A música, neste ano de 2018, celebra dois compositores entre os mais significativos do século XX, Claude Debussy e Leonard Bernstein. Cem anos atrás, o falecimento daquele que muitos veem como o primeiro compositor moderno, Debussy, ocorria alguns meses antes do nascimento de um dos mais extraordinários músicos que já existiram. Leonard Bernstein se considerava primeiramente um compositor, mas seu talento não se restringia a esse campo da música: ele foi um excelente pianista, um ótimo escritor, um professor adorado e, acima de tudo, um regente prodigioso. Segundo sua biógrafa, Joan Peyser, nenhum músico no século XX percorreu tão amplo espectro de atividades.
Aqueles que viram e ouviram Bernstein em atividade sabem que todos esses termos elogiosos não são excessivos ou exagerados. Mas, mesmo com todos os registros de vídeo, áudio e livros, talvez seja difícil para aqueles que não haviam nascido nos anos que ele esteve ativo dimensionar seu impacto na música do século passado.
Bernstein, com seu imenso talento, soube aproveitar o que de melhor seu país e sua época lhe ofereceram. Ele foi pioneiro em muitos aspectos. Antes dele, nenhum americano nascido e educado nos Estados Unidos havia sido titular de uma grande orquestra americana ou regido uma ópera no La Scala. Através de seus programas televisivos, a música erudita se tornou pop para gerações de crianças e jovens, e nunca um regente e compositor transitou com tanta naturalidade pelas músicas de concerto, popular e teatral.
Durante toda sua vida, Bernstein teve duas características constantes: a intensidade que colocava em tudo o que fazia e o cultivo de extremos e dualidades. A maior delas é, certamente, o conflito entre se dedicar à composição de música para salas de concerto ou para a Broadway, mas aspectos como religiosidade, estética e sexualidade também foram relevantes na sua vida.