Os moradores de rua, no Recife, sentem-se seguros dormindo nos lugares públicos iluminados, barulhentos, com buzinas de carro e sons de escape. Evitam os becos silenciosos e reservados, pois representam um risco de sofrerem violência. Será que o avanço da criminalidade e das drogas no Agreste fez as pessoas do campo temerem os lugares ermos? Ou o silêncio tornou-se uma ameaça, uma quase violência? Talvez nossa sociedade tenha evoluído para um estágio de sobrevivência em meio ao ruído e à claridade. Estou fora. Embarco na primeira nave com destino a Marte.
RONALDO CORREIA DE BRITO, escritor.