O jeito passional de lidar com as coisas transfere-se também na relação de Dolan com as críticas. Apesar de dizer que lida bem com elas, a não ser quando o crítico comete erros, a verdade é que Dolan não esconde a mágoa quando é criticado – o que aconteceu muito no Festival de Cannes deste ano com É apenas o fim do mundo, que ele declarou considerar seu melhor filme.
No fim, apesar de todas as críticas negativas, o longa levou o Grande Prêmio do Júri, uma espécie de segundo lugar. “Sei que Xavier se sentiu pessoalmente ofendido”, disse Ulliel, dois dias após a exibição para a imprensa em Cannes. “Ele também é atacado pessoalmente. Tomara que ele aprenda a se distanciar, porque, no fim, não é o mais importante.”
De fato, às vezes as críticas extrapolam o julgamento do valor cinematográfico das obras para comentar sobre a personalidade do diretor, que, com seu jeito transparente e sincerão, não agrada a todos. Dolan teria ficado tão chateado com a recepção a seu último filme, que declarou que nem vai inscrever seu próximo em Cannes. The death and life of John F. Donovan, sua primeira produção em inglês, tem elenco igualmente estrelado: Kit Harington (o Jon Snow de Game of Thrones), Jessica Chastain, Natalie Portman, Susan Sarandon.
Agora é ver se ele vai resistir ao chamado de Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes, e à possibilidade de ter seu sétimo filme no evento – ele ganhou a Caméra d’Or com Eu matei minha Mãe e o Prêmio do Júri (empatado com ninguém menos que Jean-Luc Godard) por Mommy, além do Grande Prêmio este ano.