, oportunamente, terá sua obra em diálogo mais direto com a arte ocidental que, à sua maneira singular, veio a ampliar.

BRUNO ALBERTIM, jornalista, antropólogo e escritor. Autor, entre outros, de Tereza Costa Rêgo – Uma mulher em três tempos (Cepe Editora, 2018).

BRENO LAPROVITERA, 
fotógrafo, com atuação na área de cultura e documentação, com trabalhos publicados em jornais, revistas, livros e catálogos de arte.

GABRIEL LAPROVITERA, 
com formação em Tecnologia e Engenharia Ambiental, migrou para a área da fotografia, produção digital e edição de vídeo, entre outras mídias.

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