“Buuuummmmmmm!” A arma dispara uma potência de som e pressão inimagináveis para quem nunca tinha presenciado tal cena. Segue-se um coice, carregando o corpo do homem para trás. Sobe uma nuvem de fumaça azul e poeira em volta do caboclo. O cheiro de pólvora seca intoxica gostosamente as narinas dos presentes. A performance é seguida de um balé rústico que pode se transformar em forma de rodopio do corpo ou apenas num movimento frio daqueles que preferem suportar o movimento contrário aos braços. Quem está a observar a cena, ouve o barulho da onda grave da explosão no limite do que os ouvidos podem suportar. O couro cabeludo treme ao propagar da pressão da explosão. Um novo apito soa, sai mais um sertanejo da fila a dar seus passos marcados para mais um disparo estrondoso. E assim segue a apresentação de bacamarteiros em dia de festa junina em diversos municípios do estado de Pernambuco e de outros estados da Região Nordeste.
Para quem não está familiarizado com o ritual, toda a cena parece deveras exótica. E é assim que a maioria das pessoas e dos meios de comunicação tendem a explorar a manifestação folclórica dos bacamarteiros. No máximo, uma explicação de cunho mais religioso. Um viés muitas vezes superficial e que esconde diversos aspectos históricos, sociológicos e de dificuldades de uma manifestação secular que conseguiu chegar aos nossos dias, apesar de toda forma de controle exercida pelo poder público.