A ilustradora nasceu na capital argentina em 1984, onde se formou em Design Gráfico pela Universidade de Buenos Aires. Atualmente, mora em Porto de Galinhas e dedica-se a escrever e ilustrar livros infantis, além de participar de mostras e ministrar oficinas. Já teve seus trabalhos divulgados na exposição Le immagini della fantasia, em 2011, na Itália; e na Mostra Internacional de Sharjah, nos Emirados Árabes, em 2013. Participou ainda de mostras coletivas no Recife, em Olinda, Salvador e Buenos Aires. Tem mais de 20 títulos publicados ao longo da carreira, com traduções no México, Estados Unidos, Canadá e Portugal.
Livro Capitão Barbante, de autoria partilhada com Henrique de Almeida Barbosa ganhou o Prêmio Alfredo Fernandes de Literatura Infantil (Manaus, 2014). Imagem: Divulgação
Anabella faz parte da geração de autores/ilustradores que se utilizam de técnicas manuais e digitais para expandir possibilidades e criar diálogos com os leitores. “Quando se produz imagens mudando a técnica ou linguagem, isso ajuda a produzir conteúdos diferentes. Cada técnica possui um tom de voz diferente, que o autor pode combinar ou não para contar uma determinada história”, explica. Se é flexível no seu processo criativo, um fator caro à artista portenha e recorrente em seu trabalho é a valorização do lúdico. “Brinco, quando converso, quando dou aulas, brinco para conseguir uma imagem… A possibilidade de brincar é o que nos permite ascender a outros mundos.” Ela rechaça, inclusive, ideias associadas à seriedade e metodologia profissional. “Se você diz, por exemplo, que fez uma ilustração em 15 minutos e outra em três dias, todo mundo vai achar que a que demorou mais é melhor. Atribui-se muito valor ao tempo e ao esforço, mas, no universo da arte, a lógica é outra”, defende.
Em De parcerias e trapaças, Maria Inez do Espírito Santo reconta histórias de povos indígenas sobre animais da floresta. Imagem: Divulgação
A maioria das ilustrações de Anabella possui cores vibrantes e saturadas, característica que ela acredita ser mais brasileira que argentina. “Na Argentina, a paleta tende a ser mais monocromática, com tons mais neutros e cinza”, observa. Sobre as semelhanças entre os países, a artista aponta o elogio das raízes culturais nas obras infantojuvenis. Segundo ela, outro ponto que aproxima as nações é o entendimento de que, em um livro ilustrado, a autoria é compartilhada. A despeito das variações que ocorrem, a depender da editora e das partes envolvidas no processo, a coautoria é mais um sintoma da mudança da perspectiva que dá peso maior à palavra sobre a imagem. “Todo ilustrador é também autor. Palavras e imagens contam juntas uma história.” No caso de A força da palmeira (Pallas Mini, 2014), livro pelo qual ganhou o Prêmio Jabuti 2015 na categoria Ilustração de Livro Infantil ou Juvenil, Anabella adaptou o enredo de um conto oral africano, ilustrou, diagramou e criou o projeto gráfico.
Com texto de Naná Martins, Iyá Agbá adapta para o universo infantil as tradições do candomblé. Imagem: Divulgação
Para 2016, a ilustradora planeja lançar duas obras de autoria integral: Barbazul, uma adaptação do clássico infantil de Charles Perrault, já publicado na Argentina; e Um coelho, ambos pela Aletria Editora. Ela está também trabalhando em um livro-imagem, que dispensa a linguagem verbal e eleva à máxima potência a materialidade do livro e suas técnicas de feitura. Adepta de um procedimento criativo pessoal e sensível, Anabella acredita que “o artista demora uma vida para criar imagens, pois elas são produto de todas as experiências que ele já teve”.
MARINA MOURA, estudante de Jornalismo e estagiária da Continente.